segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Notícias

VOCÊ FALA PORTUGUÊS?

Exame de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros aprova 3.582.


A segunda edição deste ano do exame para obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), do Ministério da Educação, aprovou 3.582 candidatos, o que corresponde a 86,2% dos 4.154 inscritos. O certificado é aceito internacionalmente em empresas e instituições de ensino. No Brasil, é exigido pelas universidades para ingresso em cursos de graduação e em programas de pós-graduação.
O resultado foi divulgado hoje (20/12) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dos candidatos aprovados, 43,2% conseguiram certificação no nível intermediário, 42,2% no intermediário superior, 13,3% no nível avançado e 1,3% foi aprovado na categoria avançado superior. O exame foi realizado em 21 postos aplicadores no Brasil e 48 no exterior, em outubro.
A avaliação do Celpe-Bras tem provas escrita e oral. A parte escrita inclui compreensão de áudio e leitura, com produção escrita. A parte oral é feita a partir de conversas baseadas em textos, fotos e cartuns. Os candidatos podem conferir os resultados da segunda edição do Celpe-Bras de 2013 em link na página do Inep na internet.
O exame é aplicado duas vezes por ano. Na primeira edição de 2013, que ocorreu em abril, quase 75% dos 3.972 inscritos foram aprovados. Em 2012, 77,2% dos 3.268 inscritos foram aprovados, e em 2011, 71,4% dos 2.735 inscritos obtiveram o certificado. De acordo com a pontuação obtida, o participante é classificado em quatro níveis de proficiência: intermediário, intermediário superior, avançado e avançado superior.
(JB – 20/12/2013)

Notícias

http://legalcity.es/2013/12/21/carta-de-un-inmigrante-a-sus-hijos-en-bolivia/


Carta de un inmigrante en Navidad a sus hijos

21 diciembre, 2013 @ 09:54
Autor: legalcity     (11.300 lecturas)
 
 

Mis hijitos queridos,

Serán estas las cuartas navidades que  mamá y papá volverán a estar sin ustedes en casa. Mamá y papá están lejos, muy lejos de ustedes, en un país que, como ya les ha contado la abuela, se llama España y que seguramente ya habréis ubicado en el mapa porque ya sé que les va muy bien en Geografía.
Niñitos míos, he visto las últimas fotos que me habéis enviado y están muy lindos, gracias a Dios.
Sé que cuando reciban esta cartica de mamá y papá os vaís a poner un poquito triste pero aún sois muy pequeños para entender por qué mamá y papá se han tenido que venir tan lejos. Quizás cuando seáis un poquito más grandes podáis entenderlo y hasta perdonarnos.
Cuando este 24de diciembre estén toditos reunidos en casa con la abuelita, las tías, los tíos y los primitos deberéis pensar que mamá y papá están junto a vuestro lado. Seguramente Papá Noel os traerá regalitos porque me ha dicho la abuela que os estáis portando muy bien y que estáis sacando muy buenas notas en el colegio. Pero nosotros les mandamos unos regalitos también que Papá Noel nos ha dejado aquí en España para ustedes.
Mis queridos hijitos, cuídense mucho y no se olviden de mamá y papá. Pensemos que muy prontito vamos a estar todos juntos.
Reciban un besito muy grande en la frente de quienes les quieren como a nada en el mundo,
Mamá y papá.

CARTA A LA ABUELA DE LOS NIÑOS
Querida madre,
Ahí le envío los regalitos que hemos conseguido para Marcos y Judit. Estamos seguros que les van a gustar mucho. Ay madre! Si supiera usted cómo les echamos de menos! Ya son cuatro años lejos de los niños, de usted y de toda la familia. Pero no tenemos otra opción si queremos un mejor futuro para nuestros hijos y para toda la familia.
Le envío además 150 euros para que puedan pasar estar Navidades  mejores que las del año pasado cuando no podíamos enviarle nada. En España las cosas están cada vez más difíciles.
Este año ya hemos cogido los papeles y si Dios quiere dentro de poco podremos traernos a los niños. Por los menos ya no somos ilegales y tenemos una bendita tarjeta que cuando nos para la Policía nos sirve, al menos, para que no nos lleven detenidos. Ya sé, madre, que me va a decir que cada año le digo lo mismo. Sé que es difícil para usted entender cómo funciona esto porque ni nosotros mismos lo entendemos. Pero me ha dicho mi abogado que podría ser posible traernos a los niños muy pronto.
Mi madre querida, no sabe usted cuánto extraño a mis hijitos, a usted y a toda la familia pero estoy segura de que usted sabrá entendernos. Usted es nuestra única esperanza para el entendimiento, usted que siempre nos dio todo lo que ha podido y que hoy cuida de mis hijitos.
No puedo engañarle ni usted puede engañarme a mi. Estoy segura que estará usted leyendo esta cartica encerrada en la habitación mientras los niños juegan fuera. Sé que estará llorando cuando lea esta carta. Madre, yo también lloro mientras le escribo. Juanito me pasa la mano por la cabeza con delicadeza y también seca mis lágrimas cuando le estoy escribiendo esta cartica ahora que son las 11 de la noche.
Cuando termine de escribirle esta cartica iremos a dormir porque los dos tenemos, como cada día, que despertarnos muy temprano; yo para ir a limpiar las casas de las señoras que tan amables me han dado trabajo y para llevar sus niños a los colegios. Después, como cada día, tengo que ir a cuidar a la madre anciana de una de las casas de las señoras donde trabajo. Y Juanito también tiene que madrugar porque trabaja en la construcción y empiezan a las 8 de la mañana.
No esté triste, madre mía. Piense que las cosas van a mejorar. Y cuando os reunáis todos en casa por Navidad pensad que os queremos mucho y que os llevamos a todos dentro de nuestros corazones. Denos su bendición en la cena de Navidad aunque estemos lejos.
Y quiero madre, que tampoco esté triste por lo que me contó en su última cartica. Usted no tiene culpa de nada, usted ha sido una madre muy buena y me ha dado todo hasta donde ha podido. Quizás por eso hoy estoy aquí, para poder darle un mejor futuro a mis hijitos.
Que Dios le bendiga, mi querida madre.

Carmen y Juanito.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Notícias


18 de dezembro, Dia Internacional dos Imigrantes: Sonho e Direito não têm Fronteira!

O Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante/CDHIC, se pronuncia em referência ao que hoje representa o Dia Internacional do Imigrante:
Desde o ano de 1990, por ocasião da aprovação pela Organização das Nações Unidas/ONU, da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros de suas Famílias, a data de 18 de Dezembro foi estabelecida como Dia Internacional dos Imigrantes. Segundo a ONU, a quantidade de pessoas que deixaram seus países de origem cresceu de 154 milhões em 1990, a 232 milhões este ano. Estes números demonstram por si só a enorme dimensão e a importância que possui o tema das migrações. Deve-se ter especial atenção às condições de vida dos imigrantes e suas famílias nos países em que decidiram viver, para onde se deslocaram por um motivo ou outro, e se estabeleceram como pessoas que sonham e correm atrás da dignidade e, sobretudo, da felicidade!
O Brasil é hoje reconhecido como o país líder da América do Sul, pelo seu crescimento econômico, mas também por ter desenvolvido nos últimos tempos uma política exterior ativa, no marco das relações Sul-Sul, promovendo o desenvolvimento econômico e social. As migrações são um fenômeno histórico que ganharam força nos últimos tempos. O Brasil foi primeiramente um país emissor de migrantes, mas hoje a tendência está se revertendo: não só os expatriados estão retornando, mas novos fluxos migratórios tem como alvo o Brasil, especialmente de países da região (Argentina, Equador, Paraguai, Bolívia, Peru) e de casos pontuais do Caribe (Haiti), países africanos (Congo, Mali, Senegal, Angola, Guiné- Bissau) e recentemente uma expressiva migração de refugiados sírios e libaneses.
Segundo o Departamento de Estrangeiros do MJ, até junho de 2011 o Brasil tinha 1,466 milhão de estrangeiros. Este número representa um aumento de quase 65% (aproximadamente 500 mil imigrantes) sobre o número de imigrantes registrados no Brasil até 2009.  Não há estatísticas oficiais sobre a quantidade de imigrantes em situação irregular no país, mas, conforme estimam as principais organizações que trabalham sobre o tema migratório no Brasil os irregulares chegam a 600 mil, o que levaria o total de estrangeiros morando hoje no Brasil para mais de dois milhões.
Feita esta introdução, vale destacar alguns fatos, embora tenham ambiguidades na aplicação: 
  • No plano regional, houve a adesão da maioria dos países da América do Sul ao Acordo de Livre Trânsito e Residência para Nacionais do Mercosul que estabelece os requisitos para a residência permanente e temporária, um avanço, mas com sérios entraves na prática diária, afetando principalmente alguns grupos como mulheres, adolescentes e trabalhadores imigrantes.  O Equador, um país marcado por ser de origem, trânsito e destino de imigrantes criou em 2007, a SENAMI – Secretaria Nacional de Imigração, contando inclusive com uma Ministra de Migração. A Argentina instituiu o programa Pátria Grande, com o qual regularizou a situação migratória de mais de 500 mil imigrantes em convênios países fora da UNASUL (União das Nações Sul-americanas de Nações), como Senegal e República Dominicana.
  • No plano nacional, infelizmente ainda vigora o Estatuto do Estrangeiro, da década de 70, baseado no controle policial do imigrante, que criminaliza a imigração e não dá acesso aos direitos básicos já alcançados pelos brasileiros (uma lei xenófoba que desrespeita os direitos humanos dos imigrantes e suas famílias). Prevalece a morosidade em sua revisão legislativa e formulação de uma política nacional, pois estamos desde 2005 sem avanços embora a Secretaria Nacional de Justiça ter se manifestado em Audiências e Seminários a favor de alterações e adequação deste marco legal, não se vê um indicativo que de esta mudança acontecerá. 
  • A falta de adequação do marco legal federal faz com que o imigrante continue tendo a Polícia Federal como responsável por todo seu atendimento, com evidente despreparo para questões civis, culturais, de direitos humanos, incapacidade numérica e técnica. Defendemos havia muitos anos a criação de um órgão civil, federal, capaz de desempenhar este papel e formular políticas para a área, acompanhado de descentralização dos serviços.  
  • Cabe ressaltar que a Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias da ONU, ainda não foi ratificado pelo Governo do Brasileiro, apesar de inúmeras declarações favoráveis.
Alguns avanços, resultantes da luta organizada:
No ano 2013, nas diversas ações realizadas sobre a questão migratória no Brasil por parte das entidades, movimentos, grupos organizados e também por parte do Poder Público destacamos alguns avanços:
  • Exatamente um ano atrás, no dia 18 de dezembro de 2012, o Centro de Direitos Humanos e cidadania do Imigrante e o Instituto de Relações Internacionais da USP realizaram o Seminário “Por uma Política Municipal de Migração em defesa da Vida e da Dignidade dos Trabalhadores Imigrantes e suas Famílias”, com excelente participação de imigrantes. Duas propostas efetivas resultantes daquele encontro tornaram-se concretas: a criação da Coordenação de Políticas para Migrantes no âmbito da Prefeitura de São Paulo e a realização da I Conferência de Políticas para Imigrantes, realizada de 29/11 a 01/12.
  • Temas de extrema relevância ganharam destaque como é o caso da Educação, Acesso dos Imigrantes à Saúde Pública e atenção à questão de Gênero, crianças, e idosos, no contexto familiar dos imigrantes devem ser reconhecidos e priorizados. Salientamos que o papel da mulher migrante na construção e sua luta pelo seu espaço e reconhecimento tem se visto muito mais ativo principalmente nas organizações de base das comunidades migrantes em São Paulo.
  • É notório da sociedade brasileira expectativa pela cultura e pelas amostras artísticas diversificadas. Cabe ressaltar que o tema das migrações está adquirindo uma superação do “provincianismo” principalmente na cidade de São Paulo com a valorização cultural dos imigrantes, sua riqueza e diversidade exposta contribuindo para a integração dos povos.
  • A promoção dos espaços de participação cidadã, audiências públicas, debates e a visibilidade das reivindicações das comunidades ganharam força. Nessa linha, se destaca a Prefeitura de São Paulo que enfrentou a vulnerabilidade dos imigrantes com o Convênio com a Caixa Econômica, dando acesso a aberturas de contas e créditos.
  • A Conferência Municipal de Políticas para Imigrantes e a convocação da Comigrar – Conferencia Nacional de Migrações e Refúgio a ser realizada em 2014, são ações positivas de 2013, que respondem cobranças históricas das entidades e das mobilizações populares. Diálogos institucionais e os casos concretos de participação social, da possibilidade de integrar formalmente o inédito Conselho Participativo das Subprefeituras promovido pela Secretaria de Direitos Humanos do Município de São Paulo, por meio do voto, fortalecem a defesa dos direitos políticos dos imigrantes.
Campanha pela aprovação da PEC do direito ao voto do imigrante:
O ano de 2014 se projeta como um ano de participação ativa dos imigrantes na vida política e social do país. Por isso, se faz urgente articular a Campanha Permanente ‘Aqui Vivo, Aqui Voto’ - Pelos Direitos Políticos dos Imigrantes residentes no Brasil, pela aprovação da PEC – Proposta de Emenda Constitucional 347/2013, que permitirá o imigrante votar e ser votado nas eleições brasileiras, sendo assim, politicamente visível e terá condições de lutar por suas reivindicações. Esta Campanha precisa se fortalecer e ganhar adeptos!
Porém, 2013 deixou evidente que o Brasil precisa se definir e dar uma resposta à altura de sua projeção internacional à pergunta: “Qual política migratória pretende desenvolver?” “Qual paradigma quer seguir?”. Para tanto, nosso país não pode retroceder quantos aos avanços já obtidos nos últimos anos, seja pelo Conselho Nacional de Imigração – CNIg-MTE, por meio de resoluções e portarias, assim como o Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE e o Departamento de Estrangeiros/SNJ, que mesmo sem a necessária reformulação do marco legal, têm dado respostas a fatos suscitados, com base em direitos humanos dos imigrantes, embora deixam no ar dúvidas ao entrelaçar uma parceria com OIM – Organização Internacional das Migrações, na preparação da Conferencia Nacional de Migrações e Refúgio/MJ. A OIM vem recebendo críticas de entidades e movimentos sociais de imigrantes em âmbito mundial, por suas relações com governos que mantém políticas repressivas.
Sonho e direito não têm fronteira!
Alterar a legislação, garantir direitos a todos e todas, descentralizar serviços públicos, enfim, garantir oportunidades aos imigrantes e suas famílias são formas de enfrentar preconceitos que em 2013 todos nós tivemos contato: Médicos de diversas nacionalidades, especialmente cubanos tiveram manifestações de xenofobia por parte de segmentos reacionários; a mídia corporativista e sensacionalista insistiu em tratar a vinda de haitianos pela região norte do país como uma “invasão” ou “uma grande epidemia”; pessoas de referência ou comentaristas de programas jornalísticos trataram da Bolívia com desconhecimento e discriminação – estes e outros exemplos podem ser enfrentados com muito mais força e prevenidos se o Brasil amadurecer uma política migratória que abandone velhos conceitos e aponte para o novo: nenhuma pessoa é ilegal!
 CDHIC – Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante 
Secretaria Técnica da Articulação Sul-americana Espaço Sem Fronteiras
Entidade membro do Comitê Internacional organizador do Fórum Social Mundial de Migrações






terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Notícias

IMIGRANTES INTEGRARÃO OS CONSELHOS PARTICIPATIVOS DE SP

Prefeitura faz eleição paralela para driblar regras do TSE que impedia a participação de estrangeiros.
Foi publicado no dia 30 de novembro, no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, decreto do prefeito Fernando Haddad (PT) que possibilita que imigrantes residentes na capital paulista possam integrar os Conselhos Participativos Municipais das subprefeituras. Os representantes estrangeiros poderão votar e ser votados para cadeiras de conselheiros extraordinários das administrações regionais em que mais de 0,5% da população tenha outra nacionalidade. Vinte das 32 regiões administrativas da cidade devem eleger representantes.
A medida dribla as exigência do Tribunal Regional Eleitoral – que irá ceder 10 mil urnas eletrônicas para a realização da eleição do domingo –, de que todos os participantes do pleito estivessem inscritos como eleitores. Como o Brasil é o único país da América do Sul que não dá direitos políticos aos imigrantes, eles não podem ser inscritos em zonas e ter título de eleitor, o que impedia que os cerca de 400 mil estrangeiros residentes na capital cumprissem a regra.
O processo eleitoral que escolherá os imigrantes, no entanto, será realizado pela secretaria Municipal de Relações Governamentais. Vinte e dois conselheiros devem ser eleitos. As regiões com população entre 0,5% e 1% de estrangeiros poderão eleger um representante; as que tiverem mais do que isso, dois. Segundo o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, apenas a Subprefeitura da Sé se enquadra nisso e deve eleger um par de conselheiros extraordinários.
A participação no Conselho era uma reivindicação dos imigrantes da cidade, que lutam por políticas públicas específicas e conquista de direitos políticos, dois dos principais temas que estão sendo discutidos na 1ª Conferência Municipal de Migrantes, que ocorre neste fim de semana, onde foi divulgado em primeira mão que o decreto havia sido assinado pelo prefeito no final da tarde de ontem.
Cada conselho participativo terá entre 19 e 53 pessoas, incluindo os representantes dos imigrantes. Todos os conselheiros terão mandatos de dois anos, não serão remunerados e terão a prerrogativa de fiscalizar a execução orçamentária e o cumprimento das metas para cada subprefeitura.
Desde o início de sua gestão, Haddad tem demonstrado interesse pela questão, ao criar uma coordenadoria específica para o assunto e incluir, em seu plano de metas, a elaboração de uma política municipal para imigrantes. Além disso, São Paulo deve engrossar uma campanha de mudanças na lei eleitoral para que os estrangeiros residentes no país possam participar de eleições.
Para a boliviana Mônica Rodriguez, uma provável candidata, a medida representa um grande avanço. “É só o primeiro passo para que o imigrante deixe de ser invisível”, acredita.
Para participar das eleições, os candidatos a conselheiros extraordinários terão que cumprir as mesmas regras que os brasileiros: ter mais de 18 anos, apresentar um comprovante de residência que ateste que reside na região da sub que quer representar, apresentar 100 assinaturas endossando a candidatura e um documento de identidade, que pode ser emitido no Brasil ou em seu país de origem. Para votar, os estrangeiros também têm de apresentar documento de identidade, comprovante de residência e assinar um documento garantindo que só irão votar em uma subprefeitura.
Gisele Brito
(Rede Brasil Atual – 30/11/2013)

Filmes, vídeos e livros

A BUSCA DAS ORIGENS

Encontros de família dão às pessoas uma melhor compreensão quanto às suas origens e a história dos seus antepassados.
Recentemente, a cidade de São Vendelino (RS) sediou o Encontro das Famílias Schauren e Zimmer. Os parentes foram recebidos a partir das oito horas, com café da manhã. Depois houve missa e apresentações. Ao meio dia, todos confraternizaram num churrasco.
Uma longa história
O imigrante alemão Michael Schauren, originário de Merl, no Vale do Rio Mosel, desembarcou em São Leopoldo no dia 28 de outubro de 1846, depois de três meses e 23 dias de viagem. Veio com sua mulher Gertrude Mentges e os filhos Michael, Johann e Franz Simon. A filha Susanna fez a longa viagem no ventre materno, vindo a nascer após a chegada no Brasil. A família estabeleceu-se na Picada Feliz (atual município de Feliz).
O imigrante Jakob Zimmer veio de Theley (região de Sankt Wendel). Ele e sua mulher Maria Lermen e os filhos Johannes, Peter, Cathairna, Jakob e Maria chegaram em 1854 e igualmente se estabeleceram na Picada Feliz.
A união das famílias Schauren e Zimmer se deu através do casamento de Johannes Zimmer com Susanna Schauren. Dos demais filhos dos dois casais de imigrantes, Franz Simon Schauren casou com Maria Rempel, tendo morado na Picada Feliz e depois em Arroio do Meio; Peter Zimmer casou Bárbara Siveris e moraram em Alto Feliz; Catharina Zimmer casou com Mathias Schneider, tendo morado em Bom Princípio; Jakob Zimmer Filho casou com Maria Freiberger e, em segundas núpcias, com Josephina Dellaloye, tendo residido em Alto Feliz; Maria Zimmer casou com Miguel Zimmer, filho de Nicolau Zimmer e Elisabeth Classen, estes oriundos de Mörsdorf – Luxemburgo. Residiram no Forromeco. Todos estes casais deixaram numerosa descendência.
Desde 1867
Foi em São Vendelino que se estabeleceu o casal Johannes Zimmer e Susanna Schauren no ano de 1867. “Hannes” Zimmer logo iniciou a construção de um moinho para atender a necessidade de moagem de grãos da comunidade de São Vendelino, na época chamada Colônia de Santa Maria da Soledade. Com muito trabalho, ele prosperou com os negócios do moinho e construiu também uma serraria e um alambique.
A casa
Em 1882, com a ajuda do cunhado e mestre de obra Franz Simon Schauren, Johannes Zimmer construiu uma casa de pedra grês (mais conhecida por pedra de areia). Essa casa ainda existe hoje, tendo sido recuperada pela atual proprietária Noeli Birk.
A casa ainda mantém algumas peças antigas, como uma pia de cozinha, esculpida num enorme bloco de pedra grês, bem como as madeiras da época. Lamentavelmente as paredes de pedra foram rebocadas, perdendo a casa sua característica original.
Ela fica a dois quilômetros do centro de São Vendelino, próximo da entrada para a Linha Santa Clara, onde funciona um camping, junto ao Arroio Forromeco.
Livro
No encontro esteve a venda o livro A BUSCA DAS ORIGENS, de autoria de Décio Aloísio Schauren, que conta a história das famílias Schauren e Zimmer desde remotos tempos da Alemanha até a atualidade.
No livro, o autor procura jogar luzes sobre o contexto histórico dos ancestrais, destacando as influências dos celtas, romanos e francos, cuja miscigenação étnica constitui a gênese da grande maioria dos imigrantes alemães que vieram para o Rio Grande do Sul.
Relata os tempos difíceis da Idade Média em que os antepassados, artesãos e camponeses, foram oprimidos pelo sistema social feudal, sem o mínimo acesso aos direitos básicos, tendo sua vida determinada pela Igreja Católica. Assim como o advento da Revolução Francesa que criou as condições para que se tornassem homens livres e donos das glebas que cultivavam.
As guerras se constituíram em visitantes permanentes nas regiões próximo às fronteiras entre a Alemanha e a França, marcando os antepassados dos imigrantes de forma profunda.
“Naquela constante luta pela sobrevivência forjaram-se homens operosos e determinados que, diante da falta de perspectivas em sua terra, ousaram buscar uma nova pátria para construir uma vida nova”, diz Décio Schauren.
Renato Klein
(Fato Novo – 22/11/2013)

domingo, 3 de novembro de 2013

Eventos e Exposições

CSEM 25 anos O CSEM e o UniCEUB convidam a todos(as) para participar no seminário “A criminalização das migrações e a proposta para o novo código penal brasileiro”.


O evento acontecerá no dia 12/11/2013, de 19h às 22h, no campus do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB. O evento é aberto ao público e não será cobrada taxa de inscrição.

No atual contexto de revisão do Código Penal brasileiro, especialmente a partir da proposta de reformulação do Capítulo XV, que diz respeito ao estrangeiro, o evento pretende incentivar a reflexão e a discussão sobre a criminalização das migrações internacionais.

Lembramos que é necessário confirmar presença via o email estudos2@csem.org.br para garantir o material do seminário.

Para maiores informações, entre em contato conosco pelo telefone (061) 3327-0669 ou pelo e-mail estudos2@csem.org.br.

Contamos com sua presença e com o apoio na divulgação deste evento.



Atenciosamente,

Equipe CSEM

Eventos e Exposições

 CONGRESSO

I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade
I Congreso internacional América Latina 
Aty guasu América Latina ha Interculturalidad
América Latina e Caribe: cenários linguístico-culturais contemporâneos




PROGRAMAÇÃO
 

7 de novembro

Quinta-feira



08h00 – 09h00      Credenciamento e entrega de materiais

09h00 – 09h30      Sessão de abertura do evento. Apresentação trilíngue


09h30 – 10h30      Conferência de abertura: Usos y abusos del concepto de interculturalidad en un 
                           
mundo fragmentado
                           Conferencista:  Bartomeu Melià – (ISEHF)
                           Mediador: José Maria Rodrigues (UNA)
  
10h30 – 12h30      Mesa-redonda I: Interculturalidade e Tradução Cultural
                           Ana Rossi (UnB)
                           Interculturalidade, Tradição cultural e Tradução Literária? : que questionamentos?
                           Sérgio Rodrigues Medeiros ( UFSC)
                           Poesia brasileira contemporânea e dicções indígenas - tradução/recriação de cantos ameríndios
                           Nestor Ganduglia (MFAL)
                           La tradición oral mágica: lenguaje olvidado de la memoria
                           Mediadora: Alai Garcia Diniz (UNILA)

12h30 – 14h00      Almoço

14h00 – 16h00      Mesa-redonda II: Intermidialidade e cultura de convergência
                           Lívia Flores Lopes (UFRJ)
                           Sob o signo do vagalume
                           Jorge La Ferla (UBA/FUC)
                           Intermidialidade e cultura de convergência
                           Mijail Mondol López (UCR)
                           Música e interculturalidad. El tango en la sociedad costarricense
                           Mediador: Anselmo Peres Alós (UFSM)
 
16h00 – 17h30      Sessões de Comunicações I

17h30 – 18h00      Intervalo cultural:  Guarani ñembo’e ava guaraníme: Ñe’ëtekuaa mbo’e ava tekoha Jaragua, Sao Paulope. Apresentação de vídeos sobre
                           a Lengua Guaraní en la ciudad de São Paulo: la construcción colectiva de la identidad. Mário Ramão Villalva Filho (UNILA). Com tradução
                           em espanhol e portugués.


18h00 – 20h00      Mesa-redonda III: Mediação Cultural
                            Adriana Almada (BIC)
                            Prácticas interculturales en las bienales de arte contemporáneo. La curaduría como ejercicio de 
                            mediación
                            Carlos Alberto Bonfim (UFBA)
                            Atilio Roque González (UNESCO)
                            Políticas cinematográficas regionales: las experiencias en el Mercosur e Iberoamérica
                            Mediadora: Diana Araujo Pereira (UNILA)

20h00 -  21h00      Apresentação cultural: Leitura Poética


8 de novembro

Sexta-feira

09h00 –11h00     Mesa-redonda IV: A interculturalidade como prática 
                          Sylvia Duarte Dantas (UNIFESP e IEA/USP)
                          Interculturalidade e as implicações psicológicas: intervenção psicossocial na inserção cultural
                          Dilma de Melo Silva (USP)
                          Desafios da Interculturalidade: exemplos no campo das Artes
                          Marcia Paraquett (UFBA)
                         Contando histórias que fizeram a História do espanhol no Brasil
                          Mediadora: Ângela Erazo Muñoz (UNILA)

11h00 –12h30    Sessões de Comunicações II

12h30 – 14h00    Almoço

14h00 –16h00     Mesa-redonda V: Educação Intercultural                           Maria Ceres Pereira (UFGD)
                          Atitudes positivas e negativas nas experiências de fronteira - questões de bilinguismo
                          José Ribamar Bessa Freire (UERJ)
                          Escola bilingue: uma embaixada em território indígena?                     
                          José Javier Rodas (Escuela Fortin Mbororé, AR) e Carlos Benitez (Escuela Fortin Mbororé, AR.) 
                          La interculturalidad en la Escuela Mbororé de Puerto Iguazú
                          Mediadora: Maria Eta Vieira (UNILA)

16h00 – 17h30     Sessões de Comunicações III

17h30 – 18h00     Intervalo cultural: Lançamento de livros

18h00 – 20h00      Mesa-redonda VI: Políticas linguísticas e Multiculturalismo
                           Maria Elena Pires Santos (Unioeste)
                           Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (URFJ)
                           O espanhol e as línguas indígenas na América
                           Teófilo Laime Ajacopa (UMSA)
                           Política lingüística en Bolivia
                           Mediador: Leandro Diniz (UFMG)

 
9 de novembro

Sábado
 

09h30 – 11h00      Mesa-redonda VII: Antropologia como tradução de cosmologias e cosmovisões
                           Carlo Bonfiglioli (UNAM)
                           Devenir otro sin dejar de ser rarámuri
                           Rafael Bastos (USFC)
                           Cosmoaudição e Mundo Ameríndio - Lógica das Qualidades Sensíveis e Biopolítica da Sensorialidade
                           Hugo Portela Guarin (Universidad del Cauca
                           Cosmovisiones e interculturalidad en salud: los conflictos de la traducción)
                           Mediadora: Barbara Arisi (UNILA)
 
11h00 – 12h30       Sessões de Comunicações IV

12h30 – 14h00       Almoço

14h00 – 15h30       Sessões de Comunicações V

15h30 – 16h30        Conferência de Encerramento - Imaginários Sonoros e Práticas Interculturais
                             Conferencista: Ángel Quintero Rivera (Universidad de Puerto Rico)                           
16h30                    Sessão de Encerramento

notícias

Escapar ao círculo vicioso

28 outubro 2013
Polityka Varsóvia


Haddad
O reforço dos controlos nas fronteiras europeias não dissuade os emigrantes e beneficia os passadores. A melhor estratégia seria atacar a raiz do fenómeno – a pobreza nos países de origem dos imigrantes.
Khaled Bensalam tem 35 anos e possui uma larga experiência de navegação. O seu pai era pescador e, por isso, a família nunca passou fome. Começou a ir ao mar era ainda muito novo e, ao chegar à adolescência, já segurava o leme. Quando a pesca deixou de ser rentável, Bensalam trocou-a pelo contrabando de seres humanos. Da Tunísia, onde vive, a viagem até à Europa não é longa. A ilha italiana de Lampedusa fica apenas a 70 milhas, o que corresponde a 22 horas de navegação, se o mar estiver calmo. Depois de deduzidas as despesas (combustível, os pagamentos ao cunhado que angaria os clientes e os subornos para a guarda costeira), duas dessas viagens por ano permitir-lhe-iam viver num luxo relativo.
As duas primeiras, em 2012, correram sem problemas. Os jornalistas italianos até entrevistaram os passageiros; a embarcação de madeira de 36 pés transportava não mais de 50 pessoas. Os preços variavam entre os 1000 euros para os estrangeiros, os 800 para os tunisinos e os 500 por criança. Em abril, Bensalam sofreu a primeira adversidade; já perto de Lampedusa, antes do amanhecer, o seu barco foi acidentalmente iluminado pelo projetor de um barco-partulha italiano.
Minutos depois, os italianos estavam a bordo. Bensalam foi preso e, alguns dias mais tarde, deportado para a Tunísia, onde passou várias semanas na cadeia. A embarcação foi confiscada, mas Bensalam decidiu não desistir do negócio. Pediu dinheiro emprestado a parentes e, recorrendo aos serviços de um gang local, comprou um barco de 60 pés, com capacidade para 300 passageiros.
Quer dizer, em teoria: porque, quando voltou a fazer-se ao mar, em setembro, levava mais de 500 pessoas a bordo. Desta vez, tudo correu mal logo desde o princípio. Primeiro, alguém disparou contra eles, quando estavam a largar do porto, danificando o motor. Depois, a bomba de esgoto deixou de funcionar. Em seguida, os passageiros entraram em pânico. Quando o barco se afundou ao largo de Lampedusa, em 3 de outubro, pelo menos 350 imigrantes ilegais perderam a vida, no que viria a ser designado como a “catástrofe de Lampedusa”. Bensalam sobreviveu e está a aguardar julgamento. Mas, no mesmo dia, pelo menos dois outros barcos que transportavam imigrantes ilegais chegaram ao seu destino em segurança. Sem risco, não há recompensa, como costuma dizer-se.

Novas rotas mais longas e perigosas

Para vergonha do mundo desenvolvido, o contrabando de seres humanos tem vindo a fazer cada vez mais vítimas
Para vergonha do mundo desenvolvido, o contrabando de seres humanos tem vindo a fazer cada vez mais vítimas. Só desde janeiro de 2013, cerca de 2000 pessoas afogaram-se junto à costa Sul da União Europeia – mais do que em todo o ano passado. O contrabando de emigrantes também se tornou um risco de segurança para os países de destino, que perderam o controlo das suas fronteiras. Por último, a imigração ilegal está a alimentar o sentimento de xenofobia, um fenómeno que é crescentemente explorado por políticos cínicos.
Os governos europeus gastam milhares de milhões de euros por ano, no combate ao problema. Vários Estados-membros da UE criaram agências especiais para lidar com a imigração ilegal. A Frontex, a agência de proteção das fronteiras da UE, está em funcionamento desde 2004. Tanto na UE como nos Estados Unidos, as fronteiras são patrulhadas e vigiadas com recurso às tecnologias mais recentes e mais avançadas, incluindo drones e satélites. Só na UE, trabalham na área da imigração ilegal mais de 300 ONG, em muitos casos subsidiadas por fundos públicos. Quais os efeitos? Praticamente nenhuns. O número de imigrantes ilegais que chegam ao continente continua a aumentar.
No seu livro sobre o contrabando de seres humanos, o autor marroquino Mehdi Lahlou descreve aquilo a que chama o “círculo vicioso” das políticas anti-imigração europeias. Os políticos, e também os órgãos de comunicação social, exploram as tragédias como o desastre de Lampedusa de 3 de outubro para empolar o problema da imigração, levando os governos a reduzir ainda mais as possibilidades de imigração legal. Por seu turno, esse facto obriga os emigrantes a procurar vias de acesso cada vez mais perigosas, aumentando a sua dependência dos passadores. Lahlou salienta que foi precisamente isso que aconteceu, quando a Espanha e a Itália introduziram os vistos para os cidadãos do Magrebe, no começo dos anos de 1990, e os britânicos conseguiram bloquear a rota do contrabando através de Gibraltar. Quase de imediato, foram ativadas novas rotas mais longas e mais perigosas: do Sara Ocidental para as Ilhas Canárias e através do Mediterrâneo para Itália.
A relação entre o passador e a pessoa contrabandeada termina no país de destino, ou seja, no local onde a relação traficante/escravo começa
O insucesso da Europa na resolução do problema do contrabando de seres humanos deve-se, em grande parte, a um entendimento errado. Para começar, existe uma confusão de terminologia, porque as expressões “tráfico de seres humanos” e “contrabando de seres humanos” são muitas vezes usadas indiferenciadamente no debate público europeu, quando, na realidade, refletem dois fenómenos completamente diferentes. O tráfico é uma forma de escravatura e o contrabando é voluntário. A relação entre o passador e a pessoa contrabandeada termina no país de destino, ou seja, no local onde a relação traficante/escravo começa.

A procura suscita a oferta

A política de imigração da UE centra-se há muito nos passadores, isto é, na vertente da oferta de um serviço ilegal. Depois da catástrofe de Lampedusa, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, prometeu um novo pacote legislativo “ar e mar”, que irá prever que a Itália destaque três vezes mais navios e aeronaves para a zona entre África e a Sicília, para combater esta forma de contrabando. Mas, mais uma vez, o efeito pode ser contraproducente.
Neste domínio, é a procura (potenciais imigrantes) que suscita a oferta (passadores). Enquanto houver pessoas originárias de África, do Afeganistão ou do México que querem abandonar os seus países para tentar ter uma vida melhor, haverá sempre quem esteja disposto a ajudá-las, por um determinado preço, independentemente das dificuldades.
Segundo alguns especialistas em imigração, a única maneira de acabar com o contrabando de seres humanos para a Europa – ou, pelo menos, de reduzir a sua dimensão – é criar, nos países de origem, condições que levem os candidatos a imigrantes a deixar de estar interessados em emigrar. Por outras palavras, garantir que estes encontrem nos seus países o emprego que sonham conseguir na Europa. Contudo, isso implicaria abrir o mercado europeu – para começar, o dos alimentos – a produtos de regiões como o Norte de África, o que é impossível por razões políticas. A UE gasta anualmente 100 milhões de euros na proteção das suas fronteiras, através da Frontex – 600 vezes menos do que gasta com a Política Agrícola Comum. Portanto, se não querem couves tunisinas na Europa, os europeus acabarão, mais cedo ou mais tarde, por ter os próprios tunisinos no continente.

Notícias

Portal SAE:


Pesquisa sobre imigração de trabalhadores no País (Brasil alemanha News, em 22.10.2013)
Levantamento será realizado pela EMDOC em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR)
Redação Brasil Alemanha News
A partir de novembro, a EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global, inicia trabalho de pesquisa sobre o processo imigratório no País. Denominado “Contratação de mão de obra estrangeira no Brasil: uma análise da experiência das empresas brasileiras”, o levantamento é realizado em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e terá como objetivo identificar os entraves encontrados pelas empresas ao contratarem imigrantes para trabalhar no País. Ao todo, mais de 200 empresas devem ser consultadas pela pesquisa.
Ao contrário de países desenvolvidos, que apresentam crescente aumento no número de imigrantes, no Brasil, a trajetória é de forte queda. Em 1900, cerca de 7,3% da população brasileira era composta por imigrantes. Em 2010, este número caiu para 0,4%. Em números absolutos, mesmo considerando que o total da população cresceu mais de 10 vezes neste intervalo, a quantidade de imigrantes caiu de 1,6 milhão para apenas 600 mil, no mesmo intervalo.
“A contratação de mão de obra estrangeira é essencial para garantir o aumento da produtividade e, consequentemente, da nossa competitividade internacional. Com a pesquisa, a SAE terá um mapeamento completo de onde estão as dificuldades encontradas pelas empresas quando decidem trazer estes profissionais para o Brasil, ou seja, reforça uma preocupação estratégica com o desenvolvimento de longo prazo do nosso País”, explica João Marques, sócio-fundador da EMDOC.
Em países como Suíça e Nova Zelândia, o percentual de imigrantes chega a 23,2% e 22,4%, respectivamente. O Brasil perde inclusive para a África do Sul, último país a ser incorporado aos BRICS, cujo percentual de imigrantes corresponde a 3,7% da população.
“Não há dúvidas sobre os benefícios proporcionados pela vinda de imigrantes para o País. Se analisarmos a própria história brasileira destacaremos a fundamental participação dos imigrantes no século XX para a modernização da nossa agricultura, assim como para o desenvolvimento do nosso comércio e setor de serviços, bem como do processo industrial”, reitera Marques.
O número de vistos de trabalho tem crescido ao longo dos anos, porém o Brasil ainda é pouco atrativo. No ranking dos países mais atrativos, o País se encontra na 27ª colocação, enquanto o Chile está em 9º e a China, em 19º.
“A pesquisa que iremos realizar dará subsídios para identificar os problemas e, consequentemente, abre espaço para a adoção de políticas para incentivar e desburocratizar a vinda de estrangeiros para o País. Acreditamos que se trata de uma mudança estratégica e que terá grandes consequências no longo prazo”, reitera o executivo.
Reprodução: http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=3904

Notícias

BRASIL PRECISA DE MAIS EXECUTIVOS ESTRANGEIROS

Steve Ingham, CEO da Michael Page, defende a necessidade de o Brasil deixar de lado qualquer tipo de xenofobia e abrir as portas aos profissionais estrangeiros.
A recuperação econômica nos Estados Unidos e em alguns países da Europa pode dar novos contornos ao mercado global de trabalho para executivos. Mas poucas pessoas no planeta têm uma visão tão privilegiada das mudanças no topo quanto o inglês Steve Ingham, CEO da Michael Page, a maior empresa de recrutamento de executivos do mundo, com operações em 25 países.
Para ele, o Brasil deve ter uma boa movimentação em postos de trabalho no próximo ano, devido aos investimentos por conta da Copa do Mundo e das eleições. Mas, para o crescimento ser sustentável, o governo precisa tomar as decisões difíceis para que os investimentos não desapareçam. Entre as medidas preconizadas, Ingham defende a importância de deixar de lado qualquer tipo de xenofobia. “O País deve abrir as portas aos profissionais estrangeiros”, afirma.
DINHEIRO – Há, no mundo, uma recuperação do mercado de empregos para executivos?
INGHAM – As análises variam completamente de região para região. O mercado americano está bom de novo. O Brasil também vai bem. O México apresenta um crescimento ainda maior. A Ásia idem. E até mesmo na Espanha estamos detectando um crescimento, por surpreendente que possa parecer para muitas pessoas. Gradualmente, as coisas estão melhorando. Só na Europa as coisas ainda estão problemáticas.
DINHEIRO – O momento brasileiro está descolado do restante da América Latina?
INGHAM – O crescimento é desigual por toda a região, de acordo com as políticas adotadas e com a variação dos preços das commodities mais importantes para cada país. O mercado brasileiro está num momento diferente do restante do continente. No Brasil, acontece um arrefecimento, enquanto o México entrou em um momento de grande expansão. Os resultados dos países na Costa do Pacífico também são melhores que os do lado do Atlântico.
DINHEIRO – Mas há expectativas de reaquecimento para o Brasil?
INGHAM – No próximo ano, haverá eleições por aqui, não? Por isso, haverá investimentos do governo para ganhar votos. Mas o problema é que as medidas fundamentais não estão sendo adotadas, como a flexibilização de leis trabalhistas e o controle do orçamento. Sem rigidez nos limites de gastos, os investidores começam a dificultar os empréstimos e aumentam os juros para o dinheiro que vai financiar os investimentos. Há muitas batatas quentes com que lidar, o que torna difícil se chegar a uma decisão sobre cada uma delas. Principalmente em um ano eleitoral. Os políticos fazem aquilo que dá votos. Mas é uma pena constar que fazer a coisa certa traz impopularidade na política. Por isso, os governos buscam fazer apenas o suficiente e esperam que tudo dê certo no final. É diferente de como funciona nas empresas, nas quais tomar as decisões certas traz reconhecimento.
DINHEIRO – Há uma percepção de que o salário do executivo brasileiro está inflacionado. Por que isso acontece?
INGHAM – Em alguns mercados há uma forte demanda por pessoas bem preparadas, mas a oferta às vezes é pequena. No Brasil, há muitas empresas bem-sucedidas em busca de gente cada vez melhor. Então, a guerra por talentos no Brasil inflaciona os salários. Houve uma situação extrema em 2011, em especial, para posições técnicas. Para atrair as pessoas, os pacotes de bonificações ficaram muito elevados, principalmente nos bancos. O câmbio da época também fazia com que alguns salários de executivos no Brasil fossem maiores, em libras esterlinas ou dólares, do que os dos seus chefes globais.
DINHEIRO – O peso principal então está nas bonificações?
INGHAM – Existe uma visão geral das companhias premiarem mais pelo desempenho. Vai ga­nhar mais quem entregar resultados. Os paraquedas de ouro ficaram muito impopulares, depois que grandes executivos deixaram empresas em dificuldades com uma bolada no bolso. A questão problemática é que muita gente foi contratada para fazer recuperações complexas de empresas, algo que leva tempo, mas está sendo cobrada por resultados de curto prazo. É como acontece com os técnicos de times de futebol. Vemos isso na Premier League, a principal divisão do futebol inglês. Depois da saída do Alex Ferguson, do Manchester United, que permaneceu 26 anos no cargo, não sobraram técnicos trabalhando por muito tempo em suas equipes. Excetuando o treinador do Arsenal, o tempo máximo de permanência de um técnico atual é de dois anos.
DINHEIRO – No Brasil é pior ainda. Para os comentaristas esportivos daqui, a Pre­mier League é a referência em termos de permanência no cargo. Aqui pouquíssimos times que começaram o campeonato ainda têm os mesmos treinadores.
INGHAM – Dessa forma, não dá para se avaliar um trabalho. Não dá tempo para os resultados aparecerem. Seja numa empresa ou num time de futebol, não adianta cobrar em curto prazo quando os objetivos propostos são para longo prazo. Mas é o que está acontecendo em muitas empresas.
DINHEIRO – As carreiras dos altos executivos estão se internacionalizando?
INGHAM – Sem dúvida essa é uma das principais tendências atuais. O mundo está menor. O jovem de São Paulo não pensa apenas em fazer carreira por aqui. Ele quer o mundo. É assim em todos os lugares. Mas isso assusta os governos.
DINHEIRO – De que forma?
INGHAM – Vemos governos de todo o mundo lutando contra a imigração. É uma preocupação maior em países com alto índice de desemprego. No Reino Unido, é assim. Somos um país multicultural e que se beneficiou disso. Mas os governos não querem dar vistos para todo mundo. Com isso, acabam restringindo também a chegada dos melhores cérebros. O Brasil deve abrir as portas aos profissionais estrangeiros, se quiser ter uma indústria de tecnologia forte Ao tentar proteger os empregos locais, os países perdem a oportunidade de ter pessoas que podem criar negócios novos e empregar mais gente.
DINHEIRO – Que outro setor brasileiro precisa bastante de estrangeiros?
INGHAM – O Brasil sente falta de gente especializada em petróleo e gás. E nós estamos procurando essas pessoas em locais com gente experiente na exploração de petróleo, como Aberdeen, na Escócia, e Perth, na Austrália. É normal essa realocação de pessoas. Na Espanha, por exemplo, temos muitos talentos, enquanto na Cidade do México e em Bogotá há um mercado com muita demanda. Como se fala espanhol em todos esses lugares, é natural transferir essas pessoas.
DINHEIRO – As empresas também se beneficiam com essa experiência multicultural?
INGHAM – É importante para as empresas que as pessoas em altos cargos tenham experiências internacionais, se elas desejam de fato serem companhias globais. Pessoas de lugares diferentes possuem talentos diferentes. Temos um exemplo disso na própria Michael Page. Um executivo inglês, que sempre trabalhou na Inglaterra, foi transferido para Xangai. Lá ele aprendeu muitas coisas novas, e por fim acabou indo para Taiwan abrir o nosso escritório local. Na minha época era diferente. Comecei há 27 anos na sede londrina da Michael Page e permaneço lá. Hoje minha trajetória seria diferente.
DINHEIRO – Mas algumas características são desejadas para as pessoas de todas as partes do mundo, não?
INGHAM – Procuramos em todos os lugares pessoas focadas, ambiciosas e que sabem o que querem. Também precisam ter boa capacidade de comunicação, uma característica necessária para se fazer qualquer trabalho. Em alguns casos, avaliamos muito as experiências profissionais e os conhecimentos técnicos, como para cargos de engenheiros. Acima de tudo, é preciso ter integridade e honestidade. É essencial ser alguém em quem se pode acreditar.
DINHEIRO – Existe uma tendência de exportação de executivos brasileiros?
INGHAM – Existem alguns casos, como o do presidente da cervejaria Inbev, Carlos Brito. Mas ainda é raro encontrar altos executivos brasileiros na Europa e nos EUA. Na América Latina, isso já acontece bastante. Muitas empresas transferem o executivo para cuidar de uma operação menor na região, antes de voltar e assumir a presidência no Brasil. Mas uma tendência grande nos últimos anos foi a da volta de brasileiros ao País, porque aqui havia mais oportunidades.
DINHEIRO – Pode-se dizer que se tornou mais difícil gerenciar empresas depois da crise mundial iniciada em 2008?
INGHAM – A crise ensinou que as pessoas precisam estar preparadas para tudo, porque podem precisar mudar todo o plano de negócios rapidamente.
DINHEIRO – A preocupação no Brasil e em outros países do Brics está em que a recuperação econômica americana tire os holofotes e os investimentos daqui. Os recursos financeiros e as contratações podem sumir se isso acontecer?
INGHAM – Se os EUA consomem mais, ajudam a América Latina e a Europa. Os países que mostrarem eficiência podem ganhar mais com isso. Não importa o produto, hoje tudo precisa ser feito em alto volume. Veja o exemplo da Foxconn, que fabrica eletrônicos para muitas empresas de tecnologia. As companhias vão buscar investir onde se produz com mais vantagens.
DINHEIRO – Mas há dúvidas se somos eficientes…
INGHAM – No Brasil, a infraestrutura ainda é um problema. A China está conseguindo superar esse empecilho e outros por meio de muitos investimentos. A indiana Tata Motors e a sua controlada Jaguar Land Rover, por exemplo, estão contratando chineses e depois levando-os para serem treinados no centro do Reino Unido, para ganhar experiência com os melhores trabalhadores. A empresa indiana também afirmou estar avaliando a Arábia Saudita e o Brasil para a instalação de novas fábricas. Eles vão fazer o estudo do ambiente de negócios local, e se acharem que aqui vão encontrar problemas, como sindicatos problemáticos ou excesso de impostos, podem decidir não vir. No Reino Unido, o grupo Tata não pode nem ouvir falar de sindicatos, já que, na sua opinião, eles têm prejudicado a produtividade de suas fábricas. Para uma empresa indiana, é difícil entender isso.
Carlos Eduardo Valim
(Isto É Dinheiro – 25/10/2013)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Everntos e Exposições

Imigração italiana em Ribeirão
 
 
A professora Silvia Maria do Espírito Santo, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, participa do workshop Imigração Italiana da Região de Ribeirão Preto, que será realizado de 24 a 26 de outubro na cidade de Ribeirão Preto. Na abertura do evento, às 14 horas do dia 24 de outubro, a presença do cineasta Franco Taviani.
Aberto a todos os que se interessam pelo movimento da imigração na região de Ribeirão Preto, o evento contará com palestras, entrevistas com imigrantes e exibição de dois documentários de Franco Taviani. Confira programação no portal da FFCLRP.
As atividades do workshop serão realizadas no Cine Cauim, Rua São Sebastião, 920, e no Centro Cultural Palace, Rua Álvares Cabral, 322, centro de Ribeirão Preto. O evento é gratuito e aberto a todo o público, sem necessidade de inscrição.
Mais informações: e-mail: silesan@usp.br

sábado, 19 de outubro de 2013

Notícias


A- A A+

Nova cédula de identidade de refugiados facilitará integração dos estrangeiros no Brasil

Uma demanda histórica da população refugiada que vive no Brasil acaba de ser atendida pelo Governo Brasileiro: o termo "refugiado" foi retirado da cédula nacional de identidade desses estrangeiros e substituído por "residente". O documento ainda informará que os refugiados estão "autorizados a exercer atividade remunerada" no País, com base na Lei Brasileira de Refúgio, de julho de 1997.

A mudança já está em andamento, a cargo do Departamento da Polícia Federal (DPF) e em parceria com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da Justiça. A DPF é responsável pela emissão das cédulas de identidade de todos os estrangeiros residentes no Brasil.

Segundo informação da PF, os refugiados que possuem o modelo antigo da Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE) podem solicitar uma versão atualizada do documento. Para isso, é preciso pagar uma taxa de R$ 305,03 - também válida para a primeira via do documento. A retirada do termo "refugiado" da Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE) sempre foi demandada pelos próprios refugiados residentes no Brasil durante as avaliações participativas feitas com essa população.

Estrangeiros de diferentes idades, tanto homens como mulheres, argumentavam que a expressão “refugiado” oferece margem a interpretações incorretas, dificultando, principalmente, o acesso ao mercado de trabalho e a integração socioeconômica no país. Com base nos resultados dessas avaliações, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) e seus parceiros passaram a solicitar a mudança junto às autoridades do governo federal.

Em análise de pleito conjunto de uma solicitação do Conare e da Defensoria Pública da União, em junho de 2012, a Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça emitiu parecer recomendando a mudança à Polícia Federal, pois a medida teria a finalidade de "preservar os refugiados de discriminação ou estigmatização decorrente de interpretação equivocada.

No parecer, a consultoria jurídica do MJ avalia que a mudança do termo na cédula de identidade ajudará no processo de tratamento aos cidadãos estrangeiros residentes no Brasil. O representante do Acnur no Brasil, Andrés Ramirez, explicou que a mudança na cédula de identidade dos refugiados é uma conquista que beneficiará toda a população refugiada, pois o próprio termo ainda gera dúvidas de interpretação, tanto do ponto vista legal como semântico.

“É uma conquista que podemos considerar histórica e esperamos que facilite a integração socioeconômica dos refugiados no Brasil", afirma Andrés Ramirez.

O secretário Nacional de Justiça e presidente do Conare, Paulo Abrão, avalia o avanço como histórico, já que o pedido dos refugiados é antigo. “Com essa alteração, o Brasil cumpre com o seu papel de ampliar o rol de direitos e garantias dessa população, evitando a sua estigmatização e mantendo o diálogo aproximado com as comunidades e o aprimoramento das suas boas práticas", disse Paulo Abrão.

Outras medidas
Recentemente, o Ministério da Justiça anunciou três outras ações para simplificar o processo de concessão de refúgio no Brasil. Desde setembro, os estrangeiros que chegam ao País e solicitam o reconhecimento de sua condição de refugiado podem pedir o protocolo provisório de solicitação de refúgio diretamente com a Polícia Federal.

Antes, o documento dependia de declaração prévia do Conare. Outra medida flexibiliza os critérios legais para concessão da reunificação familiar. Além disso, uma resolução do Conare facilita a concessão de vistos de entrada no país para todos os estrangeiros que sejam afetados pelo conflito da Síria.

4,4 mil refugiados
Signatário da Convenção da ONU de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados, o Brasil abriga cerca de 4,4 mil estrangeiros reconhecidos como refugiados pelo Governo Brasileiro. As estatísticas demonstram um claro crescimento nas chegadas de solicitantes de refúgio no país.

Entre 2010 e 2012, o número total de pedidos de refúgio feito a cada ano mais que triplicou. Passou de 566, em 2010, para 2.008 no ano passado. Neste ano, as projeções do Ministério da Justiça indicam que o país já recebeu cerca de 3,5 mil novas solicitações de refúgio.
Fonte: Agência MJ de Notícias - 16.10.2013

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Filmes, livros e vídeos

O fado e a identidade portuguesa

15/10/2013
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP – Em um mundo onde milhões de pessoas vivem fora de seus países de origem, a música constitui um poderoso fator identitário, que ajuda a resgatar identidades perdidas ou a construir novas identidades. Isso é especialmente verdadeiro em relação àquela que poderia ser chamada de canção do exílio, da emigração, do nomadismo ou da diáspora.
Ao longo de décadas, por exemplo, o fado permitiu que milhares de emigrantes se reconhecessem como portugueses e que seus filhos e netos, nascidos fora de Portugal, recuperassem uma raiz havia muito secionada. Habitantes dos países que os acolheram, muitos sem nenhuma ascendência portuguesa, eventualmente se identificaram com esse gênero musical, elevado em 2011 à categoria de “Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Recém-publicado com o apoio da FAPESP, o livro Trago o fado nos sentidos é uma porta para ingressar no mundo dos admiradores e conhecedores dessa canção carregada de reminiscência e nostalgia.
Organizado por Heloísa de Araújo Duarte Valente, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Midiática da Universidade Paulista (Unip), o livro reúne artigos de vários pesquisadores e é produto do intercâmbio internacional entre o Centro de Estudos em Música e Mídia (MusiMid), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e o Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança (Inet-MD), Polo Universitário de Aveiro, em Portugal.
No prefácio do livro, Martha Tupinambá de Ulhôa, professora titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e membro do Conselho Superior da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), enfatiza a função identitária do fado.
“O fado foi o elo que permitiu a milhares de imigrantes portugueses no Brasil se verem como portugueses, e não agricultores ou pescadores de localidades isoladas e rurais. Em Portugal, a maioria dessas pessoas desconhecia o fado; só ao chegar ao Brasil e ter acesso aos programas de rádio dedicados ao gênero musical d’além-mar, redescobriu Portugal enquanto pátria a cantar e a sentir uma saudade nostálgica”, escreveu.
Nascido ou renascido nos bairros lisboetas de Mouraria e Alfama, então redutos de marginais e prostitutas, o fado foi, de início, estigmatizado pela intelectualidade conservadora, como lembra a pesquisadora Maria do Rosário Pestana, da Universidade de Aveiro, no capítulo de sua autoria (“O fado: destinos e oportunidades do ‘ser’ português”).
Para esse segmento da alta sociedade, que pretendia “regenerar” a nação portuguesa, o fado representava o exato oposto de seu ideal. Seu paradigma musical eram as canções folclóricas de origem rural, com sua celebração solar do trabalho ou da religião. Noturno, sentimental, melancólico, associado à “vida ociosa e desregrada”, o fado era bem o avesso disso.
A imprensa foi a trincheira dessa intelectualidade conservadora em sua batalha contra o fado. A emergência de novas mídias – o disco, o rádio e o cinema –, no entanto, fez mudar completamente o cenário. Seus protagonistas perceberam que o caráter anticonvencional, muitas vezes irônico e crítico, do fado estabelecia uma linha de comunicação direta com o público. E apostaram no gênero, que rapidamente se difundiu, no país e na emigração.
“A Severa”, o primeiro filme sonoro português, realizado por Leitão de Barros em 1931, a partir da novela homônima de Júlio Dantas, exaltou a figura da primeira fadista conhecida, a prostituta Maria Severa Onofriana (1820-1846), morta de tuberculose com apenas 26 anos.
Seu relacionamento amoroso com Dom Francisco de Paula Portugal e Castro, o Conde de Vimioso, tornou-se, em certa medida, uma reedição do famoso romance proibido de Dona Inês de Castro (morta em 1355) com o príncipe herdeiro do trono português, o futuro rei Dom Pedro I de Portugal – romance este celebrizado por Camões em Os Lusíadas. No coração do público, a jovem Severa revestiu-se de uma aura de santidade. E o fado, também sacralizado, pôde transitar das “tabernas suspeitas” para as “casas de família”.
“Dor da alma”
O auge do fado viria por meio de dois nomes principais: Alfredo Marceneiro (Alfredo Rodrigo Duarte, 1891-1982) e Amália Rodrigues (1920-1999), epígonos do fado castiço e do fado canção, respectivamente. Amália Rodrigues, alcunhada “a expressão máxima do fado” em turnê no Brasil, gravou seu primeiro disco, em 1945.
A saga que daí decorre está bem entrelaçada com a história da própria imigração portuguesa no Brasil, lembrou Heloísa de Araújo Duarte Valente à Agência FAPESP. Pois foi também no Rio de Janeiro que o compositor português Frederico Valério (1913-1982) compôs, para Amália, um dos mais famosos fados de todos os tempos: “Ai Mouraria”.
“Os imigrantes portugueses vieram predominantemente do norte, das áreas rurais e menos desenvolvidas de Portugal. Gostavam mesmo era das músicas simples de aldeia, das cantigas, dos ‘viras’. Mas, aqui, incorporaram o fado como fator identitário, pois ele havia se tornado sinônimo de ‘música portuguesa’”, disse Valente.
“Há, em muitos portugueses residentes no Brasil, uma carência emotiva, muitas vezes decorrente do distanciamento da terra natal, cujas raízes são certamente bastante profundas. Daí a necessidade de lembrar da origem, da aldeia deixada do outro lado do Atlântico. E até mesmo de adotar o gênero lisboeta, com o mesmo valor afetivo dado às músicas típicas do seu lugar de origem”, prosseguiu.
A pesquisadora concorda que o fato de o fado ter ocupado tal espaço no imaginário do imigrante se deve, por um lado, a uma causa puramente circunstancial: ele era, então, o gênero musical em evidência. Se fosse outro o gênero, este teria cumprido igualmente o papel, pois era necessário um elemento cultural aglutinador, nivelador.
Mas há também outra causa, muito mais profunda, que é a própria natureza predominantemente sentimental, melancólica e nostálgica do fado. Essa “dor da alma” vem a calhar com o sentimento da pessoa que está fora de seu contexto de origem. Não que todos os fados sejam tristes. Existem também os alegres. Mas poucos gêneros souberam cantar tão bem a saudade.
A historiadora Heloisa Helena de Jesus Paulo, da Universidade de Coimbra, escreveu que “Portugal é um dos maiores exportadores de gente”. E o geógrafo Jorge Carvalho Arroteia, da Universidade de Aveiro, computou o montante dessa “exportação”: mais de 2 milhões de pessoas, entre 1900 e 1975, ano em que as então colônias africanas se emanciparam do domínio português. Essa cifra corresponderia, hoje, a 20% da população total de Portugal. Se fossem somadas as parcelas correspondentes aos séculos anteriores, o número da diáspora portuguesa mais do que dobraria.
Grande parte da emigração concentrou-se no Brasil. Mas comunidades portuguesas numericamente expressivas também se constituíram nos Estados Unidos, na Venezuela, no Canadá, na África do Sul e, mais recentemente, na França, na Suíça e na Alemanha.
Ante o impacto da separação e da partida, a música desempenha papel da maior importância na construção ou reconstrução dos indivíduos e da sociedade, enfatiza Maria do Rosário Pestana no livro. “Constata-se ainda que opera mecanismos substitutivos de vivências reais. Pela música podem ser atualizadas memórias, bem como sentimentos de pertença e vinculação, mesmo naqueles cujo trajeto e linhagem não contêm essas memórias específicas. De fato, luso-descendentes e cidadãos não portugueses podem viver pela música imaginários de portugalidade”, escreveu a pesquisadora de Aveiro.
Trânsito transatlântico
Os tempos da história do fado em Portugal e na emigração nem sempre coincidiram, porém. E essas assincronias acabaram impulsionando o trânsito de fadistas de um lado para outro do Atlântico.
“Na década de 1960, o fado tornou-se malvisto nos segmentos mais progressistas da sociedade portuguesa, porque foi associado ao regime de Salazar. E, a partir da Revolução dos Cravos, em 1975, ele quase desapareceu, ficando restrito a poucos redutos”, informou Valente.
A despeito de sua origem marginal, creditada às pessoas de “má vida”, a fama adquirida pelo fado fez com que ele fosse, em certa medida, cooptado e instrumentalizado pela ditadura salazarista, o que lhe deu uma pecha de reacionarismo.
E isso apesar de Amália Rodrigues ter tido seu fado “Abandono” censurado, por ser considerado um hino de louvor aos que se encontravam encarcerados em Peniche, a mais terrível prisão política de Portugal. “Muitos artistas portugueses nessa época tiveram que vir para o Brasil, porque não tinham como continuar trabalhando em Portugal”, afirmou a pesquisadora.
Para além da conjuntura política, as relações transatlânticas envolveram também outras tensões, decorrentes de gostos e preferências e, acima de tudo, de uma espécie de ciúme bairrista. “Em nossa pesquisa, descobrimos que os fadistas que vieram de Portugal e desenvolveram carreira aqui foram, de certa maneira, malvistos em Portugal. Como se, tendo saído de lá, sua música já não pudesse ter a mesma pureza”, relatou Valente.
“Meu contato deu-se principalmente com Adélia Pedrosa, que, além de grande intérprete, foi também sócia-proprietária de restaurantes típicos que marcaram época. Ela dizia sentir-se muito afetada por essa discriminação. Até fiz uma comparação com os vinhos: o fado que emigrou já não era mais considerado ‘música de terroir’”.
Malvisto ou bem-visto, o fado da emigração assegurou a sobrevivência do gênero. Mas, pela década de 1990, ocorreu um fenômeno curioso. “Jovens, que haviam nascido nos anos 1970 e pouco ou nada sabiam do fado, entraram, muitas vezes de forma casual, em contato com ele”, informou Valente.
“Foi o que ocorreu, por exemplo, com Cristina Branco, nascida em 1972, e uma das protagonistas daquela que poderia ser chamada de ‘revivescência do fado’. Ela conta que, ao fazer 18 anos, ganhou do avô o disco “Rara e Inédita”, de Amália Rodrigues. Escutou, apaixonou-se e largou o curso de Comunicação para virar fadista. As gravadoras foram sensíveis a esse fenômeno, percebendo que, nele, se afigurava um novo nicho de mercado.”
Essa revivescência, que começou em Portugal, rapidamente se alastrou pelo mundo. Uma representante típica do momento foi a cantora Mísia, que musicou textos de Fernando Pessoa, Agustina Bessa-Luís e outros nomes da alta literatura. Mas, apesar do sucesso no exterior, principalmente na França, seu trabalho, sofisticado demais, não foi tão bem aceito pelas pessoas comuns.
Processo semelhante viria a se repetir na geração posterior, desta vez protagonizado por descendentes de portugueses radicados no estrangeiro. Foi o caso de Cindy Peixoto, entrevistada por Maria do Rosário Pestana. Nascida em Estrasburgo, na França, aprendeu fado nos discos e hoje os canta e compõe, em português e francês. Sem raízes no gênero, fez uma imersão nos bairros de Mouraria e Alfama, em Lisboa, para reencontrar o fio da tradição.
Neste ponto, porém, voltam a pesar as diferenças de tempo e temperamento. As novidades, que fazem sucesso na Europa, são praticamente ignoradas no Brasil. Até mesmo celebridades da nova geração portuguesa, como as cantoras Mariza e Ana Moura, continuam pouco conhecidas aqui. “Os portugueses do Brasil gostam mais daqueles fadistas já consolidados e que frequentemente visitam o Brasil, como Carlos do Carmo”, comenta Valente.
Um tema caro à pesquisadora é justamente esse movimento cíclico de sucesso, esquecimento e recuperação – o processo de “nomadismo”, como ela o chama – pelo qual passa o fado em sua interação com as mídias. O interesse, que suscitou no triênio 2006-2009 a pesquisa “A canção das mídias: memória e nomadismo”, apoiada pela FAPESP, é também um dos tributários de Trago o fado nos sentidos.
Trago o fado nos sentidos
Organizadora: Heloísa de Araújo Duarte Valente
Lançamento: 2013
Preço: R$ 35
Páginas: 248
Mais informações: letraevoz.webstorelw.com.br/products/trago-o-fado-nos-sentidos-heloisa-de-araujo-d-valente-org-dot


Eventos e Exposições

EVENTO NO MEMORIAL


DESIGUALDADES, DESLOCAMENTOS E POLÍTICAS
PÚBLICAS NA IMIGRAÇÃO E REFÚGIO

8 e 9 de Novembro de 2013
FUNDAÇÃO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

PROGRAMA:
8 de Novembro de 2013.

9h30 – Abertura:
Miriam Debieux Rosa (USP/PUC-SP)

10h00 – Mesa 1: Políticas públicas e desigualdades na imigração e refúgio.

Palestrantes:
Paulo Sergio de Almeida ( Presidente do Conselho Nacional de Imigração)
Carmem Lussi (OIM - Organização Internacional para as Migrações)
Mauro Iasi (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)

Coordenadores:
Taeco Toma Carignato (Laboratório Psicanálise e Sociedade - USP/PUC-SP; psicóloga da Caritas-SP)
Sandra Luzia Alencar (Laboratório Psicanálise e Sociedade - USP/PUC-SP; psicóloga na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo)

Debatedores:
Roque Patussi, coordenador do Centro de Apoio a Migrantes (CAMI)
Ruth Camacho, Centro Pastoral do Migrante/Missão Paz

14h00 – Conferência: Um projeto de atendimento a imigrantes e refugiados: consultas interculturais e
outros dispositivos clínicos.
Marie-Rose Moro (Universidade de Paris Descartes, Sorbonne; Associação Internacional de Etnopsicanálise)

Coordenadores/debatedores:
Ilana Mountian (Laboratório Psicanálise e Sociedade, supervisora do Projeto Migração e Cultura USP/PUC-SP)
Miriam Debieux Rosa (USP/PUC-SP)
Viviani do Carmo (Laboratório Psicanálise e Sociedade/USP; Laboratório   Psychologie clinique et psychopathologie/ Paris V).

DIA 9 DE NOVEMBRO DE 2013.
9h00 – MESA 2: Impasses no atendimento e assistência aos imigrantes e refugiados: saúde e saúde mental
Palestrantes:
Virginia Junqueira (Unifesp)
Felicia Knobloch (PUC-SP, Coletivo de estudos Apoio Paidéia do DSC/FCM/UNICAMP)

Coordenadores/debatedores:
Sandra Alencar (Laboratório Psicanálise e Sociedade - USP/PUC-SP; psicóloga na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo)
Maria Cristina Morelli (Centro de Acolhimento/Caritas-SP)
Celina Arantes (Região Central – Secretaria Municipal de Saúde)

Intervalo de 30 minutos e continuação da Mesa 2

Palestrantes:
Da narrativa à historia, da alienação ao sujeito: Clinica institucional do trauma com refugiados na França
Marie Saglio-Yatzimirsky (INALCO, CNRS-EHESS - Paris )
Ademir Pacelli Ferreira (IP\UERJ E NIEM- Rio de Janeiro)

Coordenadores/debatetadores:
Cristina Rocha Dias(supervisora do Projeto Migração e Cultura USP/PUC-SP)
Leonel Braga (supervisor do Projeto Migração e Cultura USP/PUC- SP; EBEP-SP)
14h00 – Mesa 3: Desejo, arte e política na imigração: Comentários sobre SUR, filme de Fernando Solanas.

Palestrantes:
Ricardo Ibarlucía (Universidad Nacional de San Martín, Argentina)
Caterina Koltai (PUC-USP)

Coordenadores/debatedores:
Luiz Antonio Palma e Silva (Núcleo Psicanálise e Política -PUC/SP e FUNDAP)
Oriana Jara Maculet (presidente da ONG Presença da América Latina)

PROPONENTES:

LABORATÓRIO PSICANÁLISE E SOCIEDADE UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Departamento de Psicologia Clínica.

Núcleo de Pesquisa Psicanálise e Política. Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

EQUIPE COORDENAÇÃO:
Miriam Debieux Rosa,
Sandra Luzia de Souza Alencar
Taeco Toma Carignato
Ilana Mountian
Luiz Palma

APOIO
FUNDAÇAO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA
LIVRARIA PULSIONAL

LOCAL: Fundação Memorial da América Latina, av. Auro Soares de Moura Andrade 664, portões 1, 2 e 5, Barra Funda, São Paulo.

__._,_.___