CSEM
25 anos O CSEM e o UniCEUB convidam a todos(as) para participar no
seminário “A criminalização das migrações e a proposta para o novo
código penal brasileiro”.
O
evento acontecerá no dia 12/11/2013, de 19h às 22h, no campus do Centro
Universitário de Brasília - UniCEUB. O evento é aberto ao público e não
será cobrada taxa de inscrição.
No
atual contexto de revisão do Código Penal brasileiro, especialmente a
partir da proposta de reformulação do Capítulo XV, que diz respeito ao
estrangeiro, o evento pretende incentivar a reflexão e a discussão sobre
a criminalização das migrações internacionais.
Lembramos que é necessário confirmar presença via o email estudos2@csem.org.br para garantir o material do seminário.
Para maiores informações, entre em contato conosco pelo telefone (061) 3327-0669 ou pelo e-mail estudos2@csem.org.br.
Contamos com sua presença e com o apoio na divulgação deste evento.
Atenciosamente,
Equipe CSEM
domingo, 3 de novembro de 2013
Eventos e Exposições
CONGRESSO
I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade
PROGRAMAÇÃO
7 de novembro
Quinta-feira
08h00 – 09h00 Credenciamento e entrega de materiais
09h00 – 09h30 Sessão de abertura do evento. Apresentação trilíngue
09h30 – 10h30 Conferência de abertura: Usos y abusos del concepto de interculturalidad en un
mundo fragmentado
Conferencista: Bartomeu Melià – (ISEHF)
Mediador: José Maria Rodrigues (UNA)
10h30 – 12h30 Mesa-redonda I: Interculturalidade e Tradução Cultural
Ana Rossi (UnB)
Interculturalidade, Tradição cultural e Tradução Literária? : que questionamentos?
Sérgio Rodrigues Medeiros ( UFSC)
Poesia brasileira contemporânea e dicções indígenas - tradução/recriação de cantos ameríndios
Nestor Ganduglia (MFAL)
La tradición oral mágica: lenguaje olvidado de la memoria
Mediadora: Alai Garcia Diniz (UNILA)
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 – 16h00 Mesa-redonda II: Intermidialidade e cultura de convergência
Lívia Flores Lopes (UFRJ)
Sob o signo do vagalume
Jorge La Ferla (UBA/FUC)
Intermidialidade e cultura de convergência
Mijail Mondol López (UCR)
Música e interculturalidad. El tango en la sociedad costarricense
Mediador: Anselmo Peres Alós (UFSM)
16h00 – 17h30 Sessões de Comunicações I
17h30 – 18h00 Intervalo cultural: Guarani ñembo’e ava guaraníme: Ñe’ëtekuaa mbo’e ava tekoha Jaragua, Sao Paulope. Apresentação de vídeos sobre
a Lengua Guaraní en la ciudad de São Paulo: la construcción colectiva de la identidad. Mário Ramão Villalva Filho (UNILA). Com tradução
em espanhol e portugués.
18h00 – 20h00 Mesa-redonda III: Mediação Cultural
Adriana Almada (BIC)
Prácticas interculturales en las bienales de arte contemporáneo. La curaduría como ejercicio de
mediación
Carlos Alberto Bonfim (UFBA)
Atilio Roque González (UNESCO)
Políticas cinematográficas regionales: las experiencias en el Mercosur e Iberoamérica
Mediadora: Diana Araujo Pereira (UNILA)
20h00 - 21h00 Apresentação cultural: Leitura Poética
8 de novembro
Sexta-feira
09h00 –11h00 Mesa-redonda IV: A interculturalidade como prática
Sylvia Duarte Dantas (UNIFESP e IEA/USP)
Interculturalidade e as implicações psicológicas: intervenção psicossocial na inserção cultural
Dilma de Melo Silva (USP)
Desafios da Interculturalidade: exemplos no campo das Artes
Marcia Paraquett (UFBA)
Contando histórias que fizeram a História do espanhol no Brasil
Mediadora: Ângela Erazo Muñoz (UNILA)
11h00 –12h30 Sessões de Comunicações II
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 –16h00 Mesa-redonda V: Educação Intercultural Maria Ceres Pereira (UFGD)
Atitudes positivas e negativas nas experiências de fronteira - questões de bilinguismo
José Ribamar Bessa Freire (UERJ)
Escola bilingue: uma embaixada em território indígena?
José Javier Rodas (Escuela Fortin Mbororé, AR) e Carlos Benitez (Escuela Fortin Mbororé, AR.)
La interculturalidad en la Escuela Mbororé de Puerto Iguazú
Mediadora: Maria Eta Vieira (UNILA)
16h00 – 17h30 Sessões de Comunicações III
17h30 – 18h00 Intervalo cultural: Lançamento de livros
18h00 – 20h00 Mesa-redonda VI: Políticas linguísticas e Multiculturalismo
Maria Elena Pires Santos (Unioeste)
Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (URFJ)
O espanhol e as línguas indígenas na América
Teófilo Laime Ajacopa (UMSA)
Política lingüística en Bolivia
Mediador: Leandro Diniz (UFMG)
9 de novembro
Sábado
09h30 – 11h00 Mesa-redonda VII: Antropologia como tradução de cosmologias e cosmovisões
Carlo Bonfiglioli (UNAM)
Devenir otro sin dejar de ser rarámuri
Rafael Bastos (USFC)
Cosmoaudição e Mundo Ameríndio - Lógica das Qualidades Sensíveis e Biopolítica da Sensorialidade
Hugo Portela Guarin (Universidad del Cauca)
Cosmovisiones e interculturalidad en salud: los conflictos de la traducción)
Mediadora: Barbara Arisi (UNILA)
11h00 – 12h30 Sessões de Comunicações IV
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 – 15h30 Sessões de Comunicações V
15h30 – 16h30 Conferência de Encerramento - Imaginários Sonoros e Práticas Interculturais
Conferencista: Ángel Quintero Rivera (Universidad de Puerto Rico)
16h30 Sessão de Encerramento
I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade
I Congreso internacional América Latina Aty guasu América Latina ha Interculturalidad
América Latina e Caribe: cenários linguístico-culturais contemporâneos
PROGRAMAÇÃO
7 de novembro
Quinta-feira
08h00 – 09h00 Credenciamento e entrega de materiais
09h00 – 09h30 Sessão de abertura do evento. Apresentação trilíngue
09h30 – 10h30 Conferência de abertura: Usos y abusos del concepto de interculturalidad en un
mundo fragmentado
Conferencista: Bartomeu Melià – (ISEHF)
Mediador: José Maria Rodrigues (UNA)
10h30 – 12h30 Mesa-redonda I: Interculturalidade e Tradução Cultural
Ana Rossi (UnB)
Interculturalidade, Tradição cultural e Tradução Literária? : que questionamentos?
Sérgio Rodrigues Medeiros ( UFSC)
Poesia brasileira contemporânea e dicções indígenas - tradução/recriação de cantos ameríndios
Nestor Ganduglia (MFAL)
La tradición oral mágica: lenguaje olvidado de la memoria
Mediadora: Alai Garcia Diniz (UNILA)
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 – 16h00 Mesa-redonda II: Intermidialidade e cultura de convergência
Lívia Flores Lopes (UFRJ)
Sob o signo do vagalume
Jorge La Ferla (UBA/FUC)
Intermidialidade e cultura de convergência
Mijail Mondol López (UCR)
Música e interculturalidad. El tango en la sociedad costarricense
Mediador: Anselmo Peres Alós (UFSM)
16h00 – 17h30 Sessões de Comunicações I
17h30 – 18h00 Intervalo cultural: Guarani ñembo’e ava guaraníme: Ñe’ëtekuaa mbo’e ava tekoha Jaragua, Sao Paulope. Apresentação de vídeos sobre
a Lengua Guaraní en la ciudad de São Paulo: la construcción colectiva de la identidad. Mário Ramão Villalva Filho (UNILA). Com tradução
em espanhol e portugués.
18h00 – 20h00 Mesa-redonda III: Mediação Cultural
Adriana Almada (BIC)
Prácticas interculturales en las bienales de arte contemporáneo. La curaduría como ejercicio de
mediación
Carlos Alberto Bonfim (UFBA)
Atilio Roque González (UNESCO)
Políticas cinematográficas regionales: las experiencias en el Mercosur e Iberoamérica
Mediadora: Diana Araujo Pereira (UNILA)
20h00 - 21h00 Apresentação cultural: Leitura Poética
8 de novembro
Sexta-feira
09h00 –11h00 Mesa-redonda IV: A interculturalidade como prática
Sylvia Duarte Dantas (UNIFESP e IEA/USP)
Interculturalidade e as implicações psicológicas: intervenção psicossocial na inserção cultural
Dilma de Melo Silva (USP)
Desafios da Interculturalidade: exemplos no campo das Artes
Marcia Paraquett (UFBA)
Contando histórias que fizeram a História do espanhol no Brasil
Mediadora: Ângela Erazo Muñoz (UNILA)
11h00 –12h30 Sessões de Comunicações II
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 –16h00 Mesa-redonda V: Educação Intercultural Maria Ceres Pereira (UFGD)
Atitudes positivas e negativas nas experiências de fronteira - questões de bilinguismo
José Ribamar Bessa Freire (UERJ)
Escola bilingue: uma embaixada em território indígena?
José Javier Rodas (Escuela Fortin Mbororé, AR) e Carlos Benitez (Escuela Fortin Mbororé, AR.)
La interculturalidad en la Escuela Mbororé de Puerto Iguazú
Mediadora: Maria Eta Vieira (UNILA)
16h00 – 17h30 Sessões de Comunicações III
17h30 – 18h00 Intervalo cultural: Lançamento de livros
18h00 – 20h00 Mesa-redonda VI: Políticas linguísticas e Multiculturalismo
Maria Elena Pires Santos (Unioeste)
Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (URFJ)
O espanhol e as línguas indígenas na América
Teófilo Laime Ajacopa (UMSA)
Política lingüística en Bolivia
Mediador: Leandro Diniz (UFMG)
9 de novembro
Sábado
09h30 – 11h00 Mesa-redonda VII: Antropologia como tradução de cosmologias e cosmovisões
Carlo Bonfiglioli (UNAM)
Devenir otro sin dejar de ser rarámuri
Rafael Bastos (USFC)
Cosmoaudição e Mundo Ameríndio - Lógica das Qualidades Sensíveis e Biopolítica da Sensorialidade
Hugo Portela Guarin (Universidad del Cauca)
Cosmovisiones e interculturalidad en salud: los conflictos de la traducción)
Mediadora: Barbara Arisi (UNILA)
11h00 – 12h30 Sessões de Comunicações IV
12h30 – 14h00 Almoço
14h00 – 15h30 Sessões de Comunicações V
15h30 – 16h30 Conferência de Encerramento - Imaginários Sonoros e Práticas Interculturais
Conferencista: Ángel Quintero Rivera (Universidad de Puerto Rico)
16h30 Sessão de Encerramento
notícias
Escapar ao círculo vicioso
28 outubro 2013
Polityka
Varsóvia
28 outubro 2013
Polityka
Varsóvia
Haddad
O reforço dos controlos nas fronteiras europeias não
dissuade os emigrantes e beneficia os passadores. A melhor estratégia
seria atacar a raiz do fenómeno – a pobreza nos países de origem dos
imigrantes.
Khaled Bensalam tem 35 anos e possui uma larga experiência de navegação. O seu pai era pescador e, por isso, a família nunca passou fome. Começou a ir ao mar era ainda muito novo e, ao chegar à adolescência, já segurava o leme. Quando a pesca deixou de ser rentável, Bensalam trocou-a pelo contrabando de seres humanos. Da Tunísia, onde vive, a viagem até à Europa não é longa. A ilha italiana de Lampedusa fica apenas a 70 milhas, o que corresponde a 22 horas de navegação, se o mar estiver calmo. Depois de deduzidas as despesas (combustível, os pagamentos ao cunhado que angaria os clientes e os subornos para a guarda costeira), duas dessas viagens por ano permitir-lhe-iam viver num luxo relativo.
As duas primeiras, em 2012, correram sem problemas. Os jornalistas italianos até entrevistaram os passageiros; a embarcação de madeira de 36 pés transportava não mais de 50 pessoas. Os preços variavam entre os 1000 euros para os estrangeiros, os 800 para os tunisinos e os 500 por criança. Em abril, Bensalam sofreu a primeira adversidade; já perto de Lampedusa, antes do amanhecer, o seu barco foi acidentalmente iluminado pelo projetor de um barco-partulha italiano.
Minutos depois, os italianos estavam a bordo. Bensalam foi preso e, alguns dias mais tarde, deportado para a Tunísia, onde passou várias semanas na cadeia. A embarcação foi confiscada, mas Bensalam decidiu não desistir do negócio. Pediu dinheiro emprestado a parentes e, recorrendo aos serviços de um gang local, comprou um barco de 60 pés, com capacidade para 300 passageiros.
Quer dizer, em teoria: porque, quando voltou a fazer-se ao mar, em setembro, levava mais de 500 pessoas a bordo. Desta vez, tudo correu mal logo desde o princípio. Primeiro, alguém disparou contra eles, quando estavam a largar do porto, danificando o motor. Depois, a bomba de esgoto deixou de funcionar. Em seguida, os passageiros entraram em pânico. Quando o barco se afundou ao largo de Lampedusa, em 3 de outubro, pelo menos 350 imigrantes ilegais perderam a vida, no que viria a ser designado como a “catástrofe de Lampedusa”. Bensalam sobreviveu e está a aguardar julgamento. Mas, no mesmo dia, pelo menos dois outros barcos que transportavam imigrantes ilegais chegaram ao seu destino em segurança. Sem risco, não há recompensa, como costuma dizer-se.
Os governos europeus gastam milhares de milhões de euros por ano, no combate ao problema. Vários Estados-membros da UE criaram agências especiais para lidar com a imigração ilegal. A Frontex, a agência de proteção das fronteiras da UE, está em funcionamento desde 2004. Tanto na UE como nos Estados Unidos, as fronteiras são patrulhadas e vigiadas com recurso às tecnologias mais recentes e mais avançadas, incluindo drones e satélites. Só na UE, trabalham na área da imigração ilegal mais de 300 ONG, em muitos casos subsidiadas por fundos públicos. Quais os efeitos? Praticamente nenhuns. O número de imigrantes ilegais que chegam ao continente continua a aumentar.
No seu livro sobre o contrabando de seres humanos, o autor marroquino Mehdi Lahlou descreve aquilo a que chama o “círculo vicioso” das políticas anti-imigração europeias. Os políticos, e também os órgãos de comunicação social, exploram as tragédias como o desastre de Lampedusa de 3 de outubro para empolar o problema da imigração, levando os governos a reduzir ainda mais as possibilidades de imigração legal. Por seu turno, esse facto obriga os emigrantes a procurar vias de acesso cada vez mais perigosas, aumentando a sua dependência dos passadores. Lahlou salienta que foi precisamente isso que aconteceu, quando a Espanha e a Itália introduziram os vistos para os cidadãos do Magrebe, no começo dos anos de 1990, e os britânicos conseguiram bloquear a rota do contrabando através de Gibraltar. Quase de imediato, foram ativadas novas rotas mais longas e mais perigosas: do Sara Ocidental para as Ilhas Canárias e através do Mediterrâneo para Itália.
Neste domínio, é a procura (potenciais imigrantes) que suscita a oferta (passadores). Enquanto houver pessoas originárias de África, do Afeganistão ou do México que querem abandonar os seus países para tentar ter uma vida melhor, haverá sempre quem esteja disposto a ajudá-las, por um determinado preço, independentemente das dificuldades.
Segundo alguns especialistas em imigração, a única maneira de acabar com o contrabando de seres humanos para a Europa – ou, pelo menos, de reduzir a sua dimensão – é criar, nos países de origem, condições que levem os candidatos a imigrantes a deixar de estar interessados em emigrar. Por outras palavras, garantir que estes encontrem nos seus países o emprego que sonham conseguir na Europa. Contudo, isso implicaria abrir o mercado europeu – para começar, o dos alimentos – a produtos de regiões como o Norte de África, o que é impossível por razões políticas. A UE gasta anualmente 100 milhões de euros na proteção das suas fronteiras, através da Frontex – 600 vezes menos do que gasta com a Política Agrícola Comum. Portanto, se não querem couves tunisinas na Europa, os europeus acabarão, mais cedo ou mais tarde, por ter os próprios tunisinos no continente.
Khaled Bensalam tem 35 anos e possui uma larga experiência de navegação. O seu pai era pescador e, por isso, a família nunca passou fome. Começou a ir ao mar era ainda muito novo e, ao chegar à adolescência, já segurava o leme. Quando a pesca deixou de ser rentável, Bensalam trocou-a pelo contrabando de seres humanos. Da Tunísia, onde vive, a viagem até à Europa não é longa. A ilha italiana de Lampedusa fica apenas a 70 milhas, o que corresponde a 22 horas de navegação, se o mar estiver calmo. Depois de deduzidas as despesas (combustível, os pagamentos ao cunhado que angaria os clientes e os subornos para a guarda costeira), duas dessas viagens por ano permitir-lhe-iam viver num luxo relativo.
As duas primeiras, em 2012, correram sem problemas. Os jornalistas italianos até entrevistaram os passageiros; a embarcação de madeira de 36 pés transportava não mais de 50 pessoas. Os preços variavam entre os 1000 euros para os estrangeiros, os 800 para os tunisinos e os 500 por criança. Em abril, Bensalam sofreu a primeira adversidade; já perto de Lampedusa, antes do amanhecer, o seu barco foi acidentalmente iluminado pelo projetor de um barco-partulha italiano.
Minutos depois, os italianos estavam a bordo. Bensalam foi preso e, alguns dias mais tarde, deportado para a Tunísia, onde passou várias semanas na cadeia. A embarcação foi confiscada, mas Bensalam decidiu não desistir do negócio. Pediu dinheiro emprestado a parentes e, recorrendo aos serviços de um gang local, comprou um barco de 60 pés, com capacidade para 300 passageiros.
Quer dizer, em teoria: porque, quando voltou a fazer-se ao mar, em setembro, levava mais de 500 pessoas a bordo. Desta vez, tudo correu mal logo desde o princípio. Primeiro, alguém disparou contra eles, quando estavam a largar do porto, danificando o motor. Depois, a bomba de esgoto deixou de funcionar. Em seguida, os passageiros entraram em pânico. Quando o barco se afundou ao largo de Lampedusa, em 3 de outubro, pelo menos 350 imigrantes ilegais perderam a vida, no que viria a ser designado como a “catástrofe de Lampedusa”. Bensalam sobreviveu e está a aguardar julgamento. Mas, no mesmo dia, pelo menos dois outros barcos que transportavam imigrantes ilegais chegaram ao seu destino em segurança. Sem risco, não há recompensa, como costuma dizer-se.
Novas rotas mais longas e perigosas
Para vergonha do mundo desenvolvido, o contrabando de seres humanos tem vindo a fazer cada vez mais vítimas
Para
vergonha do mundo desenvolvido, o contrabando de seres humanos tem
vindo a fazer cada vez mais vítimas. Só desde janeiro de 2013, cerca de
2000 pessoas afogaram-se junto à costa Sul da União Europeia – mais do
que em todo o ano passado. O contrabando de emigrantes também se tornou
um risco de segurança para os países de destino, que perderam o controlo
das suas fronteiras. Por último, a imigração ilegal está a alimentar o sentimento de xenofobia, um fenómeno que é crescentemente explorado por políticos cínicos.Os governos europeus gastam milhares de milhões de euros por ano, no combate ao problema. Vários Estados-membros da UE criaram agências especiais para lidar com a imigração ilegal. A Frontex, a agência de proteção das fronteiras da UE, está em funcionamento desde 2004. Tanto na UE como nos Estados Unidos, as fronteiras são patrulhadas e vigiadas com recurso às tecnologias mais recentes e mais avançadas, incluindo drones e satélites. Só na UE, trabalham na área da imigração ilegal mais de 300 ONG, em muitos casos subsidiadas por fundos públicos. Quais os efeitos? Praticamente nenhuns. O número de imigrantes ilegais que chegam ao continente continua a aumentar.
No seu livro sobre o contrabando de seres humanos, o autor marroquino Mehdi Lahlou descreve aquilo a que chama o “círculo vicioso” das políticas anti-imigração europeias. Os políticos, e também os órgãos de comunicação social, exploram as tragédias como o desastre de Lampedusa de 3 de outubro para empolar o problema da imigração, levando os governos a reduzir ainda mais as possibilidades de imigração legal. Por seu turno, esse facto obriga os emigrantes a procurar vias de acesso cada vez mais perigosas, aumentando a sua dependência dos passadores. Lahlou salienta que foi precisamente isso que aconteceu, quando a Espanha e a Itália introduziram os vistos para os cidadãos do Magrebe, no começo dos anos de 1990, e os britânicos conseguiram bloquear a rota do contrabando através de Gibraltar. Quase de imediato, foram ativadas novas rotas mais longas e mais perigosas: do Sara Ocidental para as Ilhas Canárias e através do Mediterrâneo para Itália.
A
relação entre o passador e a pessoa contrabandeada termina no país de
destino, ou seja, no local onde a relação traficante/escravo começa
O
insucesso da Europa na resolução do problema do contrabando de seres
humanos deve-se, em grande parte, a um entendimento errado. Para
começar, existe uma confusão de terminologia, porque as expressões
“tráfico de seres humanos” e “contrabando de seres humanos” são muitas
vezes usadas indiferenciadamente no debate público europeu, quando, na
realidade, refletem dois fenómenos completamente diferentes. O tráfico é
uma forma de escravatura e o contrabando é voluntário. A relação entre o
passador e a pessoa contrabandeada termina no país de destino, ou seja,
no local onde a relação traficante/escravo começa.A procura suscita a oferta
A política de imigração da UE centra-se há muito nos passadores, isto é, na vertente da oferta de um serviço ilegal. Depois da catástrofe de Lampedusa, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, prometeu um novo pacote legislativo “ar e mar”, que irá prever que a Itália destaque três vezes mais navios e aeronaves para a zona entre África e a Sicília, para combater esta forma de contrabando. Mas, mais uma vez, o efeito pode ser contraproducente.Neste domínio, é a procura (potenciais imigrantes) que suscita a oferta (passadores). Enquanto houver pessoas originárias de África, do Afeganistão ou do México que querem abandonar os seus países para tentar ter uma vida melhor, haverá sempre quem esteja disposto a ajudá-las, por um determinado preço, independentemente das dificuldades.
Segundo alguns especialistas em imigração, a única maneira de acabar com o contrabando de seres humanos para a Europa – ou, pelo menos, de reduzir a sua dimensão – é criar, nos países de origem, condições que levem os candidatos a imigrantes a deixar de estar interessados em emigrar. Por outras palavras, garantir que estes encontrem nos seus países o emprego que sonham conseguir na Europa. Contudo, isso implicaria abrir o mercado europeu – para começar, o dos alimentos – a produtos de regiões como o Norte de África, o que é impossível por razões políticas. A UE gasta anualmente 100 milhões de euros na proteção das suas fronteiras, através da Frontex – 600 vezes menos do que gasta com a Política Agrícola Comum. Portanto, se não querem couves tunisinas na Europa, os europeus acabarão, mais cedo ou mais tarde, por ter os próprios tunisinos no continente.
Notícias
Portal SAE:
Pesquisa sobre imigração de trabalhadores no País (Brasil alemanha News, em 22.10.2013)
Pesquisa sobre imigração de trabalhadores no País (Brasil alemanha News, em 22.10.2013)
Levantamento será realizado pela EMDOC em parceria com a Secretaria
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR)
Redação Brasil Alemanha News
A partir de novembro, a EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global, inicia trabalho de pesquisa sobre o processo imigratório no País. Denominado “Contratação de mão de obra estrangeira no Brasil: uma análise da experiência das empresas brasileiras”, o levantamento é realizado em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e terá como objetivo identificar os entraves encontrados pelas empresas ao contratarem imigrantes para trabalhar no País. Ao todo, mais de 200 empresas devem ser consultadas pela pesquisa.
Ao contrário de países desenvolvidos, que apresentam crescente aumento no número de imigrantes, no Brasil, a trajetória é de forte queda. Em 1900, cerca de 7,3% da população brasileira era composta por imigrantes. Em 2010, este número caiu para 0,4%. Em números absolutos, mesmo considerando que o total da população cresceu mais de 10 vezes neste intervalo, a quantidade de imigrantes caiu de 1,6 milhão para apenas 600 mil, no mesmo intervalo.
“A contratação de mão de obra estrangeira é essencial para garantir o aumento da produtividade e, consequentemente, da nossa competitividade internacional. Com a pesquisa, a SAE terá um mapeamento completo de onde estão as dificuldades encontradas pelas empresas quando decidem trazer estes profissionais para o Brasil, ou seja, reforça uma preocupação estratégica com o desenvolvimento de longo prazo do nosso País”, explica João Marques, sócio-fundador da EMDOC.
Em países como Suíça e Nova Zelândia, o percentual de imigrantes chega a 23,2% e 22,4%, respectivamente. O Brasil perde inclusive para a África do Sul, último país a ser incorporado aos BRICS, cujo percentual de imigrantes corresponde a 3,7% da população.
“Não há dúvidas sobre os benefícios proporcionados pela vinda de imigrantes para o País. Se analisarmos a própria história brasileira destacaremos a fundamental participação dos imigrantes no século XX para a modernização da nossa agricultura, assim como para o desenvolvimento do nosso comércio e setor de serviços, bem como do processo industrial”, reitera Marques.
O número de vistos de trabalho tem crescido ao longo dos anos, porém o Brasil ainda é pouco atrativo. No ranking dos países mais atrativos, o País se encontra na 27ª colocação, enquanto o Chile está em 9º e a China, em 19º.
“A pesquisa que iremos realizar dará subsídios para identificar os problemas e, consequentemente, abre espaço para a adoção de políticas para incentivar e desburocratizar a vinda de estrangeiros para o País. Acreditamos que se trata de uma mudança estratégica e que terá grandes consequências no longo prazo”, reitera o executivo.
Reprodução: http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=3904
Redação Brasil Alemanha News
A partir de novembro, a EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global, inicia trabalho de pesquisa sobre o processo imigratório no País. Denominado “Contratação de mão de obra estrangeira no Brasil: uma análise da experiência das empresas brasileiras”, o levantamento é realizado em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e terá como objetivo identificar os entraves encontrados pelas empresas ao contratarem imigrantes para trabalhar no País. Ao todo, mais de 200 empresas devem ser consultadas pela pesquisa.
Ao contrário de países desenvolvidos, que apresentam crescente aumento no número de imigrantes, no Brasil, a trajetória é de forte queda. Em 1900, cerca de 7,3% da população brasileira era composta por imigrantes. Em 2010, este número caiu para 0,4%. Em números absolutos, mesmo considerando que o total da população cresceu mais de 10 vezes neste intervalo, a quantidade de imigrantes caiu de 1,6 milhão para apenas 600 mil, no mesmo intervalo.
“A contratação de mão de obra estrangeira é essencial para garantir o aumento da produtividade e, consequentemente, da nossa competitividade internacional. Com a pesquisa, a SAE terá um mapeamento completo de onde estão as dificuldades encontradas pelas empresas quando decidem trazer estes profissionais para o Brasil, ou seja, reforça uma preocupação estratégica com o desenvolvimento de longo prazo do nosso País”, explica João Marques, sócio-fundador da EMDOC.
Em países como Suíça e Nova Zelândia, o percentual de imigrantes chega a 23,2% e 22,4%, respectivamente. O Brasil perde inclusive para a África do Sul, último país a ser incorporado aos BRICS, cujo percentual de imigrantes corresponde a 3,7% da população.
“Não há dúvidas sobre os benefícios proporcionados pela vinda de imigrantes para o País. Se analisarmos a própria história brasileira destacaremos a fundamental participação dos imigrantes no século XX para a modernização da nossa agricultura, assim como para o desenvolvimento do nosso comércio e setor de serviços, bem como do processo industrial”, reitera Marques.
O número de vistos de trabalho tem crescido ao longo dos anos, porém o Brasil ainda é pouco atrativo. No ranking dos países mais atrativos, o País se encontra na 27ª colocação, enquanto o Chile está em 9º e a China, em 19º.
“A pesquisa que iremos realizar dará subsídios para identificar os problemas e, consequentemente, abre espaço para a adoção de políticas para incentivar e desburocratizar a vinda de estrangeiros para o País. Acreditamos que se trata de uma mudança estratégica e que terá grandes consequências no longo prazo”, reitera o executivo.
Reprodução: http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=3904
Notícias
BRASIL PRECISA DE MAIS EXECUTIVOS ESTRANGEIROS
Steve
Ingham, CEO da Michael Page, defende a necessidade de o Brasil deixar de
lado qualquer tipo de xenofobia e abrir as portas aos profissionais
estrangeiros.
A recuperação econômica nos Estados Unidos e em alguns países da
Europa pode dar novos contornos ao mercado global de trabalho para
executivos. Mas poucas pessoas no planeta têm uma visão tão privilegiada
das mudanças no topo quanto o inglês Steve Ingham, CEO da Michael Page,
a maior empresa de recrutamento de executivos do mundo, com operações
em 25 países.Para ele, o Brasil deve ter uma boa movimentação em postos de trabalho no próximo ano, devido aos investimentos por conta da Copa do Mundo e das eleições. Mas, para o crescimento ser sustentável, o governo precisa tomar as decisões difíceis para que os investimentos não desapareçam. Entre as medidas preconizadas, Ingham defende a importância de deixar de lado qualquer tipo de xenofobia. “O País deve abrir as portas aos profissionais estrangeiros”, afirma.
DINHEIRO – Há, no mundo, uma recuperação do mercado de empregos para executivos?
INGHAM – As análises variam completamente de região para região. O mercado americano está bom de novo. O Brasil também vai bem. O México apresenta um crescimento ainda maior. A Ásia idem. E até mesmo na Espanha estamos detectando um crescimento, por surpreendente que possa parecer para muitas pessoas. Gradualmente, as coisas estão melhorando. Só na Europa as coisas ainda estão problemáticas.
DINHEIRO – O momento brasileiro está descolado do restante da América Latina?
INGHAM – O crescimento é desigual por toda a região, de acordo com as políticas adotadas e com a variação dos preços das commodities mais importantes para cada país. O mercado brasileiro está num momento diferente do restante do continente. No Brasil, acontece um arrefecimento, enquanto o México entrou em um momento de grande expansão. Os resultados dos países na Costa do Pacífico também são melhores que os do lado do Atlântico.
DINHEIRO – Mas há expectativas de reaquecimento para o Brasil?
INGHAM – No próximo ano, haverá eleições por aqui, não? Por isso, haverá investimentos do governo para ganhar votos. Mas o problema é que as medidas fundamentais não estão sendo adotadas, como a flexibilização de leis trabalhistas e o controle do orçamento. Sem rigidez nos limites de gastos, os investidores começam a dificultar os empréstimos e aumentam os juros para o dinheiro que vai financiar os investimentos. Há muitas batatas quentes com que lidar, o que torna difícil se chegar a uma decisão sobre cada uma delas. Principalmente em um ano eleitoral. Os políticos fazem aquilo que dá votos. Mas é uma pena constar que fazer a coisa certa traz impopularidade na política. Por isso, os governos buscam fazer apenas o suficiente e esperam que tudo dê certo no final. É diferente de como funciona nas empresas, nas quais tomar as decisões certas traz reconhecimento.
DINHEIRO – Há uma percepção de que o salário do executivo brasileiro está inflacionado. Por que isso acontece?
INGHAM – Em alguns mercados há uma forte demanda por pessoas bem preparadas, mas a oferta às vezes é pequena. No Brasil, há muitas empresas bem-sucedidas em busca de gente cada vez melhor. Então, a guerra por talentos no Brasil inflaciona os salários. Houve uma situação extrema em 2011, em especial, para posições técnicas. Para atrair as pessoas, os pacotes de bonificações ficaram muito elevados, principalmente nos bancos. O câmbio da época também fazia com que alguns salários de executivos no Brasil fossem maiores, em libras esterlinas ou dólares, do que os dos seus chefes globais.
DINHEIRO – O peso principal então está nas bonificações?
INGHAM – Existe uma visão geral das companhias premiarem mais pelo desempenho. Vai ganhar mais quem entregar resultados. Os paraquedas de ouro ficaram muito impopulares, depois que grandes executivos deixaram empresas em dificuldades com uma bolada no bolso. A questão problemática é que muita gente foi contratada para fazer recuperações complexas de empresas, algo que leva tempo, mas está sendo cobrada por resultados de curto prazo. É como acontece com os técnicos de times de futebol. Vemos isso na Premier League, a principal divisão do futebol inglês. Depois da saída do Alex Ferguson, do Manchester United, que permaneceu 26 anos no cargo, não sobraram técnicos trabalhando por muito tempo em suas equipes. Excetuando o treinador do Arsenal, o tempo máximo de permanência de um técnico atual é de dois anos.
DINHEIRO – No Brasil é pior ainda. Para os comentaristas esportivos daqui, a Premier League é a referência em termos de permanência no cargo. Aqui pouquíssimos times que começaram o campeonato ainda têm os mesmos treinadores.
INGHAM – Dessa forma, não dá para se avaliar um trabalho. Não dá tempo para os resultados aparecerem. Seja numa empresa ou num time de futebol, não adianta cobrar em curto prazo quando os objetivos propostos são para longo prazo. Mas é o que está acontecendo em muitas empresas.
DINHEIRO – As carreiras dos altos executivos estão se internacionalizando?
INGHAM – Sem dúvida essa é uma das principais tendências atuais. O mundo está menor. O jovem de São Paulo não pensa apenas em fazer carreira por aqui. Ele quer o mundo. É assim em todos os lugares. Mas isso assusta os governos.
DINHEIRO – De que forma?
INGHAM – Vemos governos de todo o mundo lutando contra a imigração. É uma preocupação maior em países com alto índice de desemprego. No Reino Unido, é assim. Somos um país multicultural e que se beneficiou disso. Mas os governos não querem dar vistos para todo mundo. Com isso, acabam restringindo também a chegada dos melhores cérebros. O Brasil deve abrir as portas aos profissionais estrangeiros, se quiser ter uma indústria de tecnologia forte Ao tentar proteger os empregos locais, os países perdem a oportunidade de ter pessoas que podem criar negócios novos e empregar mais gente.
DINHEIRO – Que outro setor brasileiro precisa bastante de estrangeiros?
INGHAM – O Brasil sente falta de gente especializada em petróleo e gás. E nós estamos procurando essas pessoas em locais com gente experiente na exploração de petróleo, como Aberdeen, na Escócia, e Perth, na Austrália. É normal essa realocação de pessoas. Na Espanha, por exemplo, temos muitos talentos, enquanto na Cidade do México e em Bogotá há um mercado com muita demanda. Como se fala espanhol em todos esses lugares, é natural transferir essas pessoas.
DINHEIRO – As empresas também se beneficiam com essa experiência multicultural?
INGHAM – É importante para as empresas que as pessoas em altos cargos tenham experiências internacionais, se elas desejam de fato serem companhias globais. Pessoas de lugares diferentes possuem talentos diferentes. Temos um exemplo disso na própria Michael Page. Um executivo inglês, que sempre trabalhou na Inglaterra, foi transferido para Xangai. Lá ele aprendeu muitas coisas novas, e por fim acabou indo para Taiwan abrir o nosso escritório local. Na minha época era diferente. Comecei há 27 anos na sede londrina da Michael Page e permaneço lá. Hoje minha trajetória seria diferente.
DINHEIRO – Mas algumas características são desejadas para as pessoas de todas as partes do mundo, não?
INGHAM – Procuramos em todos os lugares pessoas focadas, ambiciosas e que sabem o que querem. Também precisam ter boa capacidade de comunicação, uma característica necessária para se fazer qualquer trabalho. Em alguns casos, avaliamos muito as experiências profissionais e os conhecimentos técnicos, como para cargos de engenheiros. Acima de tudo, é preciso ter integridade e honestidade. É essencial ser alguém em quem se pode acreditar.
DINHEIRO – Existe uma tendência de exportação de executivos brasileiros?
INGHAM – Existem alguns casos, como o do presidente da cervejaria Inbev, Carlos Brito. Mas ainda é raro encontrar altos executivos brasileiros na Europa e nos EUA. Na América Latina, isso já acontece bastante. Muitas empresas transferem o executivo para cuidar de uma operação menor na região, antes de voltar e assumir a presidência no Brasil. Mas uma tendência grande nos últimos anos foi a da volta de brasileiros ao País, porque aqui havia mais oportunidades.
DINHEIRO – Pode-se dizer que se tornou mais difícil gerenciar empresas depois da crise mundial iniciada em 2008?
INGHAM – A crise ensinou que as pessoas precisam estar preparadas para tudo, porque podem precisar mudar todo o plano de negócios rapidamente.
DINHEIRO – A preocupação no Brasil e em outros países do Brics está em que a recuperação econômica americana tire os holofotes e os investimentos daqui. Os recursos financeiros e as contratações podem sumir se isso acontecer?
INGHAM – Se os EUA consomem mais, ajudam a América Latina e a Europa. Os países que mostrarem eficiência podem ganhar mais com isso. Não importa o produto, hoje tudo precisa ser feito em alto volume. Veja o exemplo da Foxconn, que fabrica eletrônicos para muitas empresas de tecnologia. As companhias vão buscar investir onde se produz com mais vantagens.
DINHEIRO – Mas há dúvidas se somos eficientes…
INGHAM – No Brasil, a infraestrutura ainda é um problema. A China está conseguindo superar esse empecilho e outros por meio de muitos investimentos. A indiana Tata Motors e a sua controlada Jaguar Land Rover, por exemplo, estão contratando chineses e depois levando-os para serem treinados no centro do Reino Unido, para ganhar experiência com os melhores trabalhadores. A empresa indiana também afirmou estar avaliando a Arábia Saudita e o Brasil para a instalação de novas fábricas. Eles vão fazer o estudo do ambiente de negócios local, e se acharem que aqui vão encontrar problemas, como sindicatos problemáticos ou excesso de impostos, podem decidir não vir. No Reino Unido, o grupo Tata não pode nem ouvir falar de sindicatos, já que, na sua opinião, eles têm prejudicado a produtividade de suas fábricas. Para uma empresa indiana, é difícil entender isso.
Carlos Eduardo Valim
(Isto É Dinheiro – 25/10/2013)
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