Médicos Sem Fronteiras, 19/11/12:
http://www.msf.org.br/noticias/1548/violencia-se-intensifica-no-kivu-do-norte-e-mobiliza-msf/?utm_source=Newsletter&utm_medium=Informativo&utm_campaign=Doador&mktcode=A129311&utm_source=Base+Doador&utm_campaign=dc759797a4-20121129_News_Novembro_Doador11_28_2012&utm_medium=email
Violência
se intensifica no Kivu do Norte e mobiliza MSF
Milhares de
pessoas fogem de Goma, à medida que os rebeldes avançam
sobre a cidade, na
República Democrática do Congo
Com a chegada dos rebeldes nos
arredores de Goma, capital da província
de Kivu do Norte, na República
Democrática do Congo, dezenas de
milhares de pessoas fugiram dos conflitos,
deixando vilarejos e campos
de refugiados vazios.
“A atmosfera na
cidade é tensa. As pessoas estão preocupadas”, afirmou
Grace Tang,
coordenadora geral de MSF em Goma. “A luta que por meses
forçou centenas de
milhares de pessoas a abandonarem suas casas em
outras regiões do país agora
bate à porta de Goma.”
O campo de Kanyaruchinya, onde MSF está atuando,
está agora vazio,
depois de aproximadamente 60 mil pessoas – muitas das quais
já tinham
se deslocado anteriormente – terem fugido em pânico.
Muitos
conseguiram alcançar os campos de Mugunga III, Mugunga I e Lac Vert
ou
dirigiram-se para o sul, rumo aos acampamentos de Minova e Kirotche,
na
província vizinha de Kivu do Sul.
Segundo equipes médicas, milhares de
pessoas chegaram desde ontem,
desesperadas para serem registradas. As
condições em muitos
acampamentos são precárias, com escassa distribuição de
alimentos. Os
campos de Lac Vert e Mugunga I estão recebendo suporte de MSF,
que
oferece serviços de saúde, água e saneamento.
As equipes de
Médicos Sem Fronteiras (MSF) em campo continuam
preparadas para responder a
necessidades médicas adicionais e
humanitárias. Equipes médicas adicionais –
incluindo cirurgiões – e
suprimentos já estão sendo preparados, caso haja
novos conflitos e
deslocamentos. O Centro de Tratamento de Cólera em Goma
está sendo
preparado para um influxo de novos casos, à medida que dezenas
de
milhares de pessoas chegam e se instalam na cidade e nas
redondezas.
Em Pinga, também no Kivu do Norte, a violência volta a
aumentar e,
novamente, a população foge em busca de segurança
Na
semana passada, conflitos armados voltaram a afetar a cidade de
Pinga, na
província de Kivu do Norte, na República Democrática do
Congo (RDC). A
violência forçou 20 mil habitantes e a maioria dos
profissionais congoleses
trabalhando com Médicos Sem Fronteiras (MSF)
a fugir pela segunda vez em seis
semanas.
Grupos armados entraram em confronto nos últimos dias,
espalhando o
pânico pela região. Temendo por suas vidas, as pessoas agarraram
o que
puderam carregar e correram para as florestas das redondezas.
Distante
de suas casas e vilarejos, a população tem acesso
extremamente
limitado a cuidados de saúde. Alguns dos que foram feridos
nos
confrontos foram trazidos ao hospital administrado por MSF em Mweso,
a
50 km da capital. Ali, médicos trataram 24 pacientes com
traumas
violentos. Outras 12 pessoas conseguiram chegar ao centro de saúde
de
Mpeti, a 18 km de Pinga.
“Este tipo de violência e fuga em massa
está acontecendo por toda a
província de Kivu do Norte. Estamos tentando
responder da melhor forma
possível em meio a circunstâncias muito difíceis e
desafiadoras”,
disse Grace Tang, coordenadora geral de MSF.
Uma equipe
de profissionais qualificados permanece em Pinga e está
tentando manter
alguns dos serviços disponíveis no centro de saúde e
no hospital da cidade,
abrigando-se em uma sala protegida quando a
violência torna-se muito intensa.
Visitas para oferecer suporte aos
centros de saúde dos vilarejos da redondeza
são consideradas muito
perigosas no momento.
Os conflitos em andamento
no leste da RDC continuam a elevar os níveis
de violência e deslocamentos,
além de gerar enormes demandas
humanitárias. MSF atende milhares de pessoas
gratuitamente a cada mês
por toda a província de Kivu do Norte em diversos
hospitais, centros e
postos de saúde em Rutshuru, Masisi, Mweso, Kitchanga,
Walikale,
Muganga I, Lac Vert, Kanyaruchinya e Pinga. Há também diversos
Centros
de Tratamento de Cólera (CTCs), clínicas móveis e atividades
de
resposta a emergências.
Imigrantes ilegais detidos em Corinto dizem que são agredidos e humilhados
Foto: EFE
Foto: EFE
Amontoados, sem roupa adequada, sem água quente, sem calefação, em
péssimas condições higiênicas, mal alimentados, sem acesso a remédios,
em uma situação judicial incerta e submetidos a humilhações e surras
ocasionais.
Essas são as condições nas quais a Grécia mantém os milhares de imigrantes ilegais e refugiados, nos chamados "centros de detenção para estrangeiros", que são tão precários que os internos de um deles, o de Corinto, o apelidaram ironicamente com o mesmo nome da famosa base americana: Guantánamo.
"Nos mantêm fechados como animais. Não tenho direitos", se queixa Ali Hassan, um afegão foragido de seu país e que está detido há dois meses junto a outras 800 pessoas no centro de Corinto, um antigo quartel militar. Todas as pessoas detidas foram vítimas de uma ordem do governo grego nos últimos meses, no marco da operação Zeus Xenios contra a imigração irregular no país, transformado na principal porta de entrada dos "imigrantes ilegais" na Europa. Segundo dados da polícia, durante a operação foram detidos 4.092 estrangeiros.
"O suposto objetivo de deter todas essas pessoas é preparar os documentos necessários para sua repatriação, mas como vão fazer isso nestes centros se nem sequer há tradutores? O único objetivo é fazê-los desaparecer da visão pública", critica o advogado Spyros Kulojeris. De acordo com Kulojeris, em alguns centros são mantidos adultos e crianças nas mesmas celas, o que representa uma violação da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.
O ministro do Interior, Nikos Dendias, afirmou recentemente no Parlamento que o centro de Corinto foi escolhido pelo "excelente estado de seus dormitórios, salas de convalescença e refeitórios". "As instalações possuem calefação e água e foram comprados cobertores e toalhas de acordo com o necessário. O respeito das regras de higiene e de segurança são primordiais para o Ministério", acrescentou.
Nesta semana, ao visitar o centro de detenção de Corinto junto a uma delegação parlamentar, a agência EFE pôde comprovar como os estrangeiros são obrigados a permanecer fechados em grupos de 60 a 80 pessoas em dormitórios de cerca de 120 m². Os dormitórios são fechados com barras e os refugiados só podem sair deles, ao pátio, durante no máximo uma hora por dia (segundo a direção, durante três horas por dia).
Não há clínicas e a comida - de má qualidade segundo imigrantes e advogados consultados pela EFE - é servida através das grades e não há mesa para comer. "Olha o que nos deram de café da manhã", denuncia Hassan, um bengalês que mostra um pedaço de pão seco e um copo de leite diluído em água.
Também não há calefação e nem água quente porque, de acordo com o chefe da polícia, Vassilios Stavropulos, "faltam fundos". Como todo abrigo, são oferecidos uma fina manta e um lençol, que não são suficientes, já que as temperaturas no inverno ficam abaixo dos 10°C. A maioria dos detentos fica entre dois e quatro meses com a mesma roupa, já que no momento de sua prisão não é permitido recolher os próprios pertences.
Nas últimas semanas, três centros de detenção foram palcos de protestos e greves de fome para reivindicar água quente e comida decente. No caso de Corinto, estes protestos foram reprimidos com forças antidistúrbios e o uso de gás lacrimogêneo dentro dos edifícios, reconheceu Stavropulos alegando que os imigrantes "iriam comer" os policiais.
O relator especial da ONU para os direitos humanos dos imigrantes, François Crepeau, concluiu nesta semana uma visita à Grécia na qual denunciou que as condições de detenção são "horríveis" e que os centros gregos são "lugares onde não gostaria de passar nem uma hora". Só neste ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Grécia em três oportunidades por violar o artigo 3 do Convênio Europeu de Direitos Humanos, que proíbe a "tortura" e os "maus tratos" nas prisões.
Mas o governo grego, denuncia Kulojeris, "não se preocupa com os direitos humanos dessas pessoas e nem com as convenções internacionais". Fawzi mostra um machucado em sua perna. "Isso aconteceu na última vez em que os policiais entraram em nossa cela para nos bater enquanto rezávamos". Em frente, fechado em outra cela abarrotada, o tunisiano Mohammed se lamenta. "Supõe-se que esta seja a Europa, mas já vi coisas horríveis neste lugar".
Essas são as condições nas quais a Grécia mantém os milhares de imigrantes ilegais e refugiados, nos chamados "centros de detenção para estrangeiros", que são tão precários que os internos de um deles, o de Corinto, o apelidaram ironicamente com o mesmo nome da famosa base americana: Guantánamo.
"Nos mantêm fechados como animais. Não tenho direitos", se queixa Ali Hassan, um afegão foragido de seu país e que está detido há dois meses junto a outras 800 pessoas no centro de Corinto, um antigo quartel militar. Todas as pessoas detidas foram vítimas de uma ordem do governo grego nos últimos meses, no marco da operação Zeus Xenios contra a imigração irregular no país, transformado na principal porta de entrada dos "imigrantes ilegais" na Europa. Segundo dados da polícia, durante a operação foram detidos 4.092 estrangeiros.
"O suposto objetivo de deter todas essas pessoas é preparar os documentos necessários para sua repatriação, mas como vão fazer isso nestes centros se nem sequer há tradutores? O único objetivo é fazê-los desaparecer da visão pública", critica o advogado Spyros Kulojeris. De acordo com Kulojeris, em alguns centros são mantidos adultos e crianças nas mesmas celas, o que representa uma violação da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.
O ministro do Interior, Nikos Dendias, afirmou recentemente no Parlamento que o centro de Corinto foi escolhido pelo "excelente estado de seus dormitórios, salas de convalescença e refeitórios". "As instalações possuem calefação e água e foram comprados cobertores e toalhas de acordo com o necessário. O respeito das regras de higiene e de segurança são primordiais para o Ministério", acrescentou.
Nesta semana, ao visitar o centro de detenção de Corinto junto a uma delegação parlamentar, a agência EFE pôde comprovar como os estrangeiros são obrigados a permanecer fechados em grupos de 60 a 80 pessoas em dormitórios de cerca de 120 m². Os dormitórios são fechados com barras e os refugiados só podem sair deles, ao pátio, durante no máximo uma hora por dia (segundo a direção, durante três horas por dia).
Não há clínicas e a comida - de má qualidade segundo imigrantes e advogados consultados pela EFE - é servida através das grades e não há mesa para comer. "Olha o que nos deram de café da manhã", denuncia Hassan, um bengalês que mostra um pedaço de pão seco e um copo de leite diluído em água.
Também não há calefação e nem água quente porque, de acordo com o chefe da polícia, Vassilios Stavropulos, "faltam fundos". Como todo abrigo, são oferecidos uma fina manta e um lençol, que não são suficientes, já que as temperaturas no inverno ficam abaixo dos 10°C. A maioria dos detentos fica entre dois e quatro meses com a mesma roupa, já que no momento de sua prisão não é permitido recolher os próprios pertences.
Nas últimas semanas, três centros de detenção foram palcos de protestos e greves de fome para reivindicar água quente e comida decente. No caso de Corinto, estes protestos foram reprimidos com forças antidistúrbios e o uso de gás lacrimogêneo dentro dos edifícios, reconheceu Stavropulos alegando que os imigrantes "iriam comer" os policiais.
O relator especial da ONU para os direitos humanos dos imigrantes, François Crepeau, concluiu nesta semana uma visita à Grécia na qual denunciou que as condições de detenção são "horríveis" e que os centros gregos são "lugares onde não gostaria de passar nem uma hora". Só neste ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Grécia em três oportunidades por violar o artigo 3 do Convênio Europeu de Direitos Humanos, que proíbe a "tortura" e os "maus tratos" nas prisões.
Mas o governo grego, denuncia Kulojeris, "não se preocupa com os direitos humanos dessas pessoas e nem com as convenções internacionais". Fawzi mostra um machucado em sua perna. "Isso aconteceu na última vez em que os policiais entraram em nossa cela para nos bater enquanto rezávamos". Em frente, fechado em outra cela abarrotada, o tunisiano Mohammed se lamenta. "Supõe-se que esta seja a Europa, mas já vi coisas horríveis neste lugar".
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