Ataques contra imigrantes se intensificam na Grécia
Por Agencia EFE
Atenas, 28 ago (EFE).- A Grécia anunciou que
intensificará os controles legais aos imigrantes por conta do aumento
dos ataques racistas perante a passividade das autoridades, que vem
recebendo duras críticas da Anistia Internacional e do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
A Polícia informou que estenderá a todas as cidades a
micro-operação Xenios Zeus, que recentemente, no centro de Atenas, foi
responsável pelo controle de quase 8.700 imigrantes e a detenção de
1.810 deles por carecer de documentos.
A operação policial levantou uma onda de críticas da oposição, assim como do Acnur e da AI.
'Embora a Grécia tenha o direito de controlar a
migração, não tem o direito de tratar as pessoas na rua como se fossem
delinquentes só pela cor de sua pele', reclamou a AI em comunicado.
Além disso, as agressões racistas aumentaram de modo
exponencial, culminando no assassinato de um jovem iraquiano na entrada
de uma mesquita clandestina em Atenas, no começo de agosto.
O aumento das agressões racistas provocou a reação do
Acnur, que fala de ataques sistemáticos e organizados, assim como da
total impunidade dos autores.
A Acnur lamenta que 'as agressões racistas brutais e os
crimes contra imigrantes e refugiados pela cor da pele, a religião ou o
país de procedência sejam diários. Os autores destes atos organizados
estão agindo desde março passado, em grupos, sem que as autoridades
tenham tomado medidas para impedir sua ação', destaca a Acnur.
'Não dá para saber números concretamente, porque as
vítimas têm medo de denunciar à Polícia. Os poucos que denunciam as
agressões são ameaçados pelos policiais, que muitas vezes sequer aceitam
a denúncia', declarou Yonus Mohamadi, presidente da comunidade dos
Refugiados Afegãos na Grécia.
Segundo relata o presidente da seção grega de Médicos do
Mundo, Nikitas Kanakis, 300 imigrantes vítimas de agressões racistas
foram atendidos por sua organização na primeira metade de 2012. Outros
200 receberam atendimento nos centros da ONG Praksis, que oferece ajuda
médica e paramédica a imigrantes, refugiados e outras pessoas excluídas,
segundo declarações recentes de seu presidente, Tzanetos Antypas.
Como consequência das agressões, as comunidades de imigrantes e refugiados estão aterrorizadas.
'Abro a nossa comunidade e tenho medo de ser agredido', admite Yonus Mohamadi, que já sofreu um ataque em 2010.
'Estava oferecendo um curso de grego a um grupo de
refugiados quando 15 pessoas entraram em nosso local, armados com paus, e
nos agrediram', lembra.
'Há dois anos, as agressões racistas eram esporádicas.
Nos últimos anos, a situação piorou', contou Mohamadi, de 39 anos, e que
vive há mais de uma década na Grécia após deixar seus estudos de
medicina em Cabul quando os talibãs chegaram ao poder.
'E o pior é que, desde as eleições, as agressões que até
então estavam limitadas só ao centro de Atenas, agora se expandiram a
outras cidades', explica.
As críticas de algumas ONGs também se dirigem à retórica
do Governo conservador grego, que utilizou alguns termos, como o de
'invasão', lembrando os termos utilizados por neonazistas contra os
estrangeiros.
'Desde a chegada dos dórios há 4.000 anos, não se viu no
país uma invasão de semelhante escala. É uma bomba nos alicerces da
sociedade e do Estado', assegurou o ministro do Interior, Nikos Dendias.
Mohamadi lamenta, além disso, os impedimentos
burocráticos que são impostos para solicitar o estatuto de refugiado, o
que motivou também duras críticas a Atenas por parte da União Europeia
(UE).
'Há gente entre os detidos que tem direito de pedir o
estatuto de refugiado, mas as autoridades não permitem que seus
advogados os visitem', lamenta. EFE
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