Carta Capital, 18/06/12:
http://www.cartacapital.com.br/internacional/pedidos-de-asilo-quintuplicaram-no-brasil-em-20
Pedidos
de asilo quintuplicaram no Brasil em 2011
Gabriel Bonis
O Brasil
recebeu 4,670 mil pedidos de asilo de cidadãos estrangeiros
em 2011, um
número cinco vezes maior que no ano anterior, segundo o
relatório Global
Trends 2011(Tendências Globais, em tradução livre) do
Alto Comissariado das
Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), divulgado
nesta segunda-feira 18.
Segundo o documento, viviam no País até o
final do último ano 4.477 mil
refugiados, contra os 4.357 mil em 2010.
O aumento exponencial pode ser
explicado pelo grande número de pedidos
de asilo por haitianos, em fuga do
país caribenho após o terremoto que
matou mais 220 mil pessoas, em janeiro de
2010, e da precarização das
condições do país desde então. “Os haitianos
solicitaram a condição de
refugiados, apesar de não se enquadrarem na
definição (pessoas
forçadas a deixar o país de origem devido a conflitos,
perseguições
políticas, étnicas, religiosas e violações dos direitos
humanos)”,
explica Andrés Ramirez, representante do ACNUR no Brasil,
em
entrevista aCartaCapital. “Eles começaram a chegar em 2010
pela
tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru e também pelo Acre.”
Após
a catástrofe e o elevado fluxo de haitianos na Amazônia, o Brasil
decidiu
restringir a entrada desta população no início de 2012. O
governo anunciou,
no entanto, a regularização da situação de cerca de
4 mil haitianos que
entraram no País. Eles receberam vistos de
trabalho com validade de cinco
anos, mas foi reduzido para 100 o
número de vistos mensais emitidos pela
embaixada brasileira no país
caribenho para os interessados em imigrar ao
Brasil.
O governo também apontou que os haitianos não poderão entrar no
País
na condição de refugiados políticos, por decisão do Conselho
Nacional
para os Refugiados (Conare). O entendimento é que os haitianos
deixam
o país em razão da vulnerabilidade econômica local. Mesmo
assim,
Ramirez acredita que o Brasil procurou entender a situação
dos
haitianos e buscou soluções inteligentes e humanitárias para
o
problema. “Isso tem ajudado para que o Brasil tenha uma
legislação
avançada para os refugiados e assuma a liderança regional no
assunto,
com órgãos que permitem a participação desta população na
sociedade
civil”, afirma. “No Brasil, o solicitante de refúgio pode tramitar
com
a carteira de trabalho imediatamente, algo simples, mas básico para
se
inserir no País.”
O relatório do ACNUR também mostrou que 42,5 milhões
de pessoas em
todo o mundo foram forçadas a fugir ou se manter longe de suas
casas
por risco de vida. O número passou dos 42 milhões pelo quinto
ano
seguido. Os dados incluem 15,2 milhões de refugiados externos
(pessoas
que tiveram que cruzar as fronteiras de seus países) – 10,4
milhões
sob os cuidados do ACNUR e 4,8 milhões de refugiados palestinos
-,
além de 26,4 milhões de deslocados internos (dentro de suas
próprias
fronteiras).
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