Mulheres Invisíveis: Histórias não contadas de imigração
Lourdes e Basilia decidiram que sairiam juntas da República Dominicana no final de 2013. As duas primas, de idades próximas, viram que se quisessem para os filhos uma vida diferente daquela que tinham na periferia de Santo Domingo teriam de partir. Em pouco tempo, juntaram as economias e mais um pouco de dinheiro emprestado com familiares, contataram um coiote – fácil quando se tem plata em mãos -, fecharam as malas e se prepararam para a viagem ao sul da América. As duas nem imaginavam que estavam entrando em um jogo de tabuleiro: a cada parada planejada na rota dos atravessadores teriam de pagar mais se quisessem avançar de casa. O preço de movimento girava sempre em torno de U$S 1 mil.
Foi assim que alguns dias depois de saírem de Santo Domingo, tendo gasto todas as economias da viagem, elas se viram paradas na porta de uma pensão em Quito tentando entender seu destino final. O Equador não oferecia muitas oportunidades. Das outras mulheres estrangeiras que estavam ali esperando, vindas também da América Central, ouviam que as únicas opções eram ir embora ou trabalhar na prostituição. Muitas de suas conterrâneas, sem ter a quem recorrer, optaram por sobreviver. Dez dias depois de chegarem ao Equador, Basília e Lourdes apelaram mais uma vez à família. Telefonaram a Santo Domingo e pediram outra remessa de dinheiro que permitisse que elas chegassem ao lugar onde ouviram dizer que teriam emprego certo: o Brasil. Estavam juntas, mas ainda assim eram duas mulheres sozinhas. Como diz Lourdes, “dá medo ser mulher e andar sozinha, sem saber onde você vai parar”.
O número de mulheres migrantes cresce a cada ano e em muitos países já ultrapassa o de homens. Ainda assim, quando se fala em migrações, elas seguem invisíveis. Nas narrativas da mídia sobre crises de refugiados ou novos movimentos migratórios, mulheres raramente aparecem nas fotos, quanto mais como personagens de reportagens. Nas discussões sobre os fluxos migratórios, elas têm presença quase irrisória diante dos homens. Mas ainda que ignorada, a perspectiva de gênero está em questão “desde o momento da partida, a escolha de quem vai migrar, os motivos da migração, a permanência ou o retorno”, como analisa a pesquisadora da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Gláucia Assis.
“No Brasil, por exemplo, na década de 1980, nós tínhamos 250 mil brasileiros no exterior e só 18-19% eram mulheres. Hoje, em termos mundiais, o fluxo imigratório de mulheres já representa 48,5%, segundo o último dado da ONU. Na América Latina é superior, 58,2%”, aponta Jurandir Zamberlan do CIBAI Migrações, de Porto Alegre. Entre os chamados “novos rostos migratórios” – imigrantes que chegam ao Brasil vindos do Caribe, da África e do sudoeste da Ásia – o número de mulheres também tem aumentado nos últimos anos. Dominicanas, como Lourdes e Basilia, são a nacionalidade mais comum na migração feminina. “Das outras, nós recebemos 95% de homens. Agora, com a relativa estabilidade dos homens aqui eles têm começado o processo de reunião familiar, trazendo as companheiras, filhos”, diz Zamberlan.
Mais do que isso, a imigração de mulheres é diversa envolvendo vários contextos, as mais diferentes histórias. “O que define uma mulher imigrante? É que elas são muitas. Elas não vem só acompanhar migração, elas são trabalhadoras. São várias mulheres, várias histórias, vários contextos”, analisa Gláucia. “E na maioria das vezes não é apenas uma questão econômica, mas questões de situações políticas e religiosas que fazem com que migrem. É importante notar que as mulheres têm agência no processo [migratório]”.
Imigração sob suspeita
Ainda era 2013 quando Basilia e Lourdes entraram no Brasil de ônibus em Puerto Maldonado, na fronteira do Peru, de forma legal, com seus passaportes em mãos, mas ainda por trabalho do coiote. Tiveram de esperar alguns dias para encaminhar a solicitação de visto. Do tempo no Acre, elas lembram apenas da dificuldade para comer, do chão onde dormiram e da poeira que estava por toda parte. Outra dominicana que viajava com elas, sem dinheiro, contou que para passar a fronteira teria que “viver com o coiote”. Essa foi a imposição. Pelo tempo que ele definisse, ela serviria como a mulher para ele ter relações sexuais a hora que bem entendesse. “Depois ela chegou: tive que fazê-lo, porque senão ele me deixava no deserto lá”, lembra Basília.
Relatos de abuso sexual e violações de direitos estão entre os principais riscos sofridos por mulheres migrantes. Em setembro deste ano, a organização britânica Women For Women Refugee (Mulheres pelas Mulheres Refugiadas) lançou uma carta chamando a atenção para o problema. Uma reportagem do New York Times, publicada em outubro, conta que embora apenas 2% dos adolescentes que migram sozinhos para os Estados Unidos sejam meninas, “são elas que têm os mais cruéis contos de abuso”. Na série sobre migração “Os Invisíveis”, dirigida por Gael García Bernal para a Anistia Internacional, o episódio que aborda a saga de mulheres hondurenhas para entrar nos EUA afirma que 6 a cada 10 imigrantes são abusadas sexualmente no caminho. Outro vídeo, produzido pela International Womens Rights Action Watch (IWRAW), defende que “uma vez que uma mulher decide embarcar em uma jornada de imigração, ela está mais suscetível a encontrar violações de seus direitos do que homens”. Seja qual for sua idade.
A senegalesa Arame ouviu de um conhecido da família que no Brasil poderia ter oportunidades melhores de futuro. Mas poderia ter escutado em alguma rua no Senegal. Segundo ela, homens vendendo o “sonho brasileiro” se tornaram artigo comum nos mercados públicos do país. Como o amigo da família já possuía visto permanente de residência no Brasil, ele sugeriu que poderia fazer uma carta convite para que Arame viesse. Pensando que isso a livraria dos custos e riscos de um coiote, a jovem aceitou a proposta. Conversou com a mãe e juntas somaram as economias para que ela pudesse ir atrás de uma chance do outro lado do Atlântico. Quando desembarcou no aeroporto do Rio de Janeiro, depois de um voo tumultuado, Arame descobriu que teria de entregar os quase U$S 8 mil – reservados para mantê-la nos primeiros meses – pela carta que lhe abriu as portas do Brasil. O conhecido sumiu em São Paulo assim que pegou o dinheiro. Ela estava sozinha sem conhecer nada, nem falar uma palavra em português. O único custo de uma carta convite são R$ 2,78 cobrados para autenticação, em qualquer cartório brasileiro.
Hoje, quatro anos depois, Arame vive em Passo Fundo, cidade no norte do Rio Grande do Sul, e tenta acolher em sua casa conterrâneos recém-chegados. Depois de dois anos de relacionamento com um homem senegalês, ela foi deixada para trás com um filho nos braços. Arame conta que se preocupa especialmente com as mulheres. Uma delas, depois de um mês no Brasil conseguiu chegar ao sul e à sua casa. Ela também passou por experiências de abuso e prostituição, mas não fala sobre o assunto. A única coisa que diz é que só não volta para casa para não enfrentar todo o caminho outra vez.
“É como se a imigração feminina estivesse sob suspeita. Você fica presa a dois estereótipos: ou ela é vítima ou ela é cúmplice das situações de tráfico”
Ainda que aconteçam, essas situações são apenas parte da realidade. O problema é que são suficientes para colocar “a migração feminina sob suspeita”, segundo a pesquisadora e antropóloga Gláucia Assis. “Para as mulheres a preocupação [antigamente] era se elas estavam casadas; para os homens era se eles tinham trabalho. Hoje em dia a situação se modificou. Você tem muito mais mulheres migrando sozinhas, mulheres mais qualificadas, mas ainda tem muito preconceito quanto à migração das mulheres e muita suspeita em relação a ela. Suspeita no sentido de ‘estão indo se inserir no mercado do sexo, estão indo trabalhar com prostituição’. É como se a imigração feminina estivesse sob suspeita. Você fica presa a dois estereótipos: ou ela é vítima ou ela é cúmplice das situações de tráfico”, explica Assis.A pesquisadora lembra ainda que, desde 1960, houve um aumento significativo no número de migrantes em geral, ligado às transformações do capitalismo e a uma série de serviços que antes não existiam. É neste momento também que se abre a demanda por mão-de-obra feminina nos chamados serviços de cuidado, como trabalho doméstico, cuidados de idosos, baby sitters, trabalho em setor de serviços. “Vai se criando nichos de mercado de trabalho para esses grupos de imigrantes. Elas cuidam nos Estados Unidos das casas e dos filhos dos outros, enquanto pagam alguém nos seus países para cuidar dos filhos delas. É um rede internacional de cuidados, mas que também é de precarização do trabalho. Na maior parte destes países, as mulheres têm mais dificuldade de legalização, não tem direitos trabalhistas”, nota.
Destino final
Basilia e Lourdes enfrentaram oito dias dentro de um ônibus do Acre até São Paulo. Na capital paulista, buscaram emprego, ficaram um tempo em uma fábrica. As duas ainda dependiam do dinheiro enviado pela família de Santo Domingo. Conheceram então um haitiano que lhes falou sobre uma vaga de trabalho na colheita de maçãs em Santa Catarina. Sem pensar duas vezes, compraram passagem e partiram outra vez. Porém, o local – perto de Florianópolis – era muito diferente do que ele havia descrito. “Havia muitos haitianos, o alojamento era ruim, não tinha telefone, nem internet. Era como se tivessem jogado a gente num deserto e ia ficar lá”, lembra Basilia. À noite, no mesmo dia em que chegaram, acompanhadas de outros sete conterrâneos que chegaram com elas, saíram a pé da fazenda.
Logo, elas ficaram sabendo que precisavam de trabalhadores para a colheita de uva no interior de Lages e seguiram para lá. O local outra vez tinha problemas de alojamento e pagava muito pouco. Elas logo perceberam que depois dali não teriam muitas perspectivas de juntar algo além do que precisavam para sobreviver e saíram a caminhar outra vez. Sem dinheiro, tendo de economizar ao máximo para fazer o dinheiro vindo de casa render, a vida era “ir de abrigo em abrigo”. Nos dias em que não conseguiam vagas em albergues municipais de Lages, elas acabavam dormindo nas ruas mesmo, cuidando das malas e dos poucos pertences que carregavam. A rodoviária era um dos locais mais seguros para isso.
Por ali, elas ouviram falar que em Porto Alegre havia uma rede de assistência aos imigrantes e resolveram pedir uma última vez dinheiro dominicano. “Chegamos aqui e também foi pior. A sorte que encontramos esses lugares para as pessoas que não tem onde dormir. Mas às 5h da manhã nos acordavam e tínhamos de ir para a rua, ali esperamos até às 8h para ir à igreja onde estavam as malas”, lembra Lourdes. Com auxílio da igreja católica, elas logo arrumaram emprego em lanchonetes e restaurantes, como auxiliares de cozinha. Era quase época de Copa do Mundo na capital.
“À noite sempre ficávamos em casa, porque não tínhamos nada para fazer, nem para jantar. Só se comêssemos por lá [no serviço]”
Nos primeiros dias tentaram dividir, entre 4 mulheres, um quarto de pensão que custava 900 reais por noite. Depois arrumaram o porão de duas peças onde vivem até hoje, no bairro Vila Nova. Como o pagamento no emprego tinha de esperar até um dia 10, não tinham dinheiro nem para a comida. Os vizinhos começaram a ver a situação e passaram a doar coisas a elas. “À noite sempre ficávamos em casa, porque não tínhamos nada para fazer, nem para jantar. Só se comêssemos por lá [no serviço]”, conta Lourdes.Embora muitas mulheres que estejam chegando agora ao Brasil, tenham vindo encontrar os maridos que já conseguiram visto e alguma estabilidade, entre as dominicanas, são elas quem abrem os caminhos. “Todas estamos sozinhas. Os maridos ficam com as crianças”, conta Marta, mãe de três filhos, que vive com Basília e Lourdes. É comum que irmãs, filhas, sobrinhas, cunhadas, queiram encontrá-las na “nova vida” em busca de uma oportunidade. Foi o que aconteceu com a irmã de Basília em março passado. “Eu não queria ela passando pelo o que eu passei, por todo o trabalho que deu até chegar aqui. Mas ela decidiu e quis vir, está aqui agora”, diz Basilia. A irmã também deixou dois filhos gêmeos pequenos e, assim como ela, também se divide em dois empregos para juntar dinheiro e enviar para casa.
Futuro incerto
A alta do dólar tem afetado diretamente os imigrantes por aqui. “É muito pouco. Logo que chegamos era bom, mas agora está difícil. Há muitas pessoas desempregadas. Quando chegamos se podia escolher o emprego que quisesse, mas agora não tem”, diz Basília.
Todas elas têm plano de trazer os filhos para perto de si. Marta quer que a filha que estuda Medicina possa se especializar no Brasil. Basilia, que saiu do país quando a filha tinha um ano e meio e não sabia falar, quer poder conversar com ela ao vivo em breve. Mas na situação atual trazê-los seria “continuar na mesma”. Lourdes pensa em ir para a Argentina, onde já tem cunhadas trabalhando na região de Buenos Aires. “Se eu estivesse lá, talvez não teria passado por tanta coisa. Elas me dizem que lá está melhor, que eu teria tempo para descansar. Aqui não tenho tempo nem para sair, para nada, só trabalhar e dormir o pouco que resta”, diz ela. “E na hora de enviar o dinheiro, não é nada. Quando eu vou enviar, volto com depressão”, completa Marta.
Assim que se tornou maior de idade, Cátia Rouseau, de 19 anos, partiu de Porto Príncipe para encontrar o namorado que já vivia e trabalhava em Caxias do Sul. Agora, família – ela, o marido e o filho Tiago, de um ano – vive apenas com o salário do marido e teve de parar de enviar remessas aos parentes no Haiti por causa do preço do dólar. Mas, se está difícil aqui, por outro lado, lá também quase não há perspectivas. “Só rico tem trabalho”, conta. Segundo Cátia, o nepotismo e a corrupção tomaram conta das ofertas de emprego. “Se melhorar, vou ficar aqui. Quero dar vida melhor para meu filho”. O plano da jovem é conseguir o que não conseguiu em seu país: achar uma maneira de concluir os estudos e poder fazer uma faculdade.
A maior parte da imigração de mulheres sempre funciona como um “projeto familiar e afetivo”, segunda Gláucia Assis. Ela começou a pesquisar a questão de gênero no âmbito das imigrações através de casos de brasileiras da região de Governador Valadares, em Minas Gerais, que migravam para a Europa e Estados Unidos para enviar dinheiro às famílias no Brasil. Uma situação bem semelhante a das imigrantes “novos rostos” que estão agora por aqui. A diferença é que além de achar um país com moeda mais forte que a de sua terra, elas buscam também condições culturais que ajudem a romper barreiras que tinham antes.
Nova cultura, velhos modelos
Em outubro deste ano, o Alto Comissariado para Refugiados da ONU publicou o relatório “Women on the run” (Mulheres em fuga). Segundo o documento, enquanto o mundo acompanha a discussão sobre refugiados na Europa, outra crise está se desenrolando na América Central e quase ninguém vê. Milhares de mulheres de El Salvador, Guatemala, Honduras e partes do México estão se deslocando rumo ao norte fugindo da violência. O relatório traz depoimentos de 160 mulheres sobre “estupro, assédio, extorsão e ameaças de grupos armados” e chama atenção para a crescente violência de gênero na América Central.
No grupo de discussões que se reúne uma vez ao mês no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), em Caxias do Sul, as assistentes que trabalham com mulheres migrantes sempre tentam reforçar questões como a Lei Maria da Penha e as redes de assistência disponíveis a elas. “Quando a gente fala dos instrumentos de proteção para a mulher, elas não conhecem. A gente não sabe como é lá, mas talvez os mecanismos de proteção não sejam tão desenvolvidos em forma de lei, de uma patrulha, instituídos. Por ter isso no Brasil, não inibe os casos de violência, mas ajuda”, avalia Juliana Camelo, uma das trabalhadoras sociais do centro. “É muito delicado, principalmente porque toca na questão financeira. Muitas vezes a mulher depende financeiramente do companheiro.(…) Elas são extremamente fortes, batalhadoras, elas vêm e têm toda a questão da família. É uma carga emocional muito pesada”.
“As opressões que nós sofremos elas também sofrem. Por serem mulheres e um pouco mais por serem imigrantes”, diz Vanessa, outra atendente do local. Segundo ela, embora existam relatos conhecidos de violência doméstica entre imigrantes, os casos de assédio nem são relatados porque, como no Brasil, “muitas vezes já é ‘naturalizado’ para as mulheres”.
Desde que passou para a nova coordenação, em abril, a Casa Viva Rachel já recebeu três casos de mulheres haitianas vítimas de violência doméstica. O local só pode abrigar mulheres quando estas apresentam boletim de ocorrência policial comprovando a agressão. Apenas uma delas seguiu com o processo contra o agressor. Das outras duas, uma voltou ao Haiti por medo do ex-companheiro; a terceira descobriu que estava grávida depois de uma violação e resolveu perdoar o pai do bebê e de seus cinco filhos que ficaram no Haiti, descumprindo as medidas protetivas que tinha contra ele.
A procura de mulheres migrantes por atendimento na rede pública tem crescido este ano. “Há também situações em que elas não chegam a ser abrigadas, mas buscam informações. Na própria Coordenadoria da Mulher, muitas delas buscam informações, inclusive para busca de trabalho”, afirma Mara Parlow, responsável pela Casa Viva Rachel. Mesmo assim, ela conta que como casos da Lei Maria da Penha envolvem polícia, a maioria das mulheres desiste de seguir com processos contra agressores. “Tu fala a palavra ‘polícia’ já gera um temor. Quando elas veem que pode até gerar a perda do direito de permanência no país, ficam temorosas. Elas têm um temor muito grande diante da penalização dos agressores”.
“O grande desafio é fazer com essas mulheres que aqui estão busquem o atendimento quando necessitam”
A barreira cultural, especialmente religiosa, também tem se mostrado uma dificuldade para aproximar mulheres migrantes de serviços de assistência. No Fórum de Mobilidade Humana, realizado em 15 de outubro em Porto Alegre, a representante do Comirat (Comitê de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas) de Porto Alegre, Beatriz Morem da Costa, revelou que a capital ainda não possui números oficiais sobre imigrantes. Números que enfoquem a questão de gênero, então, são ainda mais difíceis de se estimar. Segundo Costa, mulheres são “raridade” nas redes públicas de atendimento. “O grande desafio é fazer com essas mulheres que aqui estão busquem o atendimento quando necessitam. Nossa ideia é fazer um programa junto à Secretaria Municipal de Saúde que possa abordar temas como controle de natalidade, HIV, atenção durante a gestação, se aproximar da população que chega”, revela.Para Gláucia Assis, é só através da aproximação entre a população migrante e políticas públicas que algo pode começar a mudar. “Através de campanha de informação geral sobre os direitos dos imigrantes, alerta sobre tráfico de pessoas, etc. São medidas de vários níveis, incluindo mudança no Estatuto do Estrangeiro, que o projeto atual altera de maneira significativa, mas mantém pontos polêmicos. Essas leis poderiam promover políticas de equidade de gênero”.
Enquanto isso, pese todo risco e adversidade, elas, as mulheres que se lançaram à migração, resistem. “Somos mulheres fortes. Não é todo mundo que vem a um lugar que não conhece nada, sem saber o que vai acontecer, quem vai encontrar. Passar fome, dormir na rua, aguentar todas as coisas que fazem”, sorri Lourdes, sentada no sofá de casa com as companheiras.
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