13 de Dezembro de 2012 • 10h04
• atualizado às 10h20
Imigrantes ilegais detidos em Corinto dizem que são agredidos e humilhados
Foto: EFE
Foto: EFE
Amontoados, sem roupa adequada, sem água quente, sem calefação, em
péssimas condições higiênicas, mal alimentados, sem acesso a remédios,
em uma situação judicial incerta e submetidos a humilhações e surras
ocasionais.
Essas são as condições nas quais a Grécia mantém os milhares de imigrantes ilegais e refugiados, nos chamados "centros de detenção para estrangeiros", que são tão precários que os internos de um deles, o de Corinto, o apelidaram ironicamente com o mesmo nome da famosa base americana: Guantánamo.
"Nos mantêm fechados como animais. Não tenho direitos", se queixa Ali Hassan, um afegão foragido de seu país e que está detido há dois meses junto a outras 800 pessoas no centro de Corinto, um antigo quartel militar. Todas as pessoas detidas foram vítimas de uma ordem do governo grego nos últimos meses, no marco da operação Zeus Xenios contra a imigração irregular no país, transformado na principal porta de entrada dos "imigrantes ilegais" na Europa. Segundo dados da polícia, durante a operação foram detidos 4.092 estrangeiros.
"O suposto objetivo de deter todas essas pessoas é preparar os documentos necessários para sua repatriação, mas como vão fazer isso nestes centros se nem sequer há tradutores? O único objetivo é fazê-los desaparecer da visão pública", critica o advogado Spyros Kulojeris. De acordo com Kulojeris, em alguns centros são mantidos adultos e crianças nas mesmas celas, o que representa uma violação da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.
O ministro do Interior, Nikos Dendias, afirmou recentemente no Parlamento que o centro de Corinto foi escolhido pelo "excelente estado de seus dormitórios, salas de convalescença e refeitórios". "As instalações possuem calefação e água e foram comprados cobertores e toalhas de acordo com o necessário. O respeito das regras de higiene e de segurança são primordiais para o Ministério", acrescentou.
Nesta semana, ao visitar o centro de detenção de Corinto junto a uma delegação parlamentar, a agência EFE pôde comprovar como os estrangeiros são obrigados a permanecer fechados em grupos de 60 a 80 pessoas em dormitórios de cerca de 120 m². Os dormitórios são fechados com barras e os refugiados só podem sair deles, ao pátio, durante no máximo uma hora por dia (segundo a direção, durante três horas por dia).
Não há clínicas e a comida - de má qualidade segundo imigrantes e advogados consultados pela EFE - é servida através das grades e não há mesa para comer. "Olha o que nos deram de café da manhã", denuncia Hassan, um bengalês que mostra um pedaço de pão seco e um copo de leite diluído em água.
Também não há calefação e nem água quente porque, de acordo com o chefe da polícia, Vassilios Stavropulos, "faltam fundos". Como todo abrigo, são oferecidos uma fina manta e um lençol, que não são suficientes, já que as temperaturas no inverno ficam abaixo dos 10°C. A maioria dos detentos fica entre dois e quatro meses com a mesma roupa, já que no momento de sua prisão não é permitido recolher os próprios pertences.
Nas últimas semanas, três centros de detenção foram palcos de protestos e greves de fome para reivindicar água quente e comida decente. No caso de Corinto, estes protestos foram reprimidos com forças antidistúrbios e o uso de gás lacrimogêneo dentro dos edifícios, reconheceu Stavropulos alegando que os imigrantes "iriam comer" os policiais.
O relator especial da ONU para os direitos humanos dos imigrantes, François Crepeau, concluiu nesta semana uma visita à Grécia na qual denunciou que as condições de detenção são "horríveis" e que os centros gregos são "lugares onde não gostaria de passar nem uma hora". Só neste ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Grécia em três oportunidades por violar o artigo 3 do Convênio Europeu de Direitos Humanos, que proíbe a "tortura" e os "maus tratos" nas prisões.
Mas o governo grego, denuncia Kulojeris, "não se preocupa com os direitos humanos dessas pessoas e nem com as convenções internacionais". Fawzi mostra um machucado em sua perna. "Isso aconteceu na última vez em que os policiais entraram em nossa cela para nos bater enquanto rezávamos". Em frente, fechado em outra cela abarrotada, o tunisiano Mohammed se lamenta. "Supõe-se que esta seja a Europa, mas já vi coisas horríveis neste lugar".
Essas são as condições nas quais a Grécia mantém os milhares de imigrantes ilegais e refugiados, nos chamados "centros de detenção para estrangeiros", que são tão precários que os internos de um deles, o de Corinto, o apelidaram ironicamente com o mesmo nome da famosa base americana: Guantánamo.
"Nos mantêm fechados como animais. Não tenho direitos", se queixa Ali Hassan, um afegão foragido de seu país e que está detido há dois meses junto a outras 800 pessoas no centro de Corinto, um antigo quartel militar. Todas as pessoas detidas foram vítimas de uma ordem do governo grego nos últimos meses, no marco da operação Zeus Xenios contra a imigração irregular no país, transformado na principal porta de entrada dos "imigrantes ilegais" na Europa. Segundo dados da polícia, durante a operação foram detidos 4.092 estrangeiros.
"O suposto objetivo de deter todas essas pessoas é preparar os documentos necessários para sua repatriação, mas como vão fazer isso nestes centros se nem sequer há tradutores? O único objetivo é fazê-los desaparecer da visão pública", critica o advogado Spyros Kulojeris. De acordo com Kulojeris, em alguns centros são mantidos adultos e crianças nas mesmas celas, o que representa uma violação da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.
O ministro do Interior, Nikos Dendias, afirmou recentemente no Parlamento que o centro de Corinto foi escolhido pelo "excelente estado de seus dormitórios, salas de convalescença e refeitórios". "As instalações possuem calefação e água e foram comprados cobertores e toalhas de acordo com o necessário. O respeito das regras de higiene e de segurança são primordiais para o Ministério", acrescentou.
Nesta semana, ao visitar o centro de detenção de Corinto junto a uma delegação parlamentar, a agência EFE pôde comprovar como os estrangeiros são obrigados a permanecer fechados em grupos de 60 a 80 pessoas em dormitórios de cerca de 120 m². Os dormitórios são fechados com barras e os refugiados só podem sair deles, ao pátio, durante no máximo uma hora por dia (segundo a direção, durante três horas por dia).
Não há clínicas e a comida - de má qualidade segundo imigrantes e advogados consultados pela EFE - é servida através das grades e não há mesa para comer. "Olha o que nos deram de café da manhã", denuncia Hassan, um bengalês que mostra um pedaço de pão seco e um copo de leite diluído em água.
Também não há calefação e nem água quente porque, de acordo com o chefe da polícia, Vassilios Stavropulos, "faltam fundos". Como todo abrigo, são oferecidos uma fina manta e um lençol, que não são suficientes, já que as temperaturas no inverno ficam abaixo dos 10°C. A maioria dos detentos fica entre dois e quatro meses com a mesma roupa, já que no momento de sua prisão não é permitido recolher os próprios pertences.
Nas últimas semanas, três centros de detenção foram palcos de protestos e greves de fome para reivindicar água quente e comida decente. No caso de Corinto, estes protestos foram reprimidos com forças antidistúrbios e o uso de gás lacrimogêneo dentro dos edifícios, reconheceu Stavropulos alegando que os imigrantes "iriam comer" os policiais.
O relator especial da ONU para os direitos humanos dos imigrantes, François Crepeau, concluiu nesta semana uma visita à Grécia na qual denunciou que as condições de detenção são "horríveis" e que os centros gregos são "lugares onde não gostaria de passar nem uma hora". Só neste ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Grécia em três oportunidades por violar o artigo 3 do Convênio Europeu de Direitos Humanos, que proíbe a "tortura" e os "maus tratos" nas prisões.
Mas o governo grego, denuncia Kulojeris, "não se preocupa com os direitos humanos dessas pessoas e nem com as convenções internacionais". Fawzi mostra um machucado em sua perna. "Isso aconteceu na última vez em que os policiais entraram em nossa cela para nos bater enquanto rezávamos". Em frente, fechado em outra cela abarrotada, o tunisiano Mohammed se lamenta. "Supõe-se que esta seja a Europa, mas já vi coisas horríveis neste lugar".
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