sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Notícias

MAIS MÉDICOS ABRE DEBATE SOBRE RACISMO E XENOFOBIA

“Não tem como, no Brasil, pessoas brancas se dirigirem a pessoas negras chamando-as de escravas e isso não conotar racismo. Ainda mais quando se questiona o papel social dos negros, que não poderiam ocupar lugar social”.

A forma como médicos e media brasileiros reagiram à entrada de médicos cubanos no país é vista como xenófoba e racista por vários sectores da sociedade brasileira. O tratamento de estrangeiros, como cubanos, argentinos e portugueses, reabriu o debate sobre como o país olha para as diferenças raciais.
No dia 24 de Agosto, um grupo de médicos vindos de Cuba foi recebido no aeroporto com palavras hostis, dirigidas por um grupo de colegas de profissão brasileiros. Segundo os relatos em vários meios de comunicação
brasileiros, entre os protestos ouviu-se gritar “escravos”, “incompetentes” e “voltem para a senzala”. Os cubanos chegavam ao Brasil ao abrigo do programa Mais Médicos, uma iniciativa que visa colmatar a grande falta de
profissionais no Sistema Único de Saúde, o serviço público de saúde brasileiro. Este programa é mal visto pela classe médica no Brasil, que entre outras acusações diz que estes profissionais vão exercer a actividade
ilegalmente e não querem assumir a responsabilidade pelos erros dos médicos estrangeiros. Este clima levou a que os médicos portugueses que começaram a chegar ao Brasil também no dia 24 de Agosto passassem a ser
recebidos com escolta militar nos aeroportos.
Poucos dias depois, a jornalista brasileira Micheline Borges decidiu utilizar o Facebook para expressar a sua opinião sobre o assunto: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma cara de
empregada doméstica”, escreveu, acrescentando que “médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência”.
O clima gerado tem levantado questões sobre as motivações de quem protesta. Os médicos argumentam que os estrangeiros não têm formação correcta, insurgem-se contra a ausência de um exame e dizem que os
estrangeiros, neste caso não os portugueses, não iriam perceber a língua. A Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina chegaram a interpor acções judiciais para suspender o programa, mas sem
sucesso. A 26 de Junho, estas entidades chegaram a divulgar uma nota que afirma que os médicos estrangeiros são “profissionais mal formados e desqualificados”. Nas próximas semanas o país irá continuar a receber os
restantes médicos estrangeiros.
Deisy Ventura, professora de direito internacional na Universidade de São Paulo, vê nestas declarações “um movimento político organizado por algumas importantes associações médicas que procura denegrir a imagem dos
médicos estrangeiros e gerar desconfiança da população”. Em entrevista ao site Pambazuka News, a académica aponta outros motivos e cita uma nota divulgada pelo Fórum Social pelos Direitos Humanos e Integração dos
Migrantes, que vê esta reacção à chegada de médicos cubanos “a ideia, por parte dos médicos brasileiros, de que “eles” vêm roubar os “nossos empregos”.
Uma atitude defensiva mas pouco compreensível para muitos, como é o caso de Luís Soares, colunista do site Pragmatismo Político, que denota que estes médicos vêm preencher vagas em locais onde não há médicos e cita
um decreto do governo que limita a actuação dos profissionais estrangeiros às zonas abrangidas pelo programa Mais Médicos, o que vê como “mais um sinal de que nenhum médico brasileiro terá o seu emprego “roubado por
cubanos, espanhóis, argentinos ou portugueses”. O governo também divulgou, na passada quarta-feira, dia 11, o número de adesão de médicos brasileiros ao programa Mais Médicos, que na altura se situava em 511 médicos,
menos de metade dos 1.096 que se haviam candidatado à iniciativa.
No entanto, a veemência dos protestos e os termos utilizados acabaram por centrar a discussão em torno do racismo e da xenofobia. “Não tem como, no Brasil, pessoas brancas se dirigirem a pessoas negras chamando-as
de escravas e isso não conotar racismo. Ainda mais quando se questiona o papel social dos negros, que não poderiam ocupar lugar social”, afirmou a Ministra das políticas de promoção da igualdade racial, Luiza Barros, na
TV Brasil.
No site Pambazuka.org, os académicos e activistas contra o racismo Marcio André dos Santos, Sheila Dias e Pablo Mattos assinam um artigo em que referem que este caso representa uma visão racista que ainda está
enraizada na sociedade brasileira: “Médicos pertencentes a outros grupos raciais, especialmente negros, são vistos com estranheza, desdém e preconceito, já que destoariam da representação hegemônica da brancura que
o imaginário racista associa aos médicos. Os médicos cubanos negros e, por tabela, todos os outros médicos negros de qualquer lugar do mundo não caberiam no enquadramento racialmente limitado e, claro, racista, das elites médicas brasileiras”.
As caixas de comentários de sites informativos e nas redes sociais enchem-se de reacções que acusam a classe médica brasileira de racismo, as posições extrema-se e o discurso aquece com declarações com a do presidente
do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares, que disse que vai orientar os médicos a “não socorrerem erros dos colegas cubanos”. O ministro da saúde, Alexandre Padilha, já veio dizer que
“Negar socorro e atendimento, não se sustenta em nenhum código de ética médica. Não acredito que os médicos de Minas Gerais seguirão tal recomendação”, através da sua conta no Twitter.
Jorge Simões
(LusoMonitor – 16/09/2013)

Filmes, livros e vídeos


FILMES SOBRE IMIGRAÇÃO


Harvest of Empire

PETER GETZELS, EDUARDO LOPEZ
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 90'
Estados Unidos - 2012

O fluxo de imigrantes latino-americanos para os EUA não é um fenômeno isolado recente. Confrontando a situação atual com fatos históricos, o documentário rompe com a visão unilateral sobre o fenômeno, que tem suas origens em ações expansionistas do governo norte-americano de décadas atrás, seja controlando diretamente países como Cuba e Porto Rico ou impondo governos militares em El Salvador, Guatemala e Nicarágua. Um retrato poderoso dos enormes sacrifícios e triunfos destes milhões de imigrantes que vêm transformando a paisagem cultural dos EUA. Baseado no livro de Juan Gonzalez.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/harvest-of-empire


Acesso à zona de risco
Access to the Danger Zone

PETER CASAER, EDDIE GREGOOR
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 70'
Bélgica / Somália / Quênia / Congo / Afeganistão - 2012

A atuação de ONGs como os Médicos Sem Fronteiras e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em zonas de guerra na Somália, no Afeganistão e no Congo é uma operação delicada que exige bravura de seus voluntários. Apesar de neutras, essas organizações de ajuda humanitária são muitas vezes confundidas com forças militares e se tornam alvos deliberados nos conflitos. Sob fogo cruzado e em meio aos interesses dos diferentes lados da guerra, essas equipes se tornam tão reféns quanto as populações que procuram ajudar. Narrado pelo ator Daniel Day-Lewis.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/access-to-the-danger-zone


Deus ama Uganda
God Loves Uganda

ROGER ROSS WILLIAMS
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 83'
Estados Unidos - 2013

Entre cruzes e sermões, a perseguição a homossexuais por grupos cristãos fundamentalistas vem se tornando gradualmente uma das mais importantes bandeiras de Uganda, resultando na recente proposta apresentada no parlamento do país de criminalização de homossexuais. Longe de ser um fenômeno local, essa intolerância é potencializada pelas missões evangelizadoras da International House of Prayer, uma enorme organização americana que escolheu Uganda como porta de entrada para espalhar sua doutrina no continente. O marco zero de uma batalha pela alma de um continente. Sundance 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/god-loves-uganda


Filhos do Vento
Les fils du vent

BRUNO LE JEAN
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 96'
França - 2012

O gypsy jazz, ou jazz cigano, é um gênero surgido na França nos anos 1930 e imortalizado pelo guitarrista Django Reinhardt. Na França de hoje, quatro guitarristas dedicam suas vidas a perpetuar o gênero. Ciganos, alguns deles ainda são adeptos do estilo de vida nômade, movendo-se em suas caravanas de cidade em cidade se apresentando. Suas técnicas e seu amor pela música foram transmitidos através de décadas de tradição oral. No entanto, eventualmente eles também precisam lidar com as dificuldades e os preconceitos enfrentados ainda hoje pelos povos ciganos na Europa.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/les-fils-du-vent


Nós mulheres guerreiras
We Women Warriors

NICOLE KARSIN
Documentário/Documentary
Cor e P&B/Color and B&W digital 82'
Estados Unidos / Colômbia - 2012

Na Colômbia, os conflitos armados entre guerrilheiros, grupos paramilitares e o exército colombiano ameaçam extinguir diversas etnias indígenas no interior do país. Em risco, três mulheres de diferentes grupos indígenas se mobilizam para tentar salvar suas comunidades. Em partes distintas do país, Doris e Flor usam suas lideranças para proteger seus familiares, amigos e conhecidos na linha de fogo dos conflitos. Já Ludis é uma jovem mãe que teve o marido assassinado e foi presa injustamente e, agora, coordena um coletivo de tecelagem com outras mulheres vítimas da violência em sua região.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/we-women-warriors


Nos braços de minha mãe
In My Mother’s Arms

MOHAMED AL-DARADJI, ATIA AL-DARADJI
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 85'
Reino Unido / Holanda / Iraque - 2011

Estima-se que existam hoje 800 mil crianças órfãs no Iraque, vítimas das guerras e ocupações que devastaram o país nos últimos anos. Em Al-Sadr City, um dos bairros mais violentos de Bagdá, Husham abriga 32 crianças em pequeno um orfanato com apenas dois quartos. Os fundos e doações são escassos, e a situação piora quando o proprietário exige que o local seja devolvido em duas semanas. Enquanto lida com os dramas pessoais de cada uma das crianças, Husham vai às ruas em busca de uma solução. Festival de Toronto 2011.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/in-my-mother-s-arms


Setenta
Setenta

EMILIA SILVEIRA
Documentário/Documentary
digital 96'
Brasil - 2013

Na década de 70 no Brasil, em pleno regime militar, um grupo de 70 presos políticos de diferentes organizações é enviado ao Chile em troca da libertação do embaixador suíço. O documentário Setenta reencontra esses personagens 40 anos depois do banimento. Quem são eles? Como eles veem o passado? Que sonhos têm para o futuro? Como sobreviveram e como vivem?

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/setenta


A Doença do Sono
Schlafkrankheit

ULRICH KÖHLER
Ficção/Fiction
Cor/Color 35mm 91'
Alemanha / França / Holanda - 2011

Ebbo e Vera passaram a maior parte dos últimos 20 anos em diferentes países da África. Ebbo é gerente em um programa de tratamento da doença do sono. Vera sente-se cada vez mais perdida em uma comunidade de expatriados na capital de Camarões. Ela não consegue aguentar a separação de sua filha, que foi estudar na Alemanha. Ebbo precisa então desistir de sua vida na África, ou acabará perdendo sua esposa. Anos depois, Alex, jovem de origem congolesa, viaja a Camarões. Em vez de encontrar novas perspectivas, acaba encontrando Ebbo, um homem perdido e destrutivo. Melhor direção de Berlim 2011.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/schlafkrankheit


Alì tem olhos azuis
Alì ha gli occhi azzurri

CLAUDIO GIOVANNESI
Ficção/Fiction
Cor/Color digital 99'
Itália - 2012

Nader é um adolescente de origem egípcia. Nascido e criado em Roma, o jovem vê pouco sentido nas tradições que sua família insiste em conservar. Os conflitos em casa se agravam quando os pais desaprovam seu relacionamento com a italiana Brigitte. Apaixonado e decidido a viver este amor, Nader deixa a casa onde cresceu para viver nas ruas frias de Roma. Enquanto comete pequenos delitos ao lado de seu amigo Stefano, ele tentará recuperar sua própria identidade. Prêmio Especial do Júri no Festival de Roma 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/ali-ha-gli-occhi-azzurri


Belém
Bethlehem

YUVAL ADLER
Cor/Color DCP 100'
Israel - 2013

Sanfur é um adolescente da cidade de Belém, na Cisjordânia, que serve como informante do Shin Bet e desenvolve uma relação próxima e especial com seu agente de Israel, Razi. A partir desse improvável vínculo, Sanfur vive uma vida dupla, tentando conciliar as exigências de Razi e a lealdade ao seu irmão, um militante palestino – quando um atentado suicida em Jerusalém coloca a sua relação com os dois à prova. O filme é coescrito pelo jornalista Ali Waked e é baseado em suas experiências como correspondente na Cisjordânia. Vencedor do prêmio Fedeora no Festival de Veneza 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/bethlehem


Boteco
Boteco

IVAN DIAS
Documentário/Documentary
Cor/Color DCP 74'
Brasil / Portugal - 2012

Boteco ou botequim são termos oriundos do português de Portugal “Botica”. No Brasil, o boteco ficou conhecido como um lugar onde se procura bebida e uma boa conversa, principais razões de sua existência. Estes espaços, que acumulam anos de história, servem como ponto de partida para se contar a história da imigração portuguesa no Brasil através de um passeio pelos mais tradicionais botequins cariocas. Escrito pelo português Ivan Dias e pelo músico brasileiro Henrique Cazes, Boteco é uma coleção de casos e episódios de um Portugal desaparecido e de um Brasil que o acolheu.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/boteco


May e o Verão
May in the Summer

CHERIEN DABIS
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 99'
Jordânia / Qatar / Estados Unidos - 2013

May, uma americana descendente de jordanos, é autora de um livro de sucesso e vive uma rotina refinada em Nova York. Em meio aos preparativos para seu casamento, a jovem parte para aproveitar um verão em família na Jordânia. Ao se deparar com a resistência de seus familiares em aceitar sua união e vivenciar o processo de divórcio de seus pais, May irá rever sua própria vida. Ao se apropriar do humor e de uma profunda afeição por seus personagens, a diretora, autora e protagonista Cherien Dabis conduz com leveza uma narrativa de forte senso de identidade cultural. Sundance 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/may-in-the-summer


Meio Sol Amarelo
Half of a Yellow Sun

BIYI BANDELE
Ficção/Fiction
Cor e P&B/Color and B&W DCP 106'
Nigéria / Reino Unido - 2013

Olanna e Kainene são irmãs gêmeas de uma rica família nigeriana. Ao concluírem seus estudos na Inglaterra, as duas retornam ao seu país natal e fazem escolhas de vida muito diferentes. Olanna entra em conflito com sua família quando vai viver ao lado de seu amante, o revolucionário Odenigbo; enquanto Kainene se torna uma bem-sucedida empresária e se apaixona por Richard, um escritor inglês. Suas ambições, no entanto, são postas à prova pelos acontecimentos da guerra civil nigeriana. Inspirado no best-seller de Chimamanda Ngozi Adichie. Festival de Toronto 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/half-of-a-yellow-sun


Minha doce Pepper Land
My Sweet Pepper Land

HINER SALEEM
Ficção/Fiction
Cor/Color digital 100'
França / Alemanha / Curdistão - 2013

Após a queda de Saddam Hussein, Baran, um herói de guerra da independência do Curdistão, pensa em abandonar seu trabalho na polícia. Ele acaba aceitando uma posição em uma cidade distante na fronteira entre o Irã, o Iraque e a Turquia – uma verdadeira meca de contrabando e ilegalidade. Lá chegando, Baran conhece Govend, uma bela e jovem mulher que chegou lá para lecionar na escola local recém-aberta, apesar dos 12 irmãos que se opõem radicalmente à ideia. Produzido por Robert Guédiguian, diretor de filmes como As neves do Kilimanjaro. Mostra Um Certo Olhar de Cannes 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/my-sweet-pepper-land


Rock the Casbah
Rock ba'Kasba

YARIV HOROWITZ
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 93'
Israel / França - 2012

Em 1989, durante a Primeira Intifada, um grupo de soldados israelenses é enviado a Gaza para monitorar a população árabe. Durante uma patrulha de rotina, um dos soldados é morto, atingido por uma máquina de lavar roupas atirada pela janela de um prédio. Quatro jovens soldados são então escalados para tentar encontrar os culpados pela morte. Eles se instalam no terraço de uma família palestina, de onde observam toda a movimentação da vizinhança e tentam encontrar seus lugares em meio ao caos que os cerca. Exibido na mostra Panorama do Festival de Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/rock-ba-kasba


Um Fim do Mundo
Um Fim do Mundo

PEDRO PINHO
Ficção/Fiction
P&B/B&W DCP 62'
Portugal - 2013

Retrato do cotidiano de um grupo de jovens que vive em um conjunto habitacional recém-construído nos arredores de Lisboa. Para eles, não há opção: a escola é uma piada e não há oferta de trabalho. Só resta tentarem se divertir enquanto esperam pelo verão. Alheios ao tempo, suas conversas, sussurros e olhares oscilam entre o mundo infantil que abandonam e um mundo adulto a se explorar. Através de conversas coloquiais, o filme constrói um retrato sólido de uma geração e de uma classe social, enquanto nos revela um crime não resolvido. Tudo em apenas um dia com um só fim. Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/um-fim-do-mundo


Yema
Yema

DJAMILA SAHRAOUI
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 90'
Argelia / França - 2012

Em uma pequena casa abandonada na área rural da Argélia vive Ouardia, uma mulher sofrida que se ocupa de enterrar seu filho Tarik, assassinado por radicais. Ela suspeita que seu outro filho, Ali, líder de um grupo armado islâmico, esteja envolvido de alguma forma na morte do irmão, uma vez que um de seus capangas é enviado até o local para observá-la. Abalada pela dor da perda e revoltada com o comportamento do filho, Ouardia tenta refazer sua vida apesar da violência que cerca seu mundo. Mas o que fazer quando seus próprios filhos estão se matando? Festival de Veneza 2012.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/yema


A Batalha de Tabatô
A Batalha de Tabatô

JOÃO VIANA
Ficção/Fiction
Cor e P&B/Color and B&W DCP 78'
Guiné-Bissau / Portugal - 2013


Em Tabatô, 4.500 anos atrás, inventaram a agricultura; há 2.000 anos, a justiça; e há mil anos, as bases do reggae e do jazz. Baio volta a Guiné-Bissau após 30 anos de exílio em Portugal. Lá, reencontrará sua filha Faju, que divide seu tempo entre aulas de história na universidade e os preparativos de seu casamento. A cerimônia acontecerá em Tabatô, uma mítica aldeia habitada exclusivamente por músicos. Com a ajuda de tambores e marimbas, Baio tentará exorcizar as lembranças da guerra de independência que ainda o atormentam. Menção honrosa no Festival de Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/a-batalha-de-tabato


Layla Fourie
Layla Fourie

PIA MARAIS
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 105'
Alemanha / África do Sul / França / Holanda -2013

Layla Fourie, sul-africana e negra, vive em Joanesburgo, onde cria sozinha seu pequeno filho pequeno Kane. Na esperança de uma vida melhor para seu filho, ela aceita um emprego que a obriga a viver em um distante resort e cassino. Dirigindo de noite, porém, ela acidentalmente atropela um homem branco. Com medo das consequências, ela decide omitir o acidente. O episódio dá início a uma rede de intrigas e mentiras que colocará à prova a relação entre mãe e filho, em especial quando entra em cena o filho da vítima. Menção especial do júri no Festival de Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/layla-fourie


Nemez
Nemez

STANISLAV GÜNTNER
Ficção/Fiction
Cor/Color digital 94'
Alemanha - 2012

Para os russos, Dima é alemão; para os alemães, russo. Nemez (“o alemão” em russo) é como Dima é chamado por seu patrão, o ladrão de arte Georgij. Recém-liberto de um centro de detenção juvenil, Dima quer começar uma vida nova em Berlim, mas Georgij não larga do seu pé – e seu pai, que não se sente em casa na Alemanha, quer voltar para a Rússia com a família. Como se não bastasse, o passado de Dima ainda o atormenta. Mas um aspecto de sua vida o mantém firme e esperançoso: seu amor pela estudante de arte Nadja. Suas conexões com o crime, porém, serão desastrosas para ambos.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/nemez


Os Mortos e os Vivos
Die Lebenden

BARBARA ALBERT
Ficção/Fiction
Cor e P&B/Color and B&W DCP 100'
Alemanha / Polônia / Áustria - 2013

A bela Sita é uma jovem curiosa, cheia de energia e sempre em busca de respostas. Ela inicia uma jornada de descobertas ao investigar o passado negro de sua família durante a Segunda Guerra Mundial. As revelações a levarão a cruzar a fronteira da nova com a velha Europa, de Berlim até Viena, Varsóvia e, por fim, a Romênia. Ao se desfazer de sua antiga concepção de terra natal, Sita mergulha numa aventura de autodescoberta, que redefinirá sua identidade, suas responsabilidades e esperanças. Ela testemunha também o abismo da moderna sociedade europeia. Festival de Roterdã 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/die-lebenden


Ouro
Gold

THOMAS ARSLAN
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 113'
Alemanha - 2013

Canadá, verão do ano de 1898. Durante uma das muitas corridas do ouro, a impetuosa Emily Meyer se junta a seis imigrantes alemães que, na intenção de vencer no Novo Mundo, enfrentarão uma longa e difícil jornada até Dawson City, destino final do grupo. Cheios de confiança, os sete aventureiros se embrenham no cenário gelado e inóspito de uma terra pouco explorada. No entanto, os mapas se revelam pouco confiáveis, as provisões se tornam um peso a ser carregado e os cavalos não aguentam continuar a trilha. A fadiga e a incerteza provocam conflitos no grupo. Festival de Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/gold


Saída Marrakech
Exit Marrakech

CAROLINE LINK
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 123'
Alemanha / França - 2013

Ben é um jovem que viaja para visitar o pai, Heinrich, no Marrocos. Consagrado diretor de teatro, Heinrich está participando de um festival internacional e se hospeda num hotel de luxo. A relação de pai e filho, pouco acostumados a tamanha proximidade, se torna conflituosa, e Ben decide descobrir os mistérios do país. Nas ruas de Marrakech, ele conhece e se apaixona por Karima e decide fugir até a aldeia da jovem. Entre desertos, oásis e as Montanhas Atlas, Ben toma contato com uma sociedade arcaica, cujo maior valor é a honra da família. Da mesma diretora de Nenhum lugar na África.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/exit-marrakech


Stuart Hall e os Estudos Culturais
The Stuart Hall Project

JOHN AKOMFRAH
Documentário/Documentary
Cor e P&B/Color and B&W digital 100'
Reino Unido - 2012

A identidade cultural de uma pessoa é fluida e não depende apenas de suas raízes geográficas. Essa é uma das principais contribuições do sociólogo Stuart Hall, pensador britânico colocado pelos seus pares no mesmo nível de Noam Chomsky e Gore Vidal. Utilizando imagens de arquivo das participações de Hall na televisão e rádio, este ensaio documental faz um amplo retrato de sua vida e de seu pensamento e ativismo filosófico. A trilha sonora com composições de Miles Davis, músico admirado por hall, serve como porta de entrada para se deliciar vagarosamente com o documentário. Sundance 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/the-stuart-hall-project


Refugiados do aquecimento global
Climate Refugees

MICHAEL P. NASH
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 95'
Estados Unidos - 2010

O documentário revela a inacreditável situação de comunidades ao redor do planeta vítimas de desastres e mudanças ambientais. O aquecimento global, tema central da sociedade contemporânea, deixa refugiados, vítimas de superpopulação, falta de recursos e mudanças climáticas. O diretor Michael Nash viajou o mundo e entrevistou vários dos 25 milhões de refugiados do aquecimento global. O filme conta ainda com depoimentos de acadêmicos, estudiosos e políticos sobre um tema que está se tornando um dos maiores desafios da humanidade. Seleção oficial do Sundance Film Festival 2010.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/climate-refugees


Um Lixão em Hebron
Good Garbage

ADA USHPIZ, SHOSH SHLAM
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 91'
Israel - 2012

O lixão do Monte Hebrom recebe os restos das colônias israelenses, mas é também a única fonte de vida para 200 famílias palestinas que circundam a vila de Yatta. Histórias de adolescentes como Harum e Ibrahim, ou dos adultos Yusuf e Badawi, expõem a luta pela sobrevivência diária e a massacrante realidade da ocupação. Uma luta violenta que acompanha outros dramas mostrados no filme, como o de uma mulher que não consegue se reencontrar com a família na Jordânia, o do filho que vendeu suas terras aos judeus ou o dos pais que anseiam que os filhos saiam do lixão.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/good-garbage


A Fraternidade Negra
Die schwarzen Brüder

XAVIER KOLLER
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 100'
Alemanha / Suíça - 2013

Na Suíça do século XIX, Giorgio, 14 anos, assim como outros jovens oriundos de famílias muito pobres, é vendido para um traficante e torna-se escravo limpando chaminés na Itália. Durante a viagem, na travessia da fronteira, muitos morrem afogados. Já em Milão, Giorgio consegue contato com outros meninos pelos telhados da cidade. Perseguidos pelos Wolves, uma gangue de jovens milaneses, os jovens suíços fundam a Fraternidade Negra, uma sociedade secreta na qual encontram apoio e solidariedade. Com essa união, conseguem recuperar a liberdade e acabam por punir o traficante.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/die-schwarzen-brueder


Duo
Dvojina

NEJC GAZVODA
Ficção/Fiction
Cor/Color digital 102'
Eslovênia / Croácia / Dinamarca - 2013

Por causa do mau tempo, um avião vindo da Dinamarca rumo à Grécia aterrissa no aeroporto de Liubliana, na Eslovênia. Iben, uma bela dinamarquesa de 25 anos, está entre os passageiros que são levados para um hotel por Tina. E é assim que elas se conhecem, para logo descobrirem que precisam uma da outra. Elas se aproximam em momentos muito diferentes de vida: uma guarda um grande segredo e a outra está simplesmente procurando seu lugar no mundo. Karlovy Vary 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/dvojina


Chegará o dia
Un Giorno Devi Andare

GIORGIO DIRITTI
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 111'
Itália / França - 2012

Enfrentando uma crise pessoal, Augusta, uma jovem italiana, viaja para longe de casa em busca de um significado para sua vida. Fiel à sua formação católica, decide acompanhar uma freira que ministra em aldeias indígenas brasileiras ao longo do rio Amazonas. Aos poucos, desiludida com a natureza hierárquica do trabalho, Augusta opta por ficar no porto da cidade de Manaus, onde se junta a uma a família de uma favela da região. Ao enfrentar uma tragédia, ela embarca em uma jornada ousada de autoconhecimento, em isolamento absoluto, na qual pode finalmente se encontrar. Sundance 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/un-giorno-devi-andare


Geografia Humana
Geographie Humaine

CLAIRE SIMON
Documentário/Documentary
Cor/Color DCP 101'
França - 2013

Um retrato documental da Gare du Nord, maior estação de trem da França, no coração de Paris. Inúmeras pessoas passam por lá diariamente vindas de subúrbios da cidade, províncias do país ou do estrangeiro. A diretora passeia pela Gare du Nord na companhia de Simon Merabet, um amigo de origem argelina. De repente, a multidão de viajantes ganha vida através de histórias que se cruzam. Ao passar por tudo isso, Merabet se recorda que é filho de imigrantes. O filme foi feito em paralelo com a ficção Gare du Nord, também em exibição nessa edição do Festival do Rio. Locarno 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/geographie-humaine


O Imigrante
The Immigrant

JAMES GRAY
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 119'
Estados Unidos - 2013

Em busca de um novo começo em meio ao sonho americano, Ewa Cybulski e sua irmã Magda partem da sua Polônia natal para Nova York no ano de 1921. Ao chegarem em Ellis Island, os médicos descobrem que Magda está doente, e as duas mulheres são separadas. Liberada, Ewa vaga pelas ruas de Manhattan enquanto sua irmã permanece em quarentena. Sozinha e desamparada, Ewa cai rapidamente nas presas de Bruno, um homem encantador, mas perverso, que tenta forçá-la a se prostituir. Do diretor de Amantes e Os donos da noite, esta é a quarta parceria entre Gray e Joaquim Phoenix. Competição, Cannes 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/the-immigrant


Sozinha
Gu du

WANG BING
Documentário/Documentary
Cor/Color DCP 89'
França / Hong Kong - 2012

As pequenas irmãs Ying, Zhen e Fen vivem sozinhas em Yunan, região muito pobre na China. A mãe as abandonou e o pai trabalha a alguns quilômetros de distância. Sem nenhuma figura materna por perto, elas não frequentam a escola e passam seus dias trabalhando no campo ou passeando pelo vilarejo. Gradualmente, Ying, a irmã mais velha de apenas 10 anos, passa a assumir o lugar da mãe e a responsabilidade pelas irmãs. Um dia, preocupado com o futuro das filhas, o pai decide levar Zhen e Fen para a cidade, enquanto Ying viveria sob os cuidados do avô. Festival de Roterdã 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/gu-du


Um Episódio na Vida de Um Catador de Ferro-Velho
Epizoda u zivotu beraca zeljeza

DANIS TANOVIC
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 75'
Bósnia-Herzegovina / França / Eslovênia / Itália - 2013

Os Mujić, uma família cigana, vivem na periferia dos centros urbanos da Bósnia e Herzegovina. O pai Nazif vive de catar metais de carros velhos. A mãe Senada cuida da casa e de suas duas filhas. Um dia, ela sente uma dor aguda no abdômen. Na clínica, lhe dizem que o bebê que está esperando está morto. Ela deve ser operada imediatamente. Mas Senada não tem seguro médico e a operação vai custar muito caro. O diretor Danis Tanović (Terra de ninguém) propõe aos Mujić que reinterpretassem um episódio real de suas próprias vidas. Melhor ator e grande prêmio do júri de Berlim 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/epizoda-u-zivotu-beraca-zeljeza


Minutos Atrás
Minutos Atrás

CAIO SÓH
Ficção/Fiction
DCP 100'
Brasil - 2013

Alonso e Nildo seguem em uma estrada. A cada passo o tempo passa, nada acontece e eles não sabem onde chegarão. Eles estão em sua carroça, guiada pelo cavalo Ruminante. Correm contra o tempo, em seus últimos dias de vida. Alonso possui o dom das palavras e Nildo se encanta com um universo de possibilidades. Mas assim como as palavras e as ideias o seduzem, também o cansam. Durante o caminho, eles então começam a refletir sobre a vida, os caminhos que escolheram, seus arrependimentos e sonhos interrompidos. Percebem que a saudade que sentiam do passado de nada adiantou para guiar o futuro.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/minutos-atras


Serra Pelada, A Lenda da Montanha de Ouro
Serra Pelada, A Lenda da Montanha de Ouro

VICTOR LOPES
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 97'
Brasil - 2013

Na década de 80, no coração da floresta amazônica, 115 mil homens garimparam 100 toneladas de ouro, carregando nas costas uma montanha de 150 metros de altura. Hoje, Serra Pelada se transformou num lago de 150 metros de profundidade, cercado por miséria, disputas e lendas. A aventura da maior corrida do ouro do século XX, e a segunda maior concentração de trabalho humano depois das pirâmides do Egito, é uma história que não acabou de ser contada. E, embaixo de tudo, tem uma laje de ouro.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/serra-pelada-a-lenda-da-montanha-de-ouro


O Rio nos pertence
O Rio nos pertence

RICARDO PRETTI
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 75'
Brasil - 2013

Depois de receber um estranho cartão-postal, Marina, uma jovem de 30 anos, decide voltar ao Rio de Janeiro, sua cidade natal, depois de uma ausência de 10 anos. Marina não sabe exatamente por que voltou: busca respostas para acontecimentos estranhos, mas tudo aparenta ser cada vez mais confuso. O Rio de Janeiro parece estar sob um misterioso feitiço. O filme faz parte da Operação Sonia Silk, série de três filmes de longa-metragem produzidos de forma cooperativa, com mesmo elenco e equipe, coproduzidos pelo Canal Brasil e Teleimage. Festival de Roterdã 2013.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/o-rio-nos-pertence


Rio Cigano
Rio Cigano

JULIA ZAKIA
Ficção/Fiction
Cor/Color DCP 80'
Brasil - 2013

A história da cumplicidade entre duas meninas ciganas, Kaia e Reka, violentamente separadas na infância e criadas em mundos distantes. Durante uma viagem, os ciganos se veem obrigados a atravessar a fazenda de um conde, de onde são expulsos. Em meio à fuga, uma das meninas se perde e é raptada pelo fazendeiro. Ela é criada no casarão da fazenda como servente da condessa e, absorvida pelo trabalho, cresce agarrada às poucas lembranças da vida cigana. Kaia, por sua vez, é criada pela própria família até deixar o acampamento e partir sozinha em busca de Reka.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/rio-cigano


Tão longe é aqui
Tão longe é aqui

ELIZA CAPAI
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 76'
Brasil - 2013

A partir de memórias guardadas de uma longa viagem, uma carta é enviada para o futuro. Sozinha, longe de casa e às vésperas de completar 30 anos, uma brasileira parte em uma jornada pela África. Na carta para sua filha, ela conta dos encontros com mulheres que vivem em suas culturas e tempos. Um diário, um road movie e um convite a todas as pessoas que lideram seus próprios caminhos.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/tao-longe-e-aqui


Retrato de uma bêbada. Caminho sem volta
Bildnis einer Trinkerin - aller jamais retour

ULRIKE OTTINGER
Ficção/Fiction
Cor/Color 35mm 107'
Alemanha - 1979

Ela, uma mulher de rara beleza, comprou uma passagem apenas de ida para Berlim. Queria esquecer o seu passado, ou melhor, abandoná-lo como uma casa condenada. Queria concentrar todas as suas energias em uma única coisa, algo que pertencesse apenas a ela. Seguir seu próprio destino era, enfim, o seu único desejo. Berlim, uma cidade na qual ela era uma completa estranha, parecia o lugar ideal para saciar a sua paixão intacta. O momento era propício para colocar seus planos em ação. Seleção do Festival de Berlim e da Semana da Crítica do Festival de Cannes 1980.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/bildnis-einer-trinkerin-aller-jamais-retour

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Pesquisas

Migrantes desenvolvem táticas para sobreviver em São Paulo
 
 
Migrantes procuram redes de contato na cidade para se estabelecerem
Moradores de São Paulo que vieram de outros estados desenvolvem astúcias para conseguir se estabelecer na metrópole. Essas astúcias envolvem a busca por redes de contatos, como organizações não governamentais e associações locais e/ou religiosas, que orientam questões como a obtenção de vagas em creches, empregos, moradias para locação, assistência de saúde, entre outros. “Essas associações atuam onde o Estado está ausente” diz a psicóloga Luiza Fernandes Ferreira, autora de um estudo sobre o tema apresentado no Instituto de Psicologia (IP) da USP.
Para realizar a pesquisa, Luiza entrevistou cinco pessoas que vieram dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco. Atualmente, todos residem nos bairros da região da Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo. A migração, segundo Luiza, é um acontecimento que, mesmo que tenha relação com uma decisão individual, é fortemente influenciada pela condição social na qual a pessoa vivia ao optar por se mudar. O estudo teve a orientação da professora Leny Sato.
Astúcia
O conceito de astúcia empregado na dissertação de mestrado foi criado pelo francês Michel de Certeau. “Certeau fala sobre astúcias num sentido mais amplo e não só como algo típico das pessoas sem garantias financeiras e sociais.” Luiza define que essas táticas são utilizadas por pessoas em situações de desigualdade de poder ou de desigualdade política. “Nas táticas descritas, não há um lugar próprio para o planejamento das ações, sendo preciso ‘se virar’ no espaço que é do outro, tentando criar caminhos possíveis.”
Ela exemplifica: “Quando você é um trabalhador sem carteira assinada ou vive de bicos, você tem que criar táticas que não envolvem planejamento, não existem estratégias, você acaba ‘se virando’ com o mínimo que aparece, inventa formas para sobreviver”. A psicóloga também esclarece que astúcia não significa “esperteza” ou “malícia” mas sim corresponde às maneiras de fazer ou a táticas.
Segundo Luiza, os migrantes entrevistados, assim como a população brasileira em geral, não tem consciência de que têm direitos. “No Brasil é comum a visão do privilégio e de que você é destituído de direitos, ou seja, não tem direito a ter direitos. Se você não tem privilégios, você não é cidadão”, diz. As astúcias representam que há luta para se equilibrar nas situações difíceis, mas não existe a ideia de que essas pessoas, assim como qualquer outra, em qualquer situação social, podem ser os autores das suas revindicações e atuar nas mudanças sociais que os envolvem.
Narrativas
As entrevistas eram estruturadas de forma a manter os participantes à vontade. “Fiz um roteiro com os pontos que queria seguir, mas não trabalhei com um questionário. Pedia para que eles [entrevistados] contassem sua história e ia abordando alguns tópicos”, conta. O roteiro continha perguntas sobre o processo de migração, motivos, datas, o estabelecimento em São Paulo, entre outras.
Para encontrar os participantes, Luiza acionou conhecidos. “Comecei procurando um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), mas não pude fazer a pesquisa lá. Então, uma conhecida indicou um ‘guarda de rua’ que era um migrante”, conta. “Por meio desse contato, encontrei os outros entrevistados”.
Ao escrever sobre os migrantes entrevistados, a psicóloga procurou fazer com uma estética narrativa e assim tratar de seus relatos como histórias. Para auxiliar nessa composição, usou recursos como músicas ou poesias para tornar o processo da escrita mais intimista e sensível. “A mágica das narrativas é trazer isso, cortar com o senso comum”, conta.
Essa construção levou Luiza a enxergar pontos comuns nos relatos dos participantes. Num levantamento das palavras e expressões mais reincidentes nos testemunhos, quando os migrantes se referiam à capital paulista, Luiza detectou “barraco” e “aluguel”, entre outras. “A mais simbólica é aluguel, porque a moradia própria dá uma maior segurança para a pessoa. Em moradias próprias, não precisa se preocupar com o aluguel todo mês e, consequentemente, com o medo de morar na rua. Assim, não precisa aceitar qualquer tipo de trabalho pela urgência do dinheiro”, finaliza.
Imagem: Marcos Santos/USP Imagens
Mais informações: e-mail luizaferreira@uol.com.br

Pesquisas

Representação de negros nos quadrinhos segue estereótipos
 
 
Estereótipos foram identificados também nos papéis desempenhados nas histórias
Existe estereotipização na forma como os negros são retratados nas histórias em quadrinhos (HQ) brasileiras. Segundo pesquisa realizada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o fato pode ser observado desde o século 19. O pesquisador e professor Nobuyoshi Chinen avaliou em seu estudo de doutorado histórias em quadrinhos publicadas no Brasil desde 1869, considerando como publicação inicial o título “Nhô Quim”, de Angelo Agostini, até publicações de 2011. “Historicamente, as representações seguiam um padrão comum e exagerado”, afirma. “Elas tendiam a homogeneizar o aspecto visual dos personagens”, diz Chinen.
Os estereótipos foram identificados não só nos aspectos visuais, mas também nos papéis desempenhados nas histórias, em comparação com os personagens brancos. “Invariavelmente [os negros] eram subalternos, intelectualmente limitados e socialmente desfavorecidos” conta. O pesquisador diz que a origem dessa forma de representar vem dos minstrels americanos, artistas brancos que, para se apresentar como negros, pintavam o rosto com tinta preta, entre outras caracterizações exageradas.
Chinen alega que percebeu ser impossível quantificar quantos personagens negros havia em todas as publicações brasileiras de quadrinhos, e que isso também não seria representativo. “Eu havia partido de uma premissa equivocada de que um produto de cultura de massa deveria refletir proporcionalmente a sociedade. Mas isso não ocorre necessariamente. Em termos proporcionais, certamente, há muito mais detetives nos quadrinhos do que na vida real” esclarece.
Chinen também procurou outros tipos de publicações para avaliar o papel dos negros nos quadrinhos. “Achei que devia dar um contexto mais amplo e me preocupei em incluir um breve histórico da iconografia do negro nas artes visuais, desde a primeira pintura a representar um negro no Brasil, em tela feita pelo holandês Frans Post, até as caricaturas e charges do Período Imperial.” Segundo o pesquisador, também foi difícil abranger toda a criação brasileira de HQ. “Não existe um acervo completo de tudo o que foi lançado em quadrinhos no país e as coleções que mais se aproximam disso pertencem a particulares, o que dificulta o acesso.”
Poucos personagens
Ainda assim, Chinen encontrou mais personagens negros do que inicialmente esperado. A representação, no entanto, não é, ainda, ideal. “Embora o panorama geral tenha mudado de uns tempos para cá, penso que ainda há poucos personagens negros nos quadrinhos brasileiros e menos ainda os que têm papel de protagonista” diz.
As HQ têm como algumas de suas bases a caricatura e o humor. Isso, em algumas vezes, se dá com o reforço de traços exagerados e com generalizações. Para Chinen,  “o perigo dos estereótipos é quando o público passa a achar que determinado tipo de figuração é normal, quando na verdade é ofensiva. É da natureza do humor construir situações que requerem uma dose de crueldade perpetrada sobre o outro e o limite entre o fazer rir e o humilhar é extremamente sutil”.
A representação equivocada de negros nas HQ, para o pesquisador, auxilia, como todo produto de comunicação em massa, a perpetuação de preconceitos. O professor acredita que trabalhos como o seu ajudam a debater o racismo presente nas representações do negro na sociedade. “A princípio eu tentei evitar uma abordagem que fugisse do âmbito das histórias em quadrinhos, mas no decorrer da pesquisa, compreendi que não dava para ignorar os aspectos sociopolíticos e a questão da identidade.”
Entre as HQ que Chinen destaca, estão séries criadas pelo cartunista Mauricio Pestana, sobre a participação negra em revoltas brasileiras, além dos personagens Luana, criada por Aroldo Macedo, e Aú, O Capoerista, criado por Flávio Luiz. A pesquisa, iniciada em 2008, inicialmente como um mestrado, foi orientada pelo professor Waldomiro de Castro Santos Vergueiro e encerrada em 2013. Chinen faz parte do Observatório de Quadrinhos da ECA.
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Mais informações: nobuchinen@usp.br

Notícias

Centro Acadêmico Guimarães Rosa
Nota de repúdio às declarações da Profª. Maristela Basso sobre a Bolívia

São Paulo, 31 de agosto de 2013

O Centro Acadêmico Guimarães Rosa (Relações Internacionais – USP) vem a público manifestar seu amplo repúdio e indignação em relação às declarações da Professora de Direito Internacional da USP, Maristela Basso, sobre a Bolívia e o povo boliviano. Comentarista política do telejornal da TV Cultura, a docente disse no programa do dia 29/8/2013:

“A Bolívia é insignificante em todas as perspectivas, (...) nós não temos nenhuma relação estratégica com a Bolívia, nós não temos nenhum interesse comercial com a Bolívia, os brasileiros não querem ir para a Bolívia, os bolivianos que vêm de lá e vêm tentando uma vida melhor aqui não contribuem para o desenvolvimento tecnológico, cultural, social, desenvolvimentista do Brasil.”

O fato de a Bolívia supostamente não ter relevância econômico-comercial para o Brasil e ser um país pobre não a torna menos merecedora de nosso mais profundo respeito. Da mesma forma, os imigrantes bolivianos que vêm ao Brasil “tentar uma vida melhor” e que de maneira geral sofrem com as intempéries do trabalho precário e da subcidadania merecem no mínimo a nossa solidariedade.

Respeito e solidariedade foram conceitos que passaram longe da declaração professora Maristela Basso. É estarrecedora a tranquilidade e a naturalidade com a qual ela fez o seu comentário explicitamente degradante e xenofóbico em relação a um país vizinho.

A fala da professora expressa o mesmo desprezo que um brasileiro ou qualquer outro latino-americano poderia sofrer por parte dos países “desenvolvidos” - muitos dos quais, não por coincidência, nossos colonizadores. Desconheceria a docente que nós também compartilhamos de um passado colonial? Ou talvez isso simplesmente não importe quando supostamente não existem “interesses estratégicos e comerciais”, o que nos faz pensar sobre o lugar que ocupam as temáticas de paz e direitos humanos nos estudos e preocupações da professora.

O fato é que nós temos muito mais a ver com a Bolívia do que quer dar a entender a fala de Maristela Basso. Compartilhamos com este país vizinho e o resto da América Latina de um passado de brutal exploração. Uma exploração que começou com a colonização, mas que não acabou com ela e cujos efeitos ainda tentamos superar. Exploração que ainda predomina na mente colonial dos “países desenvolvidos”, ao inferiorizar tanto os governos quanto a população latino-americanos, incluindo o Brasil. Não podemos nos tornar iguais àqueles que nos subjugam.

Há razões históricas para a Bolívia ser pobre como é hoje em dia e para haver tantos imigrantes bolivianos se arriscando no Brasil. São as mesmas razões pelas quais em toda América Latina, incluindo o Brasil – como se sabe ainda um dos países mais desiguais do mundo – há tanta pobreza. Uma delas certamente é a obra histórica da uma elite que descolonizou o continente em proveito próprio, mas jamais para emancipar de fato o seu país e o seu povo. Elite que, afinal, pensava como o colonizador. E que falava como Maristela Basso fala.

É, portanto, essa mentalidade negligente com o nosso passado e que subsidia com naturalidade a xenofobia o que de fato não contribui, em nenhuma perspectiva, para o nosso desenvolvimento. E é contra essa mentalidade – tão bem representada pela lamentável fala de Maristela Basso – que apresentamos todo nosso repúdio.

Com a mesma determinação, nos solidarizamos com a Bolívia, o povo boliviano e os imigrantes que aqui vivem e convidamos a todas as entidades interessadas a assinar e divulgar essa nota.

Atenciosamente,

Centro Acadêmico Guimarães Rosa

Eventos e Exposições

QUEM REALMENTE SOMOS
Documentário de Paulo Alberton
Exibição de corte bruto + discussão com o documentarista
 
10 de setembro (terça-feira) | 20 hs . Entrada franca

Espaço Cachuera!
Rua Monte Alegre, 1.094 - Perdizes - São Paulo
11 3872 8113 . 3875 5563
 
 
 

Eventos e Exposições


 
 
 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cursos

Imigrante japonês
 
 
Do USP Online


Estarão abertas, de 29 de agosto a 10 de setembro, no Centro de Estudos Japoneses do Serviço de Cultura e Extensão Universitária da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, as matrículas para o curso Introdução de Pesquisa sobre o Movimento Literário de Imigrante Japonês no Brasil (Pesquisa de Nikkei Imin Bungaku – Literatura de Nikkei – Literatura no Brasil).
O curso será realizado de 16 a 25 de setembro (segunda-feira, terça-feira e sexta-feira, das 14 às 16 horas), no Prédio de Letras da FFLCH.
Os interessados podem se inscrever até o dia 10 de setembro no Prédio da Diretoria da Administração da FFLCH, das 09 às 12 horas e das 13 às 16h30. O curso tem um investimento de R$ 120,00. O endereço é Av. Prof. Luciano Gualberto, 403, Cidade Universitária, São Paulo.

Filmes, vídeos e livros

Pesquisa etnográfica e folclórica nos anos 1930

02/09/2013
Por Noêmia Lopes
Agência FAPESP – No início de 1935, os antropólogos Claude Lévi-Strauss (1908-2009) e Dina Dreyfus (1911-1989) foram dois dos jovens professores franceses que desembarcaram na capital paulista para integrar o corpo docente da então chamada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL/USP), fundada um ano antes.
Ambos passaram a transitar entre estudiosos que buscavam o estabelecimento de instituições voltadas à prática científica das ciências sociais, como o escritor e pesquisador Mário de Andrade (1893-1945).
O vínculo construído entre Lévi-Strauss, Dreyfus e Andrade em torno de interesses como arte, etnografia e folclore é tema de Um laboratório de antropologia, escrito pela cientista social Luísa Valentini a partir de sua dissertação de mestrado em Antropologia Social, que foi defendida na USP e contou com Bolsa da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O encontro do trio se deu em especial entre os anos 1935 e 1938, quando Andrade dirigiu o Departamento de Cultura e Recreação na Prefeitura de São Paulo e criou a Sociedade de Etnografia e Folclore, da qual Dreyfus e Lévi-Strauss foram colaboradores de grande importância.
Com base em documentos variados – como cartas, apostilas, fichas, relatórios e catálogos –, Valentini analisa as investigações empreendidas pelo trio naquele período. São relatos acerca de cursos de etnografia ministrados por Dreyfus; de textos escritos por Lévi-Strauss para a Revista do Arquivo Municipal; de pesquisas de campo sobre folclore e cultura popular realizadas nos subúrbios da cidade; e de debates sobre antropologia, etnografia, arte e psicologia, temas sobre os quais os protagonistas não raro divergiam.
A parceria entre os dois jovens professores franceses e o intelectual brasileiro já foi tema de outras pesquisas em décadas anteriores – e ganhou atenção especial após a publicação, em 2004, de cartas enviadas por Lévi-Strauss a Andrade, pela revista Les Temps Modernes e pelo jornal Folha de S. Paulo.
Contudo, a abordagem escolhida por Valentini remete não apenas à colaboração muito próxima entre os três, como à análise dos dispositivos científicos por eles mobilizados.
Para tanto, o primeiro capítulo faz referência ao que a autora chama de laboratório imaginado: “Esse que seria o laboratório pensado na colaboração entre os três personagens aqui considerados se delineia como um grande mecanismo institucional, centrado na produção de um fichário antropológico que articularia pesquisa em campo e em arquivo, pesquisadores leigos e profissionais, coleções, registros e monografias, com vistas à sistematização dos conhecimentos sobre o povo brasileiro em mapas e obras de referência como dicionários, vocabulários e bibliografias”, descreve Valentini.
Em seguida, o segundo capítulo rastreia influências, contatos e mudanças culturais que preocupavam os três pesquisadores. E, por fim, o terceiro capítulo trata das realizações da Sociedade de Etnografia e Folclore, como a bem-sucedida produção de mapas folclóricos e a elaboração do fichário antropológico, que não chegou de fato a se concretizar.
A cidade de São Paulo da década de 1930, começando a ganhar contornos metropolitanos, arranha-céus, universidades e sotaques estrangeiros, serve como pano de fundo para as empreitadas de Lévi-Strauss, Dreyfus e Andrade.
Um laboratório de antropologia
Autora: Luísa Valentini
Lançamento: 2013
Preço: R$ 42
Páginas: 248
Mais informações: www.alamedaeditorial.com.br/um-laboratorio