quarta-feira, 27 de março de 2013

Filmes, vídeos e livros

ALDEIA DO SILÊNCIO
Frei Betto


Um homem que se comunicava pelo silêncio.  Palavras construídas em pensamento e que ganharam o mundo através de seus escritos.  Assim é o homem que faleceu em um hospital 17 anos depois de ter sido ali internado.
Uma vez alfabetizado, seu mutismo tornou-se intransponível.  E sua internação alimentou-se de intensa leitura. Ao morrer, deixou um caderno com um rico relato de como vivera antes de ingressar no hospital.
Aldeia do silêncio, de Frei Betto, é uma viagem pelo mundo interior de uma pessoa sem nome próprio, mas com identidade definida.  Vivendo com seu avô, sua mãe, o cachorro e o urubu de estimação, esse personagem aprendeu a preencher com silêncio seu vazio interior.  
Sua família vivia reclusa, longe de qualquer sinal de “civilização”.  O isolamento também os libertava do controle do tempo. “Prescindíamos de relógio e calendário; ali o tempo desconhecia marcadores de ciclos e velocidade”, escreveu o personagem enquanto definhava no leito de hospital.
Mas a paz conquistada pelo isolamento não duraria para sempre.  Mesmo resistindo por anos ao apelo do pai – que fora viver na cidade – para que deixasse aquele local considerado atrasado e miserável, o homem sem nome não pôde enfrentar a força dos estranhos que chegaram à aldeia e o exilaram de sua casa e de sua família, as únicas referências que conhecera por toda a vida.
Cultivando o silêncio, ele descobriu o poder da palavra.  E também como a palavra é, todos os dias, maltratada e violentada.  Parecia-lhe que as pessoas têm necessidade de falar, tagarelar, banalizar o uso do verbo, enquanto ele, desde criança, se deliciava com cada palavra aprendida de uma forma que ninguém jamais entenderia.
“Não é a boca que faz o silêncio, é o âmago do nosso ser (...) O verdadeiro silêncio cala o espírito e se traduz em paz interior, em inquietação d´alma, e a ninguém julga, nem a si mesmo.”  Em Aldeia do silêncio, Frei Betto convida o leitor a refletir sobre o mistério da linguagem e a inestimável riqueza do silêncio interior.
O autor
FREI BETTO é autor de 56 obras, como os   romances Minas do Ouro, Hotel Brasil – O mistério das cabeças degoladas, Um homem chamado Jesus, A arte de semear estrelas, Alfabetto – autobiografia escolar, Alucinado som de tuba, O vencedor e O dia de Ângelo. Publicou também livros de contos, como Aquário Negro e Treze contos diabólicos e um angélico. Entre os títulos infantojuvenis, destacam-se Começo, meio e fim, Uala, o amor, Maricota e o mundo das letras, A menina e o elefante, Fogãozinho – culinária em histórias infantis, Saborosa viagem pelo Brasil e Talita abre a porta dos evangelhos. Por sua obra literária, Frei Betto ganhou duas vezes o prêmio Jabuti, além do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e o prêmio Alba de Literatura. Suas obras foram traduzidas para 24 idiomas.

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